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Depois que o espetaculo tinha terminado, eu decidi me afastar de todos. Sempre que o show terminava, o circo ficava aberto para o publico com atrações diferentes, como barracas, brinquedos, comidas etc.

Na verdade eu tentei fugir de tudo, mas quando eu estava indo em direção ao meu trailer, meu pai se colocou na minha frente impedindo minha passagem.

— Soube do termino!

— Eu já imaginava.

— Isso foi melhor pra você meu bambino, e sabe disso.

— Eu sei papà, será que eu posso ir para o meu quarto e chorar em paz?

— Claro... Que não. Estamos lotados hoje e preciso da sua ajuda na...

— Por favor... Me diz que não é na barraca do beijo.

— Não, quem está lá hoje é a Mari, quando eu disse que era a vez  dela, a garota quase que pulou nos meus ombros. 

— Imagino a felicidade dela.  

Eu disse sorrindo. Mari era uma amiga minha bem próxima assim como Victor, e ela era um pouquinho biscate, mas não estou xingando ela e nem nada do tipo, mas ela mesmo dizia que amava macho, então quem sou eu para descordar?

— Você vai ficar no tiro ao alvo.  

— Melhorou muito.

— Bambino, deixa de ser invocado dessa maneira. Se você se comportar, eu acho um garoto para você passar a noite.

— Juro que as vezes esse seu lado liberal me assusta.

— Quando você disse que era gay, sua mão me falou para eu não te tratar de maneira diferente, até porque você continuava sendo o meu bambino — ele disse passando a mão no meu rosto. — E estava certa.

— Entendo o seu ponto...

Eu disse andando na frente e mais uma vez ele deu um tapa na minha bunda.

— E só para constar, gostei do soco que você deu no Fabio. A mãe dele veio tirar satisfação comigo e acabou quase levando uns tapas também. Muito bem feito para aquele garoto. E se eu ver o Lucas na minha frente... Sou capaz de matá-lo.

— Relaxa, eu ainda sou muito novo para assumir a responsabilidade desse lugar.  

Ele deu um gargalhada.

— Bene... Agora vai lá. Vou encontrar sua irmã, e se ela tiver se agarrando com aquele moço outra vez, eu vou pegar os dois e dar umas boas palmadas neles.

Ele disse dando um beijo no alto da minha cabeça e foi procurar Graziela.

Na semana passada, ela tinha desaparecido e todos ficaram preocupados, mas meu pai encontrou ela com um garoto quase sem roupa atrás de um pedra. Nunca vi meu velho tão revoltado, foi uma cena muito engraçada. 

Ele quase foi parar no hospital.

Eu abri a barraca e me sentei na cadeira esperando os fregueses com suas vidas perfeitas. Enquanto eu olhava de um lado para o outro, eu vi o Lucas ainda vestido de palhaço passando a mão no rosto do Pablo que com certeza estava sentindo dor.

E era nessas horas que eu não sabia o que sentia pelo Lucas. Sempre pensei que fosse amor, mas depois das coisas que ele me disse, comecei a pensar se era mesmo isso. Ou se era fascinação por seus malditos olhos verdes.

Ou se era medo de morrer sozinho.

— Que exagero, sou novo... Ainda tenho muito o que viver... Ser trouxa, quebrar a cara, sofrer por macho, esse tipo de coisa — eu disse pensando alto.

FReaK ShOwOnde histórias criam vida. Descubra agora