6- A mudança (1)

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Cassie POV
Não é possível que isso esteja acontecendo. Eu perdi a minha melhor e única amiga, e por uma bobagem, dá pra imaginar?
  Hoje com certeza foi o pior dia na escola da minha vida, foi pior até que o dia que eu tive problemas de menina e intestinais ao mesmo tempo na frente da sala (eca). Eu não conheço mais ninguém ales dela, não tenho mais amigos, nem conhecidos, nem inimigos. Odeio ser anti-social nessas horas.
   Vou até tentar fazer alguma amizade nova, algum tipo de colega de classe, ou sei lá como se chama uma amiga não tão amiga. A quem eu quero enganar, eu não consigo esquecer a Nath. E nem quero.
   Tudo o que eu quero agora é chegar em casa e ver alguns episódios de How I Met Your Mother deitada na minha cama com uns pacotes de fandangos. Mas tudo o que eu vou fazer vai ser deitar na cama e chorar. Pensar sobre tudo o que aconteceu hoje e refletir sobre o futuro, o nosso futuro.
  Sabe, eu sempre achei que viveria até a faculdade com ela, e que depois disso a gente ainda vivesse junto, e depois, e depois. Achei que a gente fosse como Batman e Robin, como Lilly e Marshall, como qualquer outros amigos inseparáveis. Mas infelizmente o que eu sempre temi aconteceu. E eu vou lutar ate eu não aguentar mais pra ter ela de volta. Juro.

Nath POV
  Cheguei em casa, aí meu Deus. Estou em nervos, acho que não vou conseguir nem bater na porta, estou em pânico. Odeio ter crises de pânico em horas erradas. Nem precisei abrir a porta, minha mãe abriu e fez aquela cara de "eu vou te matar sua filha de uma puta" ou aquela cara de "eu avisei sua burra do caralho". Mas de qualquer forma até o Papa temeria dela.
  -Natalie, O QUE DEU NA CABEÇA DA SENHORITA ME DEIXAR FALANDO SOZINHA HOJE MAIS CEDO?- ela gritou tão alto que até no Brazil daria de ouvir.- Mas prometi para o seu pai que não ia gritar e não vou. Só me responda o seguinte, porque está fazendo isso com você?
   -Mãe...- naquela hora eu pensei muito antes de falar qualquer merda. Eu sabia que se falar que era aquilo que eu queria pra minha vida e que nada nesse mundo iria me fazer mudar de ideia ela iria me bater e me fazer ir para um internato, não podia arriscar minha liberdade por causa de uma pequena orientação sexual da qual minha querida mãe não aceitava.- ..a senhora está certa, eu não sou assim, eu sou uma menina normal como as outras.- como se lésbica fosse anormal, mas se era isso que ela queria ouvir vai ser isso que ela vai ouvir.- Prometo que nunca mais faço isso.
  -Filha, eu estou fazendo isso para o seu bem. Garota foi feita para garoto, e não para outra garota. Ainda bem que você sabe que está errada.- Doeu tanto ouvir isso.- Agora vá trocar está roupa, nós vamos ir em uma pizzaria. Seu pai conseguiu uma promoção e nós vamos comemorar comendo.- típico.
  E foi isso, eu simplesmente amarelei de novo e não contei para a minha mãe a verdade, o que há de errado comigo?! Mas não importa mais, se eu falar sobre isso mais além provavelmente vai ser pior do que ter falado hoje, porque ela não iria mais confiar em mim. E é essa confiança que eu preciso para poder continuar lutando pela minha vida dupla.
  Coloquei minha blusa preta com renda atrás e minha calça jeans bordo. Um casaco meia estação meio preto meio cinza e uma sapatilha preta com glitter que eu tenho. E pronto, estou pronta para sair e comemorar uma promoção que não vai me adiantar em nada. Que saco.
  Antes de nós sairmos minha mãe me puxou para o canto da cozinha e me falou:
  - Filha, a partir de agora você nunca mais vai poder fazer qualquer tipo de contato, se possível até por telepatia, com a Cass.- ela falou Cass com uma voz/cara de nojo, me fez pensar que é melhor eu não desobedecer mesmo, vá que isso passe depois de um tempo.- Nunca mais, tá me ouvindo?
  -Tá bem mãe.- virei a cara e fui em direção ao carro. Quando eu estava entrando no carro passou a Cass pela rua. Porque a gente tinha que ser vizinhas? Ainda bem quee ela nem me viu, não saberia como lidar nem aqui na rua.
   Entrei no carro, minha mãe entrou e nós fomos direto para a Pizzaria, que empolgação.

Cass POV

  Não acredito que nem na rua de noite ela pode me chamar em um canto e falar o porque exatamente desse termino repentino. Às vezes acho que nem ela se entende, ela é mais confusa que a pessoa mais confusa do mundo. Isso tem me irritado tanto ultimamente. Só queria saber a verdade, é saber se tenho como arrumar essa bagunça do meu coração. Mas acho que é melhor eu desistir e esperar o destino dar algum sinal do que eu devo fazer: esperar ou acabar?
It''s too late now to say Sorry?
  De qualquer forma eu precisava ir para o banho, mas antes que eu pudesse ter feito isso, o meu telefone toca. O meu coração desparou esperando que fosse a Nath ou sei lá a mãe dela. Mas não era, era o meu pai. Aí sim que meu coração pirou de vez.
Não consegui atender, mas pra minha sorte (ou não) ele deixou a seguinte mensagem:

Dad: Querida filhinha, eu não sei usar isso aqui direito mas queria avisar que você tem quem vir para Chicago comigo por um mês. Te vejo semana que vem, até.

Aí. Aí. Ai. Essa é a parte ruim de ter pais separados, ter que estar indo lá, vindo aqui, indo lá, e vindo aqui. Eu estou perdida. E agora? Muita coisa para um dia só meu deus, preciso dormir urgente antes que aconteça mais alguma merda.

Proibido amarOnde histórias criam vida. Descubra agora