Capítulo 11

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O fim da semana chegou rapidamente para todos que estavam envolvidos com os preparativos da festividade.

Elora logo percebeu que elfos encaravam as comemorações com uma seriedade impressionante. Tudo fora medido, organizado, checado e revisto pelo menos duas vezes até a véspera da festa. Lindir e Emel provaram-se uma dupla com sintonia inigualável, passaram a maior parte dos dias andando juntos para todos os lados supervisionando o trabalho em andamento. O que um começava o outro completava. Elora percebia a aura que surgia em volta dos dois quando os via passar ao longe, fechados em sua conversa e alheios ao resto do mundo.

Estava nos estábulos, selando Randír quando os gêmeos apareceram. Naquela noite, fariam a comemoração de seu próprio jeito. Estel e Légolas iriam depois para não levantarem muitas suspeitas. Os três e suas montarias saíram discretamente, subindo a pequena colina até a parte escondida do bosque aonde descobriram o local perfeito para admirar tanto o céu estrelado, quanto a aldeia abaixo do penhasco.

Durante horas riram, conversaram e dançaram com a alegre música que vinha da aldeia. Divertiam-se tanto que perderam a noção do tempo, até Légolas que nunca parecia relaxar por completo estava entregue ao ar leve e despreocupado do momento. Foi somente quando a primeira claridade do dia aparecia no horizonte que o grupo percebera o quanto haviam se atrasado para voltar.

Recolheram as coisas depressa e postaram-se silenciosamente de volta para Rivendell. Légolas seguiu na direção contrária ao resto do grupo. Estel ficou encarregado de levar os cavalos de volta aos estábulos, enquanto Elora e os gêmeos verificavam se havia alguém pelo caminho dos quartos. Quando os três aproximavam-se da vivenda de Elora, uma silhueta apareceu em varanda saindo do escuro.

Elrond estava com a testa e os lábios franzidos, sua raiva era evidente. Os gêmeos deram um passo a frente, com seus movimentos perfeitamente sincronizados, fazendo menção de explicarem-se; mas Elrond levantou a mão, silenciando-os.

- Falarei com vocês em outra hora. - Elrond falou, dispensando os filhos.

A menina cruzou o olhar com os dois antes de começar a andar para seu quarto. Elrond caminhou lentamente até a sacada da varanda com as mãos cruzadas nas costas.

- Tem ideia do que poderia ter acontecido? - Ele falou calmamente.

- Sinto muito, tio. Mas estávamos juntos, não havia ameaça alguma. E se houvesse a teríamos eliminado.

Elrond suspirou.

- Sei que você acha que sim, mas não subestime seus oponentes. Elfos muito mais experientes em combate que você já sucumbiram nas mãos de orcs.

- Se eu corresse perigo os gêmeos teriam me ajudado. - Não queria citar Estel ou Légolas, não tinha certeza se Elrond já sabia do envolvimento deles.

- Não deve entrar em uma luta esperando ajuda. Sei que meus filhos a defenderiam com suas vidas, mas antes você precisa aprender a defender-se sozinha.

- Estou evoluindo em meu treinamento. E se me deixasse participar das rondas ou dos grupos de busca eu certamente teria mais experiência.

O elfo virou para ela, seus olhos estavam cansados.

- Não posso deixar que corra este risco. Não deixará a cidade novamente até que eu julgue que esteja preparada.

Elora olhou-o em choque.

- E quando isso será? Daqui a mil anos? - Ela aproximou-se. - Não pode me prender aqui enquanto o mundo é consumido por Sauron.

- Minha prioridade é sua segurança. Tem ainda muito que aprender antes de participar de fato desta guerra.

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