Capítulo 03

2.9K 218 69
                                    


Elora sentiu sua consciência voltando aos poucos. Seu corpo estava relaxado, enrolado nos macios cobertores da cama mais confortável que já dormira. Não precisou abrir os olhos para lembrar-se de onde estava, o cheiro característico de hortelã fresco e jasmim já fazia isso. Virou para o outro lado, enterrando o rosto no travesseiro e tentando voltar ao sono pesado. Sentia-se renovada, o nó em seu estômago sumira e seu coração estava mais leve. Abriu os olhos, encarando a leve escuridão através da janela. O efeito do chá não deve ter durado muito. Elora estava levantando da cama quando Emel entrou no quarto. A elfa a olhou aliviada.

- Graças aos Deuses. - Emel fechou os olhos levando as mãos fechadas ao peito, parecia fazer uma prece. - Fique aqui, vou chamar a senhora Tauriel enquanto lhe preparo uma refeição reforçada.

Elora assustou-se. O que havia acontecido?

Ia perguntar, mas Emel já havia corrido porta a fora. A menina tentou levantar-se, mas sentiu uma forte dor de cabeça e sentou-se novamente. Viu o quarto rodar e fechou os olhos fortemente, tentando fazer a sensação passar. Quando abriu-os novamente alguns minutos depois Emel já entrava no quarto acompanhada de Tauriel, que parecia ainda mais aliviada. A chefe da guarda virou-se para a outra elfa, falando rispidamente em élfico. Emel saiu apressada e Tauriel aproximou-se de Elora, examinando-a.

- O que está acontecendo? - Elora perguntou. - Vocês estão estranhas.

- Sente-se bem? Algum enjoo ou fraqueza?- Tauriel indagou, ignorando sua pergunta.

- Senti um pouco de tontura quando levantei e uma leve dor de cabeça. - Elora não quis preocupá-la. Tauriel respirou fundo. - Provavelmente porque não devo ter dormido o suficiente. Acho que o chá não teve muito efeito em mim.

- Elora, você dormiu por três dias! - Tauriel quase gritou. - Um humano normal teria morrido com a quantidade de papoula que Emel colocou no chá. Graças aos Deuses que você tem sangue élfico correndo nas veias e só dormiu alguns dias a mais do que o esperado.

- Três dias? - Elora aturdiu-se. - Como é possível? Parece que adormeci à pouco.

- Preciso que me conte exatamente o que está sentindo, temo que possa haver algum efeito colateral.

- Só senti a tontura e dor de cabeça.

- Menos mal, - Tauriel sentou-se na poltrona que estava próxima à cama - você ficou sem comer e sem se hidratar. Amanhã já deve estar com a saúde plena outra vez.

Elora aliviou-se, mas logo sua mente vagou para Emel.

- Emel está em apuros? Eu tenho certeza que ela não fez por mal. - Elora apressou-se em defende-la. - Eu posso falar com o rei, dizer que...

- O rei ainda não sabe do ocorrido. - Tauriel ficou desconfortável.

Thranduil era seu rei e não deveria dar mais motivos para ele bani-la novamente, estava se arriscando ao mantê-lo no escuro mas sabia que era melhor esperar até a situação estar controlada para leva-la aos seus ouvidos.

- Resolvi esperar mais um dia até dar a mensagem. - a elfa continuou - Esperar você acordar para relatar o problema já solucionado.

- Então nem conte! Eu estou bem, mesmo.

- Elora, o rei precisa saber. Não posso mentir para ele.

- Tauriel, por favor. Emel terá grandes problemas, Elrond me contou como o rei é. - Elora suplicava com o olhar.

- Tudo bem, - Tauriel recostou-se na poltrona, desistindo de argumentar - Nunca fui um modelo de obediência mesmo.

As duas silenciaram-se quando Emel entrou no aposento. Ela carregava uma bandeja prata reluzente coberta de frutas e o que parecia ser um mingau. A elfa deixou a bandeja na mesa de cabeceira e encarou Elora com os olhos tristes.

MelinyelOnde histórias criam vida. Descubra agora