Principe;
O cheiro de grama molhada fresca invade meu nariz, mas eu não posso reclamar, é realmente agradável; meus olhos continuam fechados, eu não quero abri-los, não quero ver o sol brilhando ardentemente, nem as nuvens com suas formas fofas e muito menos a bela paisagem presente, eu não quero, porém, infelizmente querer não é poder.
Com força de vontade alguma me sento na grama, solto um suspiro solitário antes de realmente levantar.
Minhas costas ainda ardiam levemente - mesmo que o ocorrido tenha acontecido a horas atrás -,não importava realmente quando esse machucado iria se curar, certas feridas não se curam nunca; Não sei realmente quem é o culpado por isso, seria eu? Talvez fosse, afinal, se eu não fosse tão EU talvez não fosse merecer de tal punição.
Meu corpo doía levemente por dormir de mal jeito no chão duro, mas eu não me importava muito, a sensação de me deitar na grama era maravilhosa.
Meu pés me levam em direção ao castelo, o lugar onde eu chamo de lar, mas eu não quero realmente ir, todas os meus sonhos são destruídos em tal lugar, talvez algum dia eu seja queimado por ter sido "amaldiçoado" com magia; Mamãe sempre dizia que aqueles com magia eram pequenos demônios, e que ainda seriam queimados vivos, esse discurso parou de ser repetido quando um dia ela me viu praticando-a inocentemente - Quando criança, obviamente -, me lembro claramente do que ela me disse.
-Oh Deus! Você quer que a gente morra? Por favor, não faça isso, seu pai ira ficar decepcionado!
Meu pai nunca descobriu sobre isso, para minha sorte, e eu agradeço por isso.
As vezes quando estou sozinho - Como agora -, tenho a sensação de que minha vida está errada, de que algo está faltando, como se meu pequeno mundinho fosse me expulsar se lá a qualquer momento, essa sensação me deixa ansioso e decepcionado. Eu não estou na merda de uma história de aventura, muito menos um romance, ou seja, eu não irei ser requisitado para salvar uma princesa por aí, o máximo disse que irei conseguir é me casar com uma para salva-la da pobreza.
Eu não sou o filho mais velho do Rei, longe disso, na verdade sou o do meio, o único filho da única mulher que o Rei já amou; O mesmo já foi casado 2 vezes e tem 1 filho com cada uma das esposas, e uma filha com uma amante qualquer que já teve.
Meu irmão Matthew está de longe de ser um exemplo de Rei, nem mesmo é um exemplo de irmão ou filho mais velho, creio eu que a única de nós três a se salvar seja minha pequena Selena, que foi renegada pela mãe ao nascer, mas que nunca seria negada por mim.
Mal percebo quando chego ao castelo, muito menos quando adentro no mesmo, só me dou conta de onde estou minutos depois de ter entrado assim que ouvi meu nome sendo chamado aos berros, isso me faz fechar os olhos e orar para que eu não tenha feito nada errado, muito menos Selena, por favor que não tenha feito nada errado.
Aperto meus olhos com força e solto um leve suspiro, que espero realmente que não tenha sido ouvido por aquele que me chama.
- Sim?
