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-ooOoo-


"Será que te conheço desde a infância

Será que na infância eu parti

Prum mundo imaginado por você

Ou por você um mundo veio

E a infância assim se foi

Meu canto hoje dobra as tuas notas

Me olhas como se fosse normal

Me coro ao seguir a tua rota

Meu abraço te amarrota

"Meu estranho natural

Eu estava deitado em baixo de uma arvore enquanto cantava essa música. Fazia duas semanas desde que eu tinha começado a namorar com o Nícolas, e fazia duas semanas que eu não o via, apenas falava com ele por mensagem e telefone.

"Tudo bem meu amor?"

Ele perguntou e sem querer eu abri um pequeno sorriso, nunca ninguém me chamou assim além dos meus pais, era uma sensação diferente, uma sensação boa.

"Está tudo bem sim. E como você está?"  

"Estou morrendo de saudades de você"

"Eu sinto sua falta"

"Ficar em casa está ficando cada vez mais insuportável"

"Eu sei, mas no futuro tudo vai melhorar. Tudo melhora"

"Espero que sim, mas agora eu tenho que ir. Beijo"

"Beijo"

Eu me encostei na árvore e fiquei vendo as nuvens cobrirem o céu azul e o sol indo embora.

O que eu estava pensando quando aceitei a namorar com ele? Está chegando o fim do ano, e eu vou ter que ir embora. Nícolas vai sofrer, e eu não quero que ele sofra... Não quero sofrer.

— Seu nojento — eu escutei alguém gritando.

— Calma, por favor... Vamos conversar — era o Lucas, pela sua voz ele estava desesperado.

— Calma? Como você pode querer que eu tenha calma? — Fabio gritou. — Você... Você... Eu não acredito que você fez isso comigo, não acredito que... Eu tenho nojo de você, nojo de você.

Ele estava desesperado. Com certeza Lucas deve ter traído o garoto e ele descobriu.

— Calma... Você pode estar bem, você pode não ter contraído o vírus...

— Eu juro por Deus, se você me passou isso, eu juro que eu te mato seu desgraçado. Eu não vou acabar com a minha vida por causa de um merda como você. Seu doente, seu nojento.

— Vai tomar no seu cu! Você não sabe como eu estou me sentindo. Eu tenho isso desde a minha adolescência, eu to morrendo aos poucos. Já faz anos, eu... Eu... Eu estou enlouquecendo... Olha pra mim. OLHA PRA MIM.

Eu estava paralisado e não sabia o que fazer.

Meu pai já tinha me dito que Lucas estava diferente, estava mais magro, parecia bem cansado e não estava mais sorrindo como sempre fez, eu mesmo tinha percebido isso a muito tempo. Mas ninguém nunca podia imaginar que... Que...

— O vírus está se manifestando muito rápido...

— CALA A BOCA! — Fabio deu um soco no rosto do Lucas e o jogou no chão. — Eu não quero saber. Não quero saber de nada disso, não quero saber sobre essa doença, não quero saber sobre você, mais nada. Eu vou fazer o teste, vai dar negativo e eu vou embora daqui, embora e você nunca mais vai me ver. Espero que você morra!

FReaK ShOwOnde histórias criam vida. Descubra agora