Capítulo 23

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— Ainda não encontraram um doador de medula óssea compatível? – perguntei para Prince.

Depois de passarmos um tempo com a mãe dele. Decidimos deixá-la descansar um pouco. E seguimos para a lanchonete do hospital.

— Estamos fazendo uma busca em outros estados. Não quero perder a esperanças. Mas... – ele apertou os lábios para evitar que as outras palavras saíssem.

Passei minha mão sobre a mesa, e pousei em cima da dele. Acariciando levemente sua pele.

— Oh. Prince. Despeje seus medos. Não guarde para você. Estamos aqui para ouvi-lo, e ajudá-lo de alguma forma. – declarei, tentando transmitir o máximo de positividade para ele.

Os lábios dele tentaram sorrir mas falharam miseravelmente. Eu apertei sua mão. Para confortá-lo. Independente do quão difícil estivesse sendo para ele. Eu só queria que ele pudesse desabafar para tirar de cima dos seus ombros todo o peso que ele vinha carregando durante meses.
Kendy que estava sentada entre nós. Pousou sua mão em cima do ombro dele.

— Vai ficar tudo bem, certo? – disse ela, relanceando seus olhos para mim e para ele.

Prince apertou seus olhos, e eu percebi que ele estava se segurando para não desmoronar. E então ele expirou fundo:
— Obrigada meninas. Pela visita. Pelas palavras. Por tudo. – disse ele, pegando sua xícara de cima da mesa para bebericar o café preto que ele havia pedido. Afastei minha mão e aproveitei para tomar um gole do meu suco de uva. Kendy fizera o mesmo, e bebericou seu chá de frutas vermelhas.

— Acho melhor nós irmos. Grace. Já está ficando tarde. – alertou Kendy, levantando da cadeira, depois de ter terminado seu lanche.

— Ok.

Levantei também. E acabei engolindo rapidamente o restinho de suco que havia em meu copo.

— Promete que vai ficar bem? – perguntei para Prince. Assim que ele começou a se levantar da cadeira também.

— Vou. – disse ele. — Só em ter vocês aqui hoje, já me deu um gás.

Sorri.
— Fico feliz.

— Eu também. – acrescentou Kendy, dando um breve abraço nele.

— Bom. Então é isso. – ergui meus ombros. — Mande um beijo para sua mãe. E qualquer outro dia voltaremos aqui para vê-la. – me aproximei dele, para abraçá-lo também.

— Mandarei sim.

— Meu também. – acrescentou minha amiga novamente. E então ela começou a se afastar caminhando na minha frente. Enquanto Prince e eu seguíamos para fora em passos de bebê.

Quando fomos passar pela porta automática, sem querer esbarramos um no outro acidentalmente. Prince olhou para mim. No mesmo tempo que eu olhei para ele. E espontaneamente sorrimos em sintonia.

— Você sorriu... – apontei para ele.

Ele sorriu de novo.
— Com você por perto. Não tem como não sorrir. – declarou ele, fazendo meu coração palpitar freneticamente.

Droga!
Eu sabia para onde esse caminho estava me levando.

— Hã... Eu vou indo. Antes que ela me deixe aqui. – sorri, olhando o quão longe Kendy já estava. Tínhamos acabado de chegar na parte externa do hospital. E ela estava quase passando pelo portão.

Ele acompanhou meu olhar e assim que voltou a olhar para mim. Meu rosto corou. Não era um olhar comum. Tinha algo muito intrigante brilhando neles.

— Obrigada por vir. Grace. – ele puxou minhas mãos e entrelaçou seus dedos nelas.

Céus!
O que era isso?
Uma sensação de queimação começou a se alastrar por todo meu corpo. E assim que tomei conhecimento sobre o que estava acontecendo. Eu desfiz o contado das nossas mãos.
Aquele dia a gente havia quase se beijado. E agora estávamos seguindo para o mesmo desfecho. Mas eu ainda não estava preparada para dar à ele o que ele queria de mim.

Estranho DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora