No qual se demonstra que quem escreveu isto se devia dedicar à pesca.

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Ora portantos, num belo dia, José Maria Eça de Queiroz (esse mesmo) soergueu-se do sepulcro, chamou a tipóia do Mulato e foi ver como é que estava o seu querido Chiado depois de 116 anos a gouvarinhar pelo  Purgatório.
O que viu não o aqueceu nem o arrefeceu: constatou que o Chiado se tinha tornado numa espécie de silo ao qual as camelitas meladas da Lisboa do século XXI iam comprar trapos fluorescentes que usavam para se cobrir (mal). Esboçou um sorriso sarcástico, ergueu uma irónica sobrancelha e continuou o seu passeio turístico pela baixa lisboeta.

Mas nem tudo está perdido, pensou o cigarro que Eça levara à boca hirsuta: avistara, na esquina de sempre, a livraria Bertrand.

O nosso realista favorito tomou ânimo e atravessou a estrada, sendo quase passado a ferro por um tuk-tuk, e entrou no oh tão amado estabelecimento.

Uma onda de nostalgia invadiu-o por completo, estimulada pelo odor familiar a papel, tinta, traça e livreiros que descuidam sistematicamente a sua higiene pessoal (sua, a dos livreiros, bem entendido. Eça toma banho sozinho, salvo raras ocasiões nas quais solicita a ajuda da ramalhal figura).

Foi então que o viu.

O Lodaçal Terminado, Reeditado E 10000 Vezes Mais Mágico!Onde histórias criam vida. Descubra agora