Capítulo 5

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Estávamos ali os dois, prestes a nos unirmos num beijo intenso. Era capaz de sentir os seus lábios a suplicarem pelos meus, sabia que isto não é propriamente correto mas que se dane, eu nao estou nem aí. Quando o beijo estava prestes a acontecer, foi como se eu tivesse levado um choque e uma estranha visão apareceu na minha cabeça, uma pequena repetição do sonho que tinha acabado de sonhar... estranho? Muito. Se estou assustada? Imenso!
Desviei a cara, deixando Enzo a olhar para mim confuso. Sim meu caro amigo, podes continuar assim, tentando perceber-me o tempo que quiseres... eu ja faço o mesmo à
18 anos e ainda nada. Olhei-o e só fui capaz de dizer um simples "desculpa", levantei-me do banco de jardim bruscamente e andei apressadamente, não queria que ela viesse perguntar-me o que se estava a passar comigo, porque para ser completamente honesta, nem eu mesma sei responder a essa exata questão neste preciso momento...
Olho para trás num gesto de completo desespero. Os tais "flashes" que apareciam na minha cabeça estavam cada vez piores, agora até chamavam o meu nome... eu nao aguento mais isto, preciso de fumar. E assim foi, acendi mais um cigarro na esperança de aproximar a minha morte e acabar com todo este sofrimento de uma só vez.
13.25 pm
Estava a andar a horas e não tinha bem a certeza onde me encontrava. Passo por um posto de fast-food e com o pouco dinheiro que trazia comigo decidi comprar algo, visto que hoje nao chegaria tão cedo ao meu apartamento. Mal entro no estabelecimento deparo-me com a notícia de última hora que passava na televisão.

" Jovem de 20 anos falece após explosão em apartamento no centro de Londres."

O meu dia poderia ficar ainda mais estranho? Tudo estava a interligar-se, o meu sonho, as imagens que a pareciam na minha cabeça, as notícias... De repente tudo em minha volta era um grande borrão de cores fortes e padrões. As minhas pernas cada vez mais fracas e já não tinha força para conseguir manter-me sobre os meus pés fazendo com que eu caísse desmaiada no azulejo duro e frio do restaurante.

Estou a sonhar, estou morta ou o que se está a passar? Levanto-me do chão e vejo várias pessoas á volta do meu corpo.. sim, eu estou em pé a olhar para o meu próprio corpo, mais um dia super normal na Olivialand... Sinto-me tão impotente. Por mais que grite, que peça por ajuda, que faça de tudo, ninguém me vê ou ouve, ninguém percebe que eu estou ali a implorar por um minuto de atenção, nada mais...

Sentei-me junto a mim. Observo os meus longos cabelos caídos, as caras de aflição que me rodeavam, as pingas de suor a descer pela cara da paramédica numa tentativa falhada de me acordar daquele estado. Nada parecia resultar, ninguém aparentava ter notado pela presença de uma alma (ou seja lá o que eu era naquele momento) no local onde tudo tinha acontecido. Já deviam ter passado 15 minutos e a ambulância tinha chegado para me transportar até ao hospital, até que vejo o Enzo a aproximar-se da porta a correr. Conseguia notar na sua cara muita preocupação e talvez um pouco de desespero. Quando me transportavam para a ambulância foi ele que quis ir comigo... ele estava a mostrar-se uma pessoa realmente muito diferente do que aparentava ser, afinal este rapaz tem sentimentos e não pensa só no seu próprio umbigo. E lá fomos nós, aproveitei quando o Enzo entrou dentro da ambulância para entrar também. Observei-o a olhar-me atentamente enquanto segurava a minha mão completamente desesperado... Ele estava mesmo querido, apetecia-me ir lá enche-lo de beijos e agradecer por estar ali comigo naquele momento, ele basicamente mal me conhecia apesar de tudo, podia simplesmente ir ver-me ao hospital quando já lá estivesse, mas não, largou tudo o que estava a fazer mesmo que fosse importante e veio a correr apoiar-me...

-Liv, não me podes deixar... não agora! Tu és forte, a rapariga mais forte que eu alguma vez conheci e agora que me apercebi o quão fantástica tu és não me podes abandonar... por favor, fica comigo, isto não pode ser o fim...- dito isto, se curvou sobre a minha mão, deixando um leve beijo enquanto várias lágrimas deslizam pela sua cara, acabando por molhar todo o colarinho do seu polo. 

Foi uma longa viagem até ao hospital mais próximo. O Enzo não tirou os olhos de mim nem eu dele, mas há uma pequena diferença: eu sei que ele se preocupa muito comigo, mas ele não faz a menor ideia de como eu me estava a sentir gratulada.

Levaram o meu corpo para uma sala á parte para me examinarem melhor. Como era de prever, Enzo ficou na sala de espera, numa completa pilha de nervos. Sentei-me junto a si, deito a minha cabeça no seu ombro e desabafei:

-Obrigada... sei que nao me consegues ouvir, mas obrigada por tudo...

 sei que nao me consegues ouvir, mas obrigada por tudo

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