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Taemin abriu os olhos e piscou várias vezes para focar a visão, sentiu tontura ao tentar levantar a cabeça e deitou novamente respirando fundo. Sua cabeça estava enfaixada e um breve flashback do que acontecera passou pela sua cabeça: um vulto pulando sobre Jonghyun, ele atirando e um impacto ao bater no chão. Percebera agora que não fora atingido diretamente pelo tiro e sim pelo impacto da arma e do empurrão que levara fazendo-o bater a cabeça.

Vozes exaltadas ecoavam do outro cômodo, Taemin se sentou prestando atenção à conversa. Ele conhecera a primeira voz, grave e severa e o dono parecia irritado. Seu pai estava em casa.

-O que diabos você estava fazendo? –gritou o velho.

-Eu tirei os olhos dele por um momento. –respondeu a outra voz tentando manter a calma, mas era possível notar a relutância, ele estava com medo. –Por mais que eu tente não tem como eu manter os olhos nele 24 horas por dia. Eu estava terminando uma prova quando notei que ele saiu e...

-Não importa. –censurou o outro. –Seu trabalho é vigiar e proteger Taemin. Mesmo que isso signifique colocar outras coisas em segundo plano.

-Eu sei, senhor. Me desculpe!

-Desculpas não resolvem a situação. Se algo acontecesse a ele você sabe o que aconteceria com você não é? –o tom de voz era ameaçador.

-Sim.

-É bom que mantenha isso em mente. Agora é melhor que resolva isso ou eu mesmo irei mata-lo.

-Senhor?

-Você quer que eu desenhe? Você sabe o que fazer!

-Sim, senhor. Com licença!

Taemin ouviu passos do outro lado, Onew estava saindo do quarto.

-Jinki? –chamou a outra voz, agora mais calma.

-Sim?

-É bom que volte vivo!

-É claro, senhor!

Os passos estavam ao lado do quarto e Taemin se jogou de volta a cama fingindo estar dormindo bem a tempo de Onew abrir a porta. Sentiu os olhos do outro sobre si, mas não abriu os olhos. Onew se aproximou por um momento como se fosse tocá-lo, porém pareceu desistir, soltou um suspiro e saiu.

**

Onew estava em silencio, os olhos distantes. Ele nem mesmo tentara puxar assunto com Taemin quando o chamou pela manhã.

-O que aconteceu? –indagou Taemin.

O outro não olhou para ele.

-Do que está falando?

Taemin parou e Onew deu mais dois passos antes de se virar com a expressão vazia.

-Que merda, Onew! –gritou Taemin. –O que diabos meu pai te mandou fazer?

O garoto continuou em silencio.

-Me diga que você não o matou.

-Eu não o matei.

Taemin encarou os olhos negros e sem brilho.

-Outra pessoa o fez. –concluiu quase num sussurro. –Por quê? Qual a necessidade de matar um adolescente por causa de uma briguinha de escola? –Taemin estava irritado. Com seu pai, com Onew, com todos.

-Ele era de uma gangue rival e tinha ordens para mata-lo. Ele não desistiria tão fácil. Era sua vida ou a dele, qual você preferia?

-Que o idiota do meu pai parasse de me envolver nas merdas de negocio dele. Eu estou pouco me lixando para essas desavenças dele. Qual é?! Ele vai sair matando qualquer um que chegue perto de mim? Quem é o próximo, o Minho? O que ele vai fazer se eu disser que estou saindo com outro cara? Vai mandar você meter uma bala na cabeça dele e você vai obedecer feito um cachorrinho? -ele fez uma pausa tomando folego. -Vão se ferrar todos vocês!

-Taemin. –chamou Onew quando ele saia na frente irritado. –É melhor que você não saia falando sobre isso por aí.

Onew recebeu o dedo do meio como resposta.

