Elora sentiu sua consciência voltando aos poucos. Seu corpo estava relaxado, enrolado nos macios cobertores da cama mais confortável que já dormira. Não precisou abrir os olhos para lembrar-se de onde estava, o cheiro característico de hortelã fresco e jasmim já fazia isso. Virou para o outro lado, enterrando o rosto no travesseiro e tentando voltar ao sono pesado. Sentia-se renovada, o nó em seu estômago sumira e seu coração estava mais leve. Abriu os olhos, encarando a leve escuridão através da janela. O efeito do chá não deve ter durado muito. Elora estava levantando da cama quando Emel entrou no quarto. A elfa a olhou aliviada.
- Graças aos Deuses. - Emel fechou os olhos levando as mãos fechadas ao peito, parecia fazer uma prece. - Fique aqui, vou chamar a senhora Tauriel enquanto lhe preparo uma refeição reforçada.
Elora assustou-se. O que havia acontecido?
Ia perguntar, mas Emel já havia corrido porta a fora. A menina tentou levantar-se, mas sentiu uma forte dor de cabeça e sentou-se novamente. Viu o quarto rodar e fechou os olhos fortemente, tentando fazer a sensação passar. Quando abriu-os novamente alguns minutos depois Emel já entrava no quarto acompanhada de Tauriel, que parecia ainda mais aliviada. A chefe da guarda virou-se para a outra elfa, falando rispidamente em élfico. Emel saiu apressada e Tauriel aproximou-se de Elora, examinando-a.
- O que está acontecendo? - Elora perguntou. - Vocês estão estranhas.
- Sente-se bem? Algum enjoo ou fraqueza?- Tauriel indagou, ignorando sua pergunta.
- Senti um pouco de tontura quando levantei e uma leve dor de cabeça. - Elora não quis preocupá-la. Tauriel respirou fundo. - Provavelmente porque não devo ter dormido o suficiente. Acho que o chá não teve muito efeito em mim.
- Elora, você dormiu por três dias! - Tauriel quase gritou. - Um humano normal teria morrido com a quantidade de papoula que Emel colocou no chá. Graças aos Deuses que você tem sangue élfico correndo nas veias e só dormiu alguns dias a mais do que o esperado.
- Três dias? - Elora aturdiu-se. - Como é possível? Parece que adormeci à pouco.
- Preciso que me conte exatamente o que está sentindo, temo que possa haver algum efeito colateral.
- Só senti a tontura e dor de cabeça.
- Menos mal, - Tauriel sentou-se na poltrona que estava próxima à cama - você ficou sem comer e sem se hidratar. Amanhã já deve estar com a saúde plena outra vez.
Elora aliviou-se, mas logo sua mente vagou para Emel.
- Emel está em apuros? Eu tenho certeza que ela não fez por mal. - Elora apressou-se em defende-la. - Eu posso falar com o rei, dizer que...
- O rei ainda não sabe do ocorrido. - Tauriel ficou desconfortável.
Thranduil era seu rei e não deveria dar mais motivos para ele bani-la novamente, estava se arriscando ao mantê-lo no escuro mas sabia que era melhor esperar até a situação estar controlada para leva-la aos seus ouvidos.
- Resolvi esperar mais um dia até dar a mensagem. - a elfa continuou - Esperar você acordar para relatar o problema já solucionado.
- Então nem conte! Eu estou bem, mesmo.
- Elora, o rei precisa saber. Não posso mentir para ele.
- Tauriel, por favor. Emel terá grandes problemas, Elrond me contou como o rei é. - Elora suplicava com o olhar.
- Tudo bem, - Tauriel recostou-se na poltrona, desistindo de argumentar - Nunca fui um modelo de obediência mesmo.
As duas silenciaram-se quando Emel entrou no aposento. Ela carregava uma bandeja prata reluzente coberta de frutas e o que parecia ser um mingau. A elfa deixou a bandeja na mesa de cabeceira e encarou Elora com os olhos tristes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Melinyel
RomansElora não pediu a bênção dos Valar, poderes ou um grande destino, nem que seu nome fosse lembrado. Mas foi o que aconteceu. (Thranduil x OC)