Capítulo 5

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Meu pai entra no quarto onde estou, minha mãe entra 3 segundos depois. Mal consigo ver seu rosto de tão encolhida que está. Os olhos de meu pai encaram o médico que checa meu pulso. 

- Como ele está? - pergunta, de maneira grosseira.

- Bem, quer disser, pelo tempo que ele está nesse lugar, seu corpo deveria ter se desgastado mais... 

- Tive o cuidado de chamar apenas os melhores médicos para meu bebê. - minha mãe diz, com leveza e carinho. Nunca a ouvi falar assim, pelo menos não de mim.

- Sim, vejo como são pais carinhosos! - o médico sorri para minha mãe, com os olhos brilhando. 

Ela sempre foi linda. Cabelos loiros e pele clara, olhos castanho mel com um verde perto da pupila. Se olhar com atenção, você vê uma mancha azul no olho esquerdo.

Meu pai bate na parede, e se vira para ela.

- Querida, é melhor irmos. Temos que ligar para Katherine e avisar que está tudo bem... - ele me olha pelo canto do olho, como se esperasse minha reação.

- Kath? Ela sabe o que aconteceu? Como ela reagiu? - para mim tudo desapareceu, a única coisa que importa, que sempre importou na verdade, é Kath.

- Oh meu filho! - minha mãe cobre a boca com as mãos e abaixa a cabeça. Meu pai a segura para que não caia no chão.

- Ela está preocupada, mas nunca conseguimos falar com ela. O reformatório é muito rígido. 

- M-mas...

- Depois discutimos isso, Luciel! - ele eleva o tom de voz.

- Meu nome é Luke... - bufo.

- Se recupere antes, não vou argumentar com você agora... 

Minha mãe abre a porta de maneira delicada, sem fazer barulho nenhum. Meu pai sai pisando forte, como se quisesse fazer buracos no chão. 

- Adeus, meu querido...

- Mãe. - ela se vira graciosamente. Antes de me olhar, seus olhos percorrem o médico, que se levanta para ir embora. 

- Sim?

- Sabe como é, não? - vejo seu corpo travar e ela ajeita a postura.

- O que quer dizer? 

- Nada... - ela fica me encarando por um tempo e depois se vira para seguir meu pai. 

- Tchau, doutor.

- Adeus, senhorita! - diz sorrindo. 

É engraçado como algumas pessoas se deixam enganar pelas aparências. 

- Meu jovem, é melhor descansar. Amanhã estarei de volta. - ele alcança a porta.

- Lhe garanto que ainda estarei aqui. - pisco. O jovem médico sai rindo. 

Fico sozinho. Tento me lembrar de alguma coisa, mas nada acontece. É como se os últimos anos tivessem passado em branco. Me sinto indefeso, como se faltasse alguém. Mas não é Kath. 

O que aconteceu?

                                                                                         ••

Não aguento mais, sei que foi ideia minha, mas não da! Essas pessoas não tem amor, e quando acho que finalmente estou aprendendo a lidar com meus problemas, alguma pessoa idiota tem a brilhante ideia de me provocar. Resultado: eu recebendo um punição e mais um aluno esperando para ter o nariz enfaixado.

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