Quando Ela Acordar

Capítulo 03

-- Se não me queria por perto era só falar não precisa me queimar -- Me preocupo com o que ela falou, mas seu sorriso me faz relaxar e sorrir de volta.
-- Não foi proposital, eu não te vi aí -- ela assente com a cabeça.
-- Tudo bem, eu sei , vi  seus olhos fechados -- ela sorri novamente só que agora mais aberto, seus dentes são lindos.
--  Qual é o seu nome? -- tenho que saber o nome dela.
-- Elizabeth, mais as pessoas me chamam de Liz, qual é o seu? -- ela sorri mais uma vez , e as palavras se embolam na minha garganta eu fico vários segundos processando -- Tudo bem, se você não quer dizer -- ela ergue o corpo pra se levantar.
-- David,meu nome é David -- ela se vira e sorri de novo, embaralhando meus neurônios mais uma vez.
-- É um nome legal -- ela se senta mais uma vez -- David -- ela sibila e meu nome parece música  sua boca.
-- Sente vamos conversar -- chamo,mesmo ela já estando sentada , minha cabeça não está funcionando. Ela parece achar graça do convite mais se aproxima de mim.
--  Tudo bem então, sobre que você quer conversar? -- ela é graciosa.
-- Na verdade eu não sei, é só que eu estou sozinho, e não tenho nada pra fazer -- ela ergue as sobrancelhas finas.
-- Hum,então você só está falando comigo por que não tem nada pra fazer.
-- Não! Não é isso, eu não,  quer dizer -- sua risada me interrompe e eu solto uma risada nervosa e no fim nos rimos juntos.
Os assuntos fluem entre nós de  uma forma inexplicável,é  como se nos conhecêssemos a desde sempre , assuntos diversos, nossa conversa parece um roteiro de filme cuidadosamente escrito e programado.
-- Quantas horas são? -- Elizabeth pergunta , e eu pego meu celular no bolso para verificar.
-- 8:10 -- respondo simples.
-- O jogo já vai começar -- ela fala pensativa.
-- É, na verdade parece que vai atrasar -- penso comigo .
-- Bom, foi legal te conhecer, mas agora eu tenho que ir -- ela fala se levantando.
-- Como assim ? O jogo nem começou  -- protesto feito uma criança boba.
-- Sim, mas eu não vim pra ver o jogo -- ela sorri pra mim em despedida --Tchau Dave -- ela sorri mais uma vez, e me deixa sem palavras , um riso baixo escapa por seus lábios, em divertimento com o meu desconcerto.
Observo Elizabeth enquanto  ela caminha para fora da arquibancada, ela se vira quando chega ao fim e acena pra mim eu respondo com outro aceno e vejo ao longe seus dentes em mais um sorriso, ela dá um pulo e a partir daí , eu não a vejo mais.
(...)
-- Vamos cara -- ouço a voz de Marcos me chamar,nem percebi o tempo passar,  nem o jogo eu vi , mas pelo que está dando pra entender ,o nosso time ganhou , o time de torcida está comemorando junto com o mascote.
Nós descemos juntos e nos reunimos, logo começa uma discussão sobre quem iria comemorar,não estava com humor pra isso, na verdade , não estava com humor pra nada por isso eu fui pra casa mais cedo e sozinho, ninguém queria ir embora agora.
Chego em casa e entro pela porta da frente, está trancada o que significa que meu pai já  chegou, uso minha chave,vou direto para a cozinha , procuro algo pra comer e encontro um bolo que Carmen fez mais cedo , como tudo de uma vez, levanto da mesa e subo as escadas , vou para o corredor e ouço um som que eu reconheço, que na verdade eu conheço bem, é um choramingo baixo , eu sei quem é  e sei o porquê, meu pai nunca se recuperou da perda e nem nunca vai ,mas eu não sou assim, eu estou bem e vou ficar assim.
Me jogo na cama e tiro ali mesmo meus tênis e camisa,reviro um pouco e logo decido tirar também a bermuda , quando já estou confortável me viro olhando pro teto e pela primeira vez desde que  cheguei me deixei repensar meu dia, que foi uma bagunça desde o início, minha mente passa pela conversa que tive com Elizabeth, uma menina incrível, eu não entendo como ela pôde me cativar , assim eu já reconheço que ela é diferente de todas as garotas que eu já conheci, não só pela aparência, mais também pelo jeito de ser seu modo de andar, e forma como ela falou meu nome "Dave" a palavra se repete  em minha cabeça com sua voz doce ao fundo.
E só agora pensando que me dei conta de que eu falei com ela nada do que pretendia, não fiz nenhuma das perguntas que desejava, mas amanhã eu vou vê - la novamente e então terei todas as minhas perguntas respondidas.
-- Liz -- murmuro antes de deixar meus olhos se fecharem.