Não entendi muito bem o que vim fazer aqui, nem por que essa garota está cercada por seguranças. Mas sei que não gosto como o menino que parece ter minha idade fica me encarando.
Tento não o olhar, mas ele não para de ME olhar de maneira assustadora. Esfrego as mãos uma na outra, e fico as encarando.
Sim, um garoto de 14 anos está nervoso perto de uma criança de quanto anos? 10? Tanto faz! Ela Está brincando com essas Barbies sem nem olhar para mim.
- Mick! - ela fala, do nada. - Brinca comigo! - ela o olha e faz um biquinho.
- Brinque com seu novo amigo. - ele aponta pra mim. Ahhh, a morte! Eu sinto se aproximar...
- Deixe de ser chato! - ela joga a boneca nele e acerta no meio da testa dele, para minha surpresa.
- Ahhh! Sua... - quando ele levanta a mão para ela, Emily segura seu pulso e o joga no chão.
- Havia esquecido o quão é chato brincar com você. - ela volta para sua brincadeira original.
- V-você está bem? - pergunto ao tal Michael, que se levanta com dificuldade.
- Estou. Ela sempre faz isso! - ele a olha com raiva, mas depois sua expressão se suaviza.
- Você me adora, Mick! - ela pula em seu pescoço.
Pelo conto do olho, vejo alguns guardas se mexerem, como se estivessem desconfortáveis com a atitude da criança.
- Se me permite, quantos anos tem? - ela me olha.
-Onze! E você?
- Quatorze... - seus olhos brilham.
- Igual ao Mick!
- Na verdade eu vou fazer quinze. - diz, emburrado.
- Ahhh. Mas é só um ano!
- Será que poderiam me falar por que eu estou aqui? - Emily se virou para mim, enquanto mexia em uma mecha de seu cabelo ruivo.
- Porque eu quis. - de primeira isso me choca, mas depois me assusta. - Pedi ao Papa para você vir pra cá com seu pai, quem estava implorando para ver meu Papa.
- Por que meu pai iria querer ver o seu?
- Uou! Você não sabe nada mesmo em! - Michael se joga na cadeira e estica os pés na mesa.
- Não, não sei! Sinto muito se sou tão burro assim! Só que aparentemente, ninguém me fala nada!
- Calma ai! - ele ajeita a postura.
- Ai, homens! - Emily balança a mão, como se ja estivesse farta da nossa conversa. - Eu apenas achei que fosse ser divertido te ter como companhia, mas não é. - ela me olha, e pela primeira vez não sinto medo, porque já faço ideia do que ela vai falar. - Acho que quando os pais batem na criança isso acaba tirando o senso de humor delas.
Ai estão. As palavras proibidas, a afirmação do meu sofrimento diário.
Bato na mesa e me levanto. Sei que é infantil, mas pego suas bonecas e as jogo no chão, depois a levanto pela gola da camisa.
- Não se atreva! Você pode ser alguém pra eles, mas pra mim é apenas uma garotinha metida! - ela sorri, como se eu estivesse fazendo cócegas nela.
- Você é engraçado! Acho que vamos ser bons amigos! - não posso evitar e começo a rir.
- Espero que esteja certa.
•••
15 anos... Hoje é o aniversário da Katherine de 15 anos e eu estou em um carro, pronto pra levar alguns tiros.
- Ei! Você ta bem? - Emily me da um empurrão.
- Sim, só... pensando. - eu mal me lembro de seu sorriso, a única coisa que me ajuda a lembrar dela é esse amuleto, e a criança, irmã dela.
- Mulheres? - Mick indaga, com um sorriso malicioso.
- Deixa de ser idiota! - Em aponta sua arma para a cabeça dele. - Estou me segurando pra não estourar seus miolos.
- Calma ai, bonitinha. - eles começam a se estapear.
- Qual a idade mental de vocês?
- CHEGAMOS! - o motorista grita, antes que eles possam responder.
Saímos correndo do carro até a casa, localizada no meio do nada. Nos encostamos na paredes, trocamos alguns sinais e entramos na casa, tomando cuidado com armadilhas e seguranças.
- Limp... - um dos caras que estavam com a gente não conseguiu terminar suas ultimas palavras, antes que a bala atravessasse sua cabeça, entre seus olhos.
Corro para me esconder, Em está logo atrás de mim. Dois tiros, dois homens caem, Michael se levanta todo orgulhoso dos tiros.
Subo para o segundo andar, enquanto os dois ficam em baixo. Confesso estar morrendo de medo, só tenho 16 anos, não deveria me preocupar se quando pisar no chão uma bomba pode ser ativada, ou eu posso levar 3 tiros na cabeça se não morrer tentado completar essa missão.
Abro o mantido cofre e pego a maleta preta, igual a foto que me deram. Não, eu não faço a menor ideia do que tem dentro, mas não posso questionar meu pai, ou o de Emily.
Escuto um tiro, me viro e dou de cara com um homem mascarado, mas que logo cai de cara no chão.
- Sentiu minha falta? - Emily sorri. Seu sorriso é o mesmo de sempre, o mesmo daquela menininha que eu conheci dois anos atrás.
- Sempre.
- Vamos? - ela desce as escadas correndo e eu vou logo atras dela.
Quando estou nos últimos degraus, sinto uma do aguda na coxa e caio de joelhos no chão.
-AHHHHHH! - grito de dor.
- Luke! - Em grita, quando percebe que eu estou ficando para trás. Mas o carro não parece notar.
- Temos que ir ou a missão será....
- NÃO SEM O LUKE! - ela gritou.
Me forcei a levantar e começar a andar. Ouvia passos atras de mim, mas não olhei para trás, apenas continuei andando.
- Luke! - Michael gritou, esticando a mão para fora do carro, que começou a andar.
- Mick!! - tento me aproximar, mas fica cada vez mais difícil andar.
- LUKE!!!!! - Dessa vez o grito não foi nem de Em, nem de Mick.
- Kath? - meu corpo trava e logo depois sinto uma dor maior que a da coxa se apoderar do meu corpo. Logo depois tudo fica escuro.
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Bitter
Teen FictionForam os piores 5 anos da minha vida. Fiquei longe da pessoa que eu amo. e fiquei preso com cães raivosos e sem cérebro. Trabalho ganhou um novo significado e a vida perdeu o seu. Dizem que depois da tempestade vem o sol, mas nesse caso, a tempestad...