Capítulo 7

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A fila finalmente tinha diminuído. Desci as escadas do andar de cima e caminhei para a "Coordenação de Educação Física e Desporto". Ainda tinha umas quadro pessoas na fila. Elas não conversavam, nem se interagiam de qualquer forma, deduzi que eles também eram novatos ou no mínimo eram tão anti social como eu. Na fila tinha uma menina que reconhecia seu rosto, ela estudava na mesma sala que eu, ela estava na minha frente. Ela usava um casaco de lã azul com com estrelas pretas. Na semana passada ela tinha vindo com ele e hoje também. Ela devia amar muito aquele casaco. A temperatura estava mais confortável, segundo um aplicativo de tempo no meu celular, a temperatura era de 26.° Graus. Mas mesmo assim eu não usaria um casaco daquele. Ela usava aparelhos, tinha cabelos castanhos e tinha olhos médios e bonitos. Decidi falar com ela.

—Oi.

Ela não me respondeu. Em vez disso ela entrou no escritório para escolher seu esporte. Ela nem olhou pra mim! Aquilo foi uma droga, "será que ela também é surda?", pensava eu lá fora. Se ela realmente fosse surda, com certeza teria parecido muito idiota da minha parte. Minutos depois ela saiu da sala. Seu cabelo castanho meio ondulado cobria seus ouvidos, mas pude ver fios que vinham de seus ouvidos ate seu celular. Só havia duas coisas a pensar, ou aquilo era algum tipo de aparelho auditivo ou aquilo era um fone de ouvido. Ela talvez pode não ter me ouvido falar com ela. Isso era altamente compreensível, já que eu não tinha falado tão alto, nem a toquei para que ela percebesse minha presença. Ela passou por mim e me deu um sorriso. Aquilo com certeza era um fone de ouvido.

Era minha vez de entrar na sala. Abri a porta e entrei. Tinha uma mesa branca redonda do centro da sala. Havia também cerca de cinco ou seis professores ao redor da mesa. Tinha um cara que sentado parecia ser maior que todos em pé, ele era o professor de Basquete. Havia um outro bem forte fisicamente, era o professor de Jiu-jitsu.

—Que esporte você quer fazer?— perguntou o cara alto.

— É... Jiu-jitsu— respondi.

—Pense nuns cabas pra gostarem de se agarrar com homens— diz o o cara alto.

—Eles aprendem a lutar, não a pular pra acertarem os buracos um dos outros— disse o professor de Jiu-jitsu. Eles começaram a rir, deviam ser muito amigos para fazerem piadas com as disciplinas uns dos outros.

Logo depois o professor de Basquete pediu para eu assinar meu nome na lista de Jiu-jitsu. Assinei meu nome, os agradeci, abri a porta e sai. Já eram 14:13 da tarde. Desci a pequena passarela e pensei no momento em que Lara desceu aquela mesma passarela enquanto eu estava lá no primeiro andar olhando-a. Olhei para o primeiro andar onde eu estava. E Lara e outra menina está lá. Elas conversavam na linguagem dela. Óbvio. Se algum dia eu quisesse falar com ela, precisarei aprender aquela linguagem. Ela estava rindo de algo. Mas nem o som do seu sorriso podia ser ouvido. Eu não entendia, ela era apenas surda, mas não falava? Eu precisei pesquisar muito para entender mais sobre aquilo. Ela olhou para mim e deu um sorriso igual ao de manhã. Um sorriso simples, bonitos e sem mostrar os dentes. Na noite anterior eu tinha notado que ela ela também usava aparelho, a cor de seu aparelho era laranja e parecia uma liga. Era simples, mas chamava atenção. Dei um sorriso parecido. Meu cabelo cobria uma pequena parte de meus olhos. Até eu entrar na parte das salas eu a encarei. E ela também.

Passei ao lado da escada. Segurei firme nas barras de apoio da escada e senti um vontade enorme de subir lá e tentar falar com ela. Mas se eu quase não conseguia falar para meus pais sobre um sonho estranho que tive, imagina se ia conseguir falar com ela sobre qualquer outra coisa. Soltei o ferro e desisti de falar com ela. Caminhei em direção a Vivência. A Vivência era um lugar muito espaçoso e não importava a hora, ela sempre estava cheio de pessoas. Lá tinha uma lanchonete onde se vendia várias coisas, de almoço a lanches. Lembrei que naquele dia eu só tinha comido duas maçãs e uma banana. Eu não parecia estar com fome. Mas bastou eu ter olhado para as comidas naquela lanchonete que ouvi meu estômago gritar de fome. O lugar era pequeno e tinha apenas três pessoas para atenderem todas aquelas doze pessoas que tinha ali fazendo seus pedidos. Entrei no meio daquelas pessoas para fazer meu pedido. Pedi alguns salgados. Diminuiu minha fome, mas não acabara com ela. Depois de esperar metade das pessoas serem atendidas, finalmente fui atendido.

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