Abri meus olhos. Eu não sabia onde estava, mas Jacob está lá com seu ursinho, com seus olhos azuis e encantadores que me fez sorrir sem motivo algum, somente por vê-lo ali vivo e sorridente. Então ele me trouxe para o bote, mas e Nathan? Ele o deixou para morrer? Ele é um monstro!
— Ei, garoto, onde está o seu pai? — Pego-o no colo, e olho ao redor do bote. É bem grande, devem caber umas quarenta pessoas, embora não muito confortável, mas totalmente seguro. Parece um casco de tartaruga, o que me deixa nervoso, pois me sinto preso. Sou claustrofóbico. Uma vez fiquei preso em um elevador e gritei igual a uma mulherzinha. Resultado: Nathan e Josh me zoaram por um mês inteiro, mas admito que foi engraçado, depois que me libertei, naturalmente.
Olho acima e vejo a claraboia aberta. Ouço um som vindo de lá.
— Droga, essa merda não funciona. — É a voz de Christian, em cima do bote.
Jacob dorme no meu colo. Deixo-o num berço improvisado, feito de coletes salva-vidas, e subo até a claraboia. Está muito calor, deve estar uns quarenta graus de temperatura.
— Está querendo virar churrasquinho? — pergunto.
— Bom dia, bela adormecida. — Christian se vira e fala comigo.
— Está mais para sequestro em alto-mar.
— Garoto, caso não saiba, existe uma grande diferença entre salvamento e sequestro. — Christian se volta e continua o que estava fazendo.
— Eu disse que iria ficar, você não tinha o direito de me trazer para cá! Eu estava errado sobre você, achei que era um bom homem, justo, uma pessoa que ajuda o próximo sem pensar duas vezes, mas estava enganado, você é um monstro! — Por um minuto, ele ficou em silêncio, o semblante concentrado.
— Se ser um monstro salva a vida do meu filho, então eu sou um monstro. Nada na minha vida importa mais que Jacob, e aquele garoto seria uma ameaça. Não me arrependo do que fiz, e não me importo com o que você acha de mim.
Talvez ele esteja certo, eu não entendo o que é um amor de um pai. Do que adianta ser um herói, se não pudermos proteger quem amamos. Então é isso que significa um amor de pai para filho. Mesmo assim é nítido que se tornou uma pessoa fria e amargurada. Mas talvez ele esteja certo, eu não entendo o que é um amor de um pai. Do que adianta ser um herói, se não pudermos proteger quem amamos.
— O que está fazendo? — pergunto.
— Tentando consertar o localizador. Sem ele não seremos resgatados. Deve ter quebrado durante a tempestade de ontem. Foi um milagre sobrevivermos a ela. — Ele se levanta. — Você deve estar com fome, vamos entrar.
Voltamos para dentro do bote. Christian vai ao berço e dá um beijo em Jacob. Depois, caminha até a ponta do bote, onde me mostra uma grande caixa.
— Vem aqui, Cody. — Ele me chama. — Nessa caixa temos tudo que necessitamos para sobreviver: comida e água para mais ou menos uns dois meses. Também temos um manual de sobrevivência, um sinalizador e um kit para pesca. . Por sorte também tem comida e fraldas para o Jacob, casacos e lençóis e um kit de sobrevivência com um facão, lanterna e outras coisas básicas.
— Mas para que usaremos esse kit? — pergunto curioso.
— Se não formos resgatados, talvez encontremos uma ilha, e esse kit vai ser muito útil. Espero que goste de biscoitos, porque é única coisa que temos para comer. — Christian me dá uma garrafa de água e biscoitos.
— Obrigado. — Pego a água rapidamente e a bebo, estava com muita sede.
— Acho que também vou dormir. Essa noite fiquei acordado, com medo de afundarmos como o Poseidon. — Christian pega outro colete e usa como travesseiro.
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Vidas entrelaçadas - Uma luz diante das trevas Ato 1
General FictionChristian e Ana Blake brigam constantemente e temem ver seu casamento ruir, então decidem embarcar em um "cruzeiro de reconciliação". Nesse mesmo cruzeiro está Cody, um jovem que fugiu de casa depois de ser agredido pelo próprio pai. Emília é irmã d...