Capítulo 16 - David Peterson

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O carro finalmente parou depois de girar duas vezes. Meu corpo doía por completo e um líquido quente deslizava por minha testa. Que diabos! Como isso aconteceu? Vejo do lado de fora o carro que me atingiu tombado, um homem tenta sair rastejando, mas ignoro. Só então noto o silêncio, sem gemidos, perguntas ou choro. Viro meu rosto rápido para ver Jennifer e fico assustado.

— Jenny? — chamo-a baixo quase num sussurro. – Jennifer! — entro em pânico sem ter uma resposta.

Solto meu cinto e mexo meu corpo dolorido para tocar seu rosto, um alívio me percorre ao saber que está viva.

— Jennifer amor, acorda... Jennifer? Vamos, amor... Jenny abra seus olhos. — peço balançando-a e meu alívio momentâneo desaparece. Por que ela não acorda?

Meus olhos fervem de lágrimas, mas seguro. Tateio no bolso da calça meu celular, por sorte ainda está inteiro e digito o número do meu irmão, sei que vai me ajudar.

— Não esperava que fosse ligar tão cedo, o que foi não sabe mais como transar? — pergunta divertido e ignoro.

— Gael, houve um acidente. — digo em desespero e saio do carro. Que bom que estou andando. Noto minha barriga contrair e percebo que tenho um corte no lado esquerdo. Como fiz isso?

— O quê? Com você? — pergunta com tensão e voz trêmula.

— Sim, eu estou bem mais a Jennifer não acorda... Um carro atravessou o sinal e... — arfo em desespero e me ponho em lágrimas. — Ela não acorda, Gael.

Tenho certeza que meu irmão nunca me viu tão fraco. Sempre fui um homem forte, sempre mostrei compostura diante de notícias e acontecimentos, mas esse, envolvendo Jennifer me derrubou.

— David, me escute, Jennifer tem batimentos cardíacos? — interroga depois de um tempo e olho-a fora do carro.

— Sim, está respirando mais não acorda.

— Ótimo, isso pode significar que ela apenas desmaiou, David. Quero que veja se o carro há perigo de explosão, se sim, tire-a com cuidado, não a movimente muito, mas se não houver riscos, deixe-a no carro. Eu estou indo lhe buscar e vou chamar um carro de bombeiro e uma ambulância. — sento no chão após ver tudo que me disse, não há perigos, mas ela continua imóvel. — Ouviu David? Fale comigo! — ouço a voz dura de Gael e finalmente falo.

— Sim, não tem perigo... Apenas venha logo.

Desligo depois de lhe dar o endereço. Puxo meus joelhos para cima e descanso meus braços vendo o corpo parado de Jennifer pela janela quebrada do carro. O rosto tem alguns cortes e do lábio sai sangue, sua cabeça pende para o lado da janela que antes existia. Meu coração está estraçalhado por vê-la assim e mais lágrimas surgem me fazendo rugir.

Isso dói! É cruel e horrendo. Chega a ser ridículo um homem que enfrentou guerras piores a cada uma que surgia, abalado com isso. O problema é que ninguém nos prepara para o amor, para a possibilidade de perder alguém que ama. Nunca imaginei que meu coração estaria nas mãos de uma pequena e atrevida fazendeira. Minutos depois é possível ouvir o som das sirenes e logo em seguida sinto mãos me tocando.

— David? — Gael me chama com certa calma. — Vamos cara, saia desse chão, preciso saber se está bem.

— Não vou sair daqui. — digo firme sem tirar os olhos de Jennifer.

— Não vai ajudar em nada ficar só olhando. — Noah diz ao meu lado agachado. — Deixe os paramédicos fazerem o trabalho, precisa sair de perto.

— Não quero. — sussurro.

— Se quer vê-la fora daquele carro, precisa sair de perto. — Gael engrossa e aperto minha mandíbula.

Levanto do chão e tomo certa distância. Uma mulher vestida com roupas elegantes toma minha frente verificando minha testa onde tem um ferimento. Olho ao redor vendo polícia, bombeiros e paramédicos se movimentando pelo lugar. Pego o vislumbre de meus irmãos preocupados e sérios, com trajes de gala. A mulher ergue minha blusa checando o corte em minha costela para depois olhar para Gael.

Amor em Combate - Os PetersonsOnde histórias criam vida. Descubra agora