Souldrak's: A Sociedade Perdida

Capitulo 1 -- Um Dia Perfeitamente Louco

- Atenção, o que eu vou dizer a seguir pode mudar sua vida, e não irá ser para melhor.

Meu dia havia começado da forma mais normal possível.Minha mãe gritava sem cessar na porta do meu quarto para que eu me levantasse, sua paciência estava por um fio. Ela estava ameaçando arrombar a porta se eu não a abrisse. Eu juro.

- Arthur, abra já essa porta ou juro que vou... - Ouço sua voz ficar baixa ate se tornar inaudível quando destranco a porta fazendo um *click* alto. Ao abrir à vejo com sua habitual expressão cansada, bolsas fundas abaixo dos olhos castanho-âmbar, os longos cabelos loiros amarrados em um coque mal feito, as mãos calejadas e o avental preso a cintura com o nome de Eliza bordado a mão, o que indicava que ela já havia lavado a louça e eu perdido meu café da manhã

- Bom dia pra você também - Digo olhando-a nos olhos o que sempre a deixa envergonhada e corada, gosto de a ver assim, parece mais viva e não uma múmia egípcia de 1.000 anos. Ela se vira de costas para mim e ouço um pesado suspiro vindo de sua direção antes de dizer a mesma frase de todos os dias.

- Se arrume logo, Érick já está chegando com o pai dele. Você está atrasado. - Ela começa a caminhar em direção a cozinha para seus outros afazeres matinais.

Érick é o que podem chamar de meu melhor amigo, já que é um dos únicos, ele mora há três quarteirões daqui, em um dos condomínios chiques da cidade. Todos os dias ele passa em frente a minha casa com seu pai e me leva a escola para que eu não vá de ônibus.

- Bom dia Sr. Stucker. Olá Érick. - Cumprimento-os assim que abro a porta traseira do Crossover me acomodando no banco. A viajem segue sem nenhuma palavra vinda dos dois. Érick não tinha um bom relacionamento com o pai, eles raramente se falavam, coisa que temos em comum, já que o meu vivia em estado permanente de bebedeira , quando não estava desmaiado no sofá da sala, estava discutindo com minha mãe.

O dia na escola tinha sido muito calmo, o que me levou a pensar no que Jhonny poderia estar fazendo que não veio atrás de confusão ainda. Jhon é o valentão da escola, aquele que todos tem medo e que abrem caminho para o mesmo passar, e que eu tenho uma rixa constante que me faz querer socar a cara dele e de Mike e Stuart, dois garotos espinhentos com cara de bunda que acham que são algum tipo de capanga de Jhon, ridículo, estão sempre o seguindo como cachorrinhos.

Não demorou muito descobri o motivo de tanta calmaria, Jhon havia matado aula, eu teria deixado isso pra lá, juro, mas ao final da aula e o vi entrar correndo em um beco seguindo um garoto ao qual eu nunca havia visto por essa região, o vi apenas vagamente mas não poderia deixar Jhon implicar com mais ninguém.

- Érick vamos atrás dele, é a hora de nos vingar - Digo pegando o braço do garoto baixinho e troncudo que chamo de amigo e tento puxa-lo em direção ao beco, sinto que ele nem se move e paro para ver o que aconteceu. Seus olhos azuis estavam fixos em um carro preto do outro lado da rua, o cabelo castanho voava ao vento e sua expressão me deixou muito apreensivo.

- Vá você. Eu preciso resolver um problema de família. Eu aviso a Sra. Mond' Stein que você ficou para fazer um trabalho - Ao final da frase, sem olhar para mim, ele se movimenta rapidamente em direção ao carro, mais rápido do que eu achei que alguém com as pernas tão curtas pudesse andar.

Dou de ombros ainda achando estranho mas sigo correndo até a entrada do beco e o que vejo nunca vai sair da minha mente.Os dois capangas