Lou
Will segurou firme a minha mão. Se formos morrer, então morreremos juntos. Penso comigo mesma.
- Finalmente, o casalzinho apareceu. - Disse Sam, debochado.
Então, ele se levantou do sofá e apontou a arma em nossa direção. Meu coração quase parou.
- Pense bem no que você está fazendo, Sam. Se você nos matar, não vai estar matando somente a gente. Sabe muito bem disso... - Disse Will, e eu imediatamente me lembrei do bebê em minha barriga.
Ai meu Deus! Nada pode acontecer a essa criança, eu não vou suportar se algo acontecer. Me desespero.
- Eu não me importo. - Disse Sam, pronunciando cada palavra cuidadosamente. Seu tom de voz me deu arrepios.
- Você não é esse monstro, Sam, eu sei que você não é... -Digo, tentando conter as lágrimas e não parecer desesperada.
- Bem...talvez eu seja. - Ele me interrompe.
- Não, eu conheço você. Você ajudou a Lily, você me ajudou. Me fez enxegar que ainda existia vida, mesmo quando o Will não estava mais aqui. -Digo, soluçando.
- Mas então ele voltou... - Diz ele, com o olhar triste.
- Sam, tente pensar racionalmente, Louisa não merece isso, se você realmente a ama, deve deixá-la ir. - Will tenta persuadi-lo, sua voz nem ao menos treme, queria ter a coragem dele.
- Eu vou deixá-la ir... - Diz Sam, e eu quase me sinto aliviada. - Mas da minha maneira.
Estremeço.
-Isso não é justo, você não pode fazer isso comigo, não pode fazer isso com o bebê que está na minha barriga. Por favor...- Suplico, aos prantos. As lágrimas desciam feito cachoeira.
- Quer apostar? - Diz ele, a morbidez de sua voz me assusta.
- Você nos odeia, tudo bem, eu também me odiaria se estivesse no seu lugar... -Diz Will.
Isso não está ajudando em nada. Penso.
- Mas, por favor... - Will continua. - Mate somente a mim.
Me espantei com a sua coragem. O ar daquela sala ficou estranhamente frio. Sinto medo de perder Will novamente.
- Eu vou te matar, pode ficar tranquilo. - Fala Sam. -Mas eu quero matar ela e o bebê na sua frente antes.
Will segura a minha mão com mais força ainda e engole em seco.
- Não, você não seria capaz disso. -Digo, tentando convencer a mim mesma.
- Tem certeza? - Pergunta Sam, fazendo um arrepio percorrer minha espinha.
Então, Will solta a minha mão e se ajoelha devagar. Eu nunca poderia imaginar Will Traynor ajoelhado e se humilhando, mas as circunstâncias pediam isso. Afinal, eu e o bebê corríamos sério risco de vida.
Sam começa a rir, aliás, gargalhar. Sinto nojo de mim mesma por já ter me envolvido com ele.
- Por favor... - Will suplica, chorando.
- Ah, como é bom ver um sujeito arrogante e prepotente como Will Traynor cair de seu pedestal. - Sam comemora. - Vou estourar uma garrafa de champanhe depois que eu matar vocês.
- O problema Sam... - Will continua. - É que não é somente a mim que você vai estar matando, ou a Lou, ou o bebê...
- É mesmo? A quem mais eu estarei matando então? - Indaga Sam.
- Você estará matando a si próprio, aos seus princípios, a sua alma...
- Me poupe da filosofia barata. - Ele interrompe.
- Não é filosofia barata, é a mais pura verdade e você sabe muito bem disso. Além do mais, não é só a sua alma que está em jogo, tenho certeza que o meu pai vai te caçar até no inferno pra te colocar na cadeia de volta, ou talvez ele até se vingue pagando na mesma moeda, tirando a sua vida. -Ameaça Will, se levantando do chão.
Não consegui ver o olhar que Will lançou para Sam naquele momento, mas tenho certeza que deve ter sido tão amedrontador quanto eu imaginei.
- Então, nos vemos no inferno Traynor. - Diz Sam, mirando ainda mais a arma.
- Abaixa essa arma, por favor. - Grito, histericamente. - Você não é assim, eu sei que você não é.
-Eu me tornei assim.
-Não, você já parou pra pensar no que está prestes a fazer? VOCÊ VAI MATAR UMA MULHER GRÁVIDA. - Meus soluços eram incontroláveis.
- Se é pra matar alguém aqui, mate somente a mim. - Reitera Will, segurando minha mão tão forte que já estava machucando. Mas eu não me importava, estávamos unidos na mesma bolha de dor e sofrimento. Queria abraçá-lo, queria desesperadamente abraçar Will e me sentir protegida, mas não era adequado naquele momento.
Tento pensar em alguma solução, só havia um jeito de convencer Sam, dando a ele o que ele queria.
- Eu fico com você. - Digo, abruptamente. - Não é isso o que você quer? Não é por isso que você está tomando medidas tão extremas? Então, fico com você.
Ele dá outra sonora gargalhada.
- Não quero que fique comigo por pena, já me humilhei demais. Pense pelo lado positivo, Lou, você vão poder fazer companhia um pro outro no inferno.
- O que você quer que a gente faça? Eu estou disposto a fazer qualquer coisa. - Diz Will.
- Eu só quero que vocês morram, simples assim. -Diz Sam, com uma naturalidade assustadora.
- Isso vai ser tão ruim pra você quanto pra gente, Sam. Não estrague a sua própria vida, e a vida de uma criança inocente. - O desespero de Will me parte ao meio.
- Eu não me importo, Traynor, a verdade é que eu já não me importo com mais nada.
Então, Sam aponta a maldita arma em direção à minha barriga.O pavor me deixa estática.
Seja o que Deus quiser.
Acontece tudo muito rápido, como num filme de ação. Não consigo raciocinar direito. Só consigo ouvir o som agudo do tiro que vem em minha direção, pronto para assassinar a mim e a minha criança. Então Will se joga na minha frente, recebendo a bala do revólver em meu lugar.
Ele cai com força no chão, e eu já não consigo pensar em mais nada.
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Como Eu Sou Com Você
RomanceLouisa Clark estava apaixonada por Sam e estava, finalmente, reconstruindo sua vida em Nova York, trabalhando na residência dos Gopnik, até que a volta inesperada de Will faz sua vida virar de cabeça pra baixo novamente.