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"Era a minha rosa, como aquela do Pequeno Príncipe...
Única e insubstituível."

Às vezes eu sinto falta de enxergar algumas situações da maneira que uma criança enxergaria.
Mas eu não sou mais uma criança.
Eu cresci;
Um erro e um acerto.
Uma vez, na infância, minha mãe chegou do trabalho com uma rosa branca.
Eu sempre gostei de flores.
Pode parecer banal, mas seu aroma é agradável e sua beleza fascina.
Percebendo olhares nada sutis para a rosa em suas mãos, ela me presenteou.
Então, eu fiz daquele ser, algo inestimável.
Mostrei brincadeiras e compartilhei segredos -que, naquela época, considerava tão importantes- mas, ela murchava a cada segundo.
Sem saber muito bem como agir, fui para a cama e me preparei para contar uma história.
Não era assim que a minha mãe cuidava de mim?
Aquilo não era carinho?
Em um minuto de distração, peguei no sono, me deitando sobre a pobre rosa desprovida de pétalas.
Quando percebi o que havia acontecido, chorei.
Chorei como alguém chora quando perde algo importante;
Quando sente culpa por  isso.

-Virão outras rosas. -Senti o calor do braço que me envolvia. Era minha mãe. - Assim como ela murchou, as outras também murcharão... É inevitável.
Mas você verá como são insubstituíveis;
Cada uma delas.
Por isso, regue-as sempre que puder.
O amor é o sustento da alma, não é?
As alimente com tudo que você sente.
Vai ver como vão durar.

Ela se desvinculou de mim, abriu um sorriso e saiu.
Recolhi as pétalas e o caule da flor.
Ela ainda transmitia perfume, mesmo estando em frangalhos.
Aquela lição era além da minha compreensão, mas anos depois eu acabei entendendo.

Regue suas flores, não deixe que elas murchem.
Ame cada segundo ao seu lado, preencha todo e qualquer vazio que possa existir.
Ame;
Simplesmente.

Uma Dose De NostalgiaOnde histórias criam vida. Descubra agora