3:54 AM

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Eu perdi o ronronar da vida porque questionei o raciocínio que se inclinava para me abraçar e até senti seu cheiro de sabonete.

Mas deixei passar.

E agora pérolas de vidro caem desse teto embaçado e arrancam minhas premonições de exatidão.

Fico sempre muito perdida com a distância dele. E fico sempre muito necessitada de dopamina toda vez que respiro o ar denso das madrugadas ardidas.

Quero voltar a ser sozinha, decidi isso essa noite. Sem o mimimi de que "preciso não depender de ninguém porque sou mulher", não é isso. É que a partir de amanhã a mudança reiniciará a arquitetura da minha vida. E ele ficará ali dentro em algum canto e terá vários outros caminhos.

E eu sorrirei. Porra, eu sorrirei. E pra isso não precisarei do tom de vozes atravessando meu cérebro. Ou dos dedos cruzando minhas coxas;

Gozarei com as caminhadas no centro do meu universo e manterei esse equilíbrio menos espaçoso.

Não o tirarei da minha vida, porque meu coração já é dele, mas terei a serenidade suficiente para conseguir seguir com as minhas próprias pernas caso perca o guia de seu olhar;

Eu nunca quis, verdadeiramente, viver o amor. Sempre achei sufocante, bagunçado, assimétrico. Abstrato demais!
Sempre prefiri meu domínio sobre questões emocionais, mas a vida tem uma maneira cretina de exaltar o quanto não temos o controle de merda nenhuma nesse mundo.

E ele surgiu, tão convicto de que eu seria sua.
E acho que nem meus pais já me amaram como ele me ama.

E é tudo tão complicado e complexo porque não se trata mais só de mim. São duas vidas e duas mentes atordoadas vivendo como uma só;

E... eu... vou sorrir e permitir que o otimismo crie seu quintal em meus ombros e boca.

A partir de amanhã.





Mas isso foi no domingo.

(In)expressiva & InsólitaOnde histórias criam vida. Descubra agora