**

-Você está mais irritado que o normal. –observou Minho se aproximando quando Taemin amarrava uma faixa na mão que estava sangrando por ele ter socado a arvore várias vezes. –O que a árvore te fez? Eu não pensei que ela fosse do tipo que arrumava briga.

-Meu pai é um idiota! –respondeu com um suspiro.

-Ah, mais uma coisa que temos em comum. –Minho escorregou para o lado dele oferecendo-se para amarrar o laço. –Você quer falar sobre isso?

-Não.

-Tudo bem. Devo supor que ele fez algo que te desagradou, não é?

-Bem mais que isso.

-Eu sei que vou parecer um chato falando isso, mas às vezes os pais só querem o bem dos filhos por mais idiotas que sejam suas ações. Talvez um dia quando você tiver um filho você entenda porque ele fez isso.

-Eu não pretendo ter filhos. Não quero passar esses genes para frente.

-Nossa! Não seja tão pessimista. Mas você entendeu o que eu quis dizer.

Taemin gostaria de contar tudo que acontecera, mas como Onew dissera aquilo não era para se compartilhar por aí. A noticia sobre morte de Jonghyun se espalharia pela escola em breve e Taemin queria se manter longe disso.

-Eu nem perguntei, desculpe. Você não se machucou ontem? Está tudo bem? -indagou mudando de assunto.

-Ah sim, eu estou ótimo. Mas você não parece tão bem.

-Eu estou bem apesar de tudo.

-Ainda bem que seu guarda-costas apareceu. Por um momento eu pensei que a gente ia morrer ali. Eu estava tão chocado que fiquei paralisado e não consegui fazer nada, me desculpe!

-Eu também pensei, não imaginei que a situação fugiria de controle daquela maneira. Mas se você reagisse podia ter sido pior.

-Eu deveria te proteger. –disse Minho olhando para baixo. –Como eu posso querer estar ao seu lado quando nem isso eu posso fazer?

-Está tudo bem, eu não sou do tipo que preciso de proteção.

Minho segurou a mão enfaixada de Taemin passando levemente o polegar sobre a faixa.

-Eu não sei o seria de mim se algo tivesse acontecido a você.

-Não exagere. –Taemin fez uma careta.

-Eu estou falando sério. Só de pensar que eu não poderia mais te ver... –Minho esticou a mão tocando o rosto de Taemin e este não se afastou. Passou o dedo pelos lábios de Taemin. –Eu estou com muita vontade de te beijar agora. Eu posso?

Taemin assentiu ainda confuso.

Minho juntou seus lábios ao dele levemente, abrindo-os aos poucos com a língua. Taemin deixou que ele o guiasse e tomasse seu folego, não se aproximou mais nem Minho o tocou mais que o necessário. Eles se separaram. Taemin o fitou atônito, seu coração tinha acelerado e dançava no peito. Mas ele sentia que aquilo não era certo, não era Minho quem ele amava.

-Me desculpe, eu preciso voltar para sala. –o sinal soou confirmando seu pensamento.

Minho deu um sorriso triste.

-Tudo bem.

Taemin saiu apressadamente, Minho ainda estava sentado no local de antes. Sentiu-se mal por deixa-lo daquela maneira, mas estava confuso. Se deparar com Onew no corredor não foi a melhor solução, ele estava como sempre ou pelo menos tentava manter a expressão tranquila, mas Taemin pôde ver em seus olhos que ele vira o que acontecera.

Por que ele não diz nada? Por que ele continua com essa cara de tacho como se nada tivesse acontecido?

Taemin o encarou um tanto surpreso, mas Onew continuou em silencio.

-Não vai dizer nada?

-Isso não é dá minha conta.

-É claro que é da sua conta. –gritou Taemin irritado.

Onew olhou ao redor apontando sutilmente com a cabeça para as pessoas que se voltaram para eles.

-Nós ainda estamos na escola. –foi tudo que ele disse antes de se retirar.

Dangerous Game (OnTae)Onde histórias criam vida. Descubra agora