Até o fim

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Will

Estávamos na mesma sala de três dias atrás. Eu odiava hospitais, passei tanto tempo neles por causa da minha tetraplegia que não queria voltar em um nunca mais, mas lá estava eu. Lily segurava a mão da Clark, assim como da última vez que estive aqui. A tensão em meu corpo se espalhava cada vez mais. Eu sabia que não ia suportar caso o Sam fosse mesmo o pai, eu ia desabar e chorar ali mesmo. Planejei, durante todo o tempo em que estive em tratamento naquela clínica da Noruega, um futuro brilhante com Louisa Clark, e não era fácil ver esse futuro desaparecer bem na minha frente.

-Vocês estão bem? - Pergunta Lily.

Essa é uma pergunta clichê que normalmente as pessoas só fazem por educação, a diferença aqui é que Lily realmente se importava.

-Não. -Responde Clark, sincera.

- Eu vou ficar bem quando o resultado estiver em minhas mãos. - Digo

Como se ouvisse as minhas preces, o médico entra na pequena sala de espera, parecendo confuso.

- Aconteceu algo inesperado... - Ele diz, e faz uma pausa dramática. - O resultado agora diz que Will Traynor é o verdadeiro pai, eu realmente não entendo...

- Eu sabia! Eu sabia! -Lily começa a dar pulos de alegria.

Ela acaba contagiando Clark com a sua felicidade, que dá um abraço esmagador em Lily.

- Obrigado, Lily. Não sei o que seria de mim sem você. - Diz ela.

- Lou, você está me sufocando. - Diz Lily, se afastando de Clark. As duas olham uma para a outra e começam a gargalhar.

- Senhor Traynor, você está bem? - Pergunta o médico, rompendo a bolha de felicidade na qual as duas estavam envolvidas.

Tento abrir a boca pra dizer "sim", mas não sai nada. Eu estava em estado de choque. Não sei descrever em palavras a explosão de sentimentos que me dominavam naquele momento. Eu sou um pai novamente. Pensei. Finalmente eu teria a chance de segurar meu próprio filho nos braços, já que não tive essa oportunidade com Lily. Um sorriso idiota se formou em meus lábios, e duas lágrimas igualmente idiotas teimavam em inundar meus olhos.

- Isso está mesmo acontecendo? - Consigo dizer, finalmente.

- Siiiiim. - Diz Lily, empolgada.

Olho para Clark e penso no quão idiota eu fui com ela. Meu Deus, eu fui um completo babaca. Eu fiz a minha escolha, escolhi acreditar no Sam, e não na mulher que eu amava. A mulher que esteve ao meu lado na pior fase da minha vida. Eu não a merecia.

Abraço ela com urgência e deixo as lágrimas rolarem. Sinto a tensão em meu corpo se dissipar à medida que as lágrimas caem e ela retribui o meu abraço. Clark chorava também, sinto seu corpo pequeno tremer em meus braços.

- Nós vamos ser os melhores pais do mundo. - Digo, com uma súbita confiança.

- Não tenho dúvidas disso. - Ela responde.

Então, paro de abraçá-la e me ajoelho aos seus pés, o que acaba chocando tanto Clark quanto Lily. Não sou o tipo de homem que se humilha, mas, ao mesmo tempo que eu me sentia eufórico por ser pai de novo, me sentia péssimo por ter desconfiado de alguém que só soube me amar. Agora todas as peças do quebra cabeça se encaixavam. Sam não se conformou com o término, por isso ele agarrou Clark à força e manipulou o resultado dos exames.

- Eu fui um completo imbecil, desconfiei justamente de você, a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, e confiei em um homem que tem todos os motivos pra querer acabar com a nossa felicidade...

- Sim, eu sempre soube da sua capacidade de ser um babaca, mas não sabia que podia ser tanto. - Ela diz, seca.

- Quando eu vi vocês dois "se beijando" e a foto que ele me mandou, eu fiquei louco, só conseguia acreditar no que os meus olhos estavam vendo.

- Foto? Do que você tá falando?

- Ele me mandou uma foto sua, só de calcinha e sutiã, pra me provocar.

Ela começa a rir, nervosamente.

- Eu sei qual é, aquela foto foi tirada há meses, Will. Em nenhum momento passou pela sua cabeça que aquela foto podia não ser recente? - Diz ela, fazendo eu parecer o maior dos idiotas.

- Não. - Confesso. - Eu estava cego. Sei que não mereço, mas...por favor, me perdoe! Vamos começar tudo de novo, não podemos deixar o Sam atrapalhar a nossa felicidade.

- Você já fez isso por ele. - Ela diz, friamente.

Longos segundos de silêncio tomam conta do ambiente. Só consigo encarar o chão.

- Levanta daí, Will, AGORA! -Diz Clark, em tom autoritário.

- Só vou levantar quando você me perdoar. - Digo.

- Então você vai ficar aí pra sempre. - Ela responde, me entregando o anel de esmeraldas que ainda estava em seu dedo.

Aquilo doeu de uma forma que não consigo explicar.

- Por favor, não faz isso comigo Clark...

- Eu ainda te amo, muito mais do que eu deveria, mas preciso ser sensata agora.Vamos ser amigos e grandes pais, só isso. Não posso correr o risco de você se machucar de novo. -Diz ela, e me sinto ainda mais culpado por toda a dor que causei.- Sabe o que mais dói, Will? Você precisou de um exame de DNA pra acreditar em mim.

Eu não era digno do perdão dela.

- Você tem toda a razão. - Confesso. - Eu não mereço o amor que você ainda sente por mim.

Levanto do chão e noto, finalmente, que o médico já havia ido embora. Lily estava sentada em uma das cadeiras, com uma cara péssima. Ela torcia muito por mim e Louisa e estava vendo suas esperanças sendo arruinadas, me senti mal por ela.

Enfio a aliança no bolso esquerdo da minha calça.

Saio daquele hospital com duas certezas: eu precisava reconquistar a mulher da minha vida e precisava dar um jeito de acabar com a festa do Sam. Não posso desperdiçar essa nova chance de ser feliz que me foi dada, irei lutar pela Clark até o fim.

Como Eu Sou Com VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora