Amores em Guerra

3- 1775

Desde o momento em que seu irmão lhe dera a notícia que iria participar da guerra, Victória não teve dúvida de que ele partiria, sua família era conhecida pela teimosia, e tendo essa como sua principal característica, nao seria Erick que iria contraria-lá.

Victória aproveitou ao máximo a companhia de seu irmão, relembraram momentos que passaram juntos, e compartilharam mais brincadeiras do que ela se lembrava. Muitas vezes antes de dormir, ria sozinha ao se lembrar do que passara durante o seu dia, e logo depois estava a chorar, sabendo que a cada dia que passava, a partida de seu irmão estava mais próxima.

Eles foram mais vezes ao lago, e em muitas delas estavam acompanhados de Anelise. Victória também percebeu que seu irmão estava mais próximo de Anelise, e muitas vezes, quando deixava a amiga sozinha por algum tempo, ao voltar, pegava a amiga suspirando e sorrindo sozinha.

Desde que recebera a notícia da guerra Erick não continha sua ansiedade, sentia que seu dever era fazer a diferença, sentia que se não participasse da guerra não estaria completo, e isso em pouco tempo se tornou seu maior sonho.

Depois da discussão que teve na mesa de jantar com seu pai, ele percebeu que o clima de sua casa mudara, percebeu que Victória passava todo o tempo possível junto com ele, Lucy ficava na cozinha fazendo suas comidas preferidas, sua mãe todas as noites lhe dava um beijo na testa pensando que ele estava dormindo, seu pai fingia que tal assunto não existia e sempre levava o filho junto com ele para a vila. Todos mudaram seus hábitos, então Erick mudou os seus também: ele passou a observar mais as pessoas a sua volta, e viu que a única coisa que impedia a aceitação de seu pai era o medo, viu também que sua irmã acordava todos os dias com olhos inchados, e sua mãe acordava com os olhos carregados de olheiras de preocupação. Erick também passou a analisar mais Anelise, e muitas vezes ao se virar percebia que ela o fitava, mas disfarçava quando ela o olhava. Apesar dos pesares nada tirava a ansiedade de seu peito.

Na metade do ano de 1774 Erick percebeu que o que sentia por Anelise não era apenas admiração ou apreço, e muito menos amizade. Anelise era uma moça muito bela, no auge de seus 17 anos, seus cabelos eram longos e loiros, as pontas eram mais claras que a raiz, seus olhos eram castanhos e seu rosto tinha um formato oval. Anelise era uma moça de sorriso fácil, encantadora, e Erick não deixaria que outro a não ser ele fosse seu marido, ele mesmo ja tinha uma boa idade para se casar, porém sua noiva teria que esperar. Erick sabia que Anelise costumava visitar sua irmã todas as segundas e quartas, sendo que sua irmã a vistava nas sextas e algumas vezes aos sábados.
Era uma segunda-feira quando Anelise chegou a cavalo na fazenda, Erick havia ficado a manhã inteira esperando por ela, e assim que avistou seu cavalo chegando, correu para ajuda-la a prender sua montaria no pequeno estábulo de seu pai. Assim que prenderam Rain, a égua de Anelise, ele segurou em uma de suas mãos e correu, puxando-a para um local um pouco mais afastado da fazenda. Eles estavam no pasto, sentaram-se aos pés de uma árvore cuja sombra era imensa, era primavera e o campo estava verde e bonito. Anelise estava com o rosto um pouco avermelhado por conta da corrida, sua respiração estava acelerada, e ela estava mais pálida do que o normal.

-Erick o que está acontencendo ? O que estamos fazendo aqui ? Olha se seus pais estiverem descoberto algo sobre o vidro da janela da cozinha que você quebrou eu juro que não fui eu que falei...- ela foi interrompida por uma gargalhada do rapaz.

-Calma Ane, nao foi nada disso... Como você sabe que foi eu ?

- Vamos fingir que eu tenho poderes e leio mentes. - ele riu.

- Certo, e eu irei fingir que sei que não foi minha irmã quem te contou.

- Na verdade eu li a mente de Lucy - respondeu ela se juntando a ele nas risadas. Quando ria Anelise baixava sua cabeça, e ao fazer isso o sol refletia em seus cabelos, fazendo com que seus fios loiros ficassem ainda mais belos.