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— Anda Valentina, come logo esse pão pra gente ir pra escola! — dizia enquanto arrumava a mochila para Tina poder ir à creche.

— Não quero não mamãe, quero ficar vendo Luna! — esse desenho já está me tirando dos nervos.

— A mamãe promete que quando voltar coloca pra você.

— Não, no "outlo" dia você disse que ia coloca, e não colocou. — ela e essa mania de trocar o R pelo L, como Patrick diz, parece até o cebolinha.

— Mas a mamãe jura que vai colocar pra você Tina, vamos logo! — esbravejo.

— Não, mamãe!

— Essa hora já brigando com ela Victória? - diz Patrick descendo as escadas.

—  Eu não estou brigando com ela Patrick, só que ela tá levando um ano pra comer esse pão, e daqui a pouco ela tem que ir pra escola.

— Deixa ela em casa então! — pegou Tina no colo e levou para cozinha.

— Não, ela já faltou a semana passada inteira por conta disso, você está acostumando muito mal ela.

— Acostumando mal é o caralho — ele aumentou o tom de voz e eu me assustei — Não tem necessidade da garota ir pra escola já que você não faz porra nenhuma em casa, não trabalha nem nada, só arruma e cozinha que é tua obrigação!

— Patrick, ela tem 3 anos e fala errado, eu posso ficar com ela, mas ela tem que ir a escola, ela tem que fazer amigos, tem que se acostumar. — disse calma.

— Ela não fala errado nada, Victória. Ela só tem 3 anos, é normal.

— Não é, e ela vai pra escola sim! A Valentina não tem querer.

— Mas eu tenho, e se ela não quiser ir, ela não vai.. Quer ir pra escola filha? —  ela negou — Então não vai, pode voltar a ver seu desenho. — ele a soltou e ela voltou pro sofá, passei por ele e bufei. — Reclama não querida, ficar puta é pior! — subi as escadas e fui para o quarto.

Eu não aguento esse inferno todos os dias, o Patrick tá mimando demais essa garota, uma vez eu briguei com ela e peguei o chinelo ameaçando em bater nela, ela virou pra mim e disse "se você me bater, eu vou te bater também" eu a reprimir e sabe o que ela disse? " Meu papai bate, porque eu não posso?"

aquilo quebrou meu coração, eu não queria que a Valentina crescesse nesse ambiente de agressão, imagina o que se passa na cabeça da minha menina? Eu não cresci assim, e não quero que ela cresça.

- Vou pra boca em, olha a Valentina lá embaixo - disse Patrick pegando sua pistola encima do criado mudo.

- Tá.

- Tá com essa cara porque Victória?

- Nada Patrick. - eu queria evitar confusão, se eu falasse sei que iríamos discutir e não queria isso logo de manhã, já que estava dolorida porque na noite passada o mesmo havia me batido.

- Tu acha que nasci ontem né?! - se aproximou - se for por causa da Valentina..

- Não é por causa da Valentina não Patrick - me levantei - sabe o que é? TÔ CANSADA DAS TUAS PATIFARIAS, EU TÔ CANSADA DE SAIR DE CASA E OUVIR PIADINHA, O QUE É? EU NÃO DOU O QUE VOCÊ QUER? VOCÊ TEM QUE PROCURAR NA RUA MESMO? - já chorava- PATRICK EU ESTIVE DO SEU LADO QUANDO PUTA NENHUMA ESTAVA, E VOCÊ NÃO ME DÁ UM PINGO DE MORAL.- as palavras voavam da minha boca.

- NÃO TE DOU MORAL FILHA DA PUTA? TU TÁ AQUI PORQUE?

- NÃO É ISSO QUE EU ESTOU FALANDO, CASA, COMIDA E DINHEIRO QUALQUER UM ME DÁ, EU TÔ FALANDO AMOR, COMPANHEIRISMO, FIDELIDADE E LEALDADE!! - eu já não conseguia mais parar de chorar. - você sabe o que a Valentina falou pra mim quando eu briguei com ela? Disse que iria me bater porque via o papai dela me batendo, e porque ela não podia? Isso me dói Patrick, eu não mereço isso.. - fui para dentro do banheiro que tinha no quarto e me tranquei, não esperei nem a resposta do Patrick, sabia que o mesmo iria me bater.

Primeira Dama [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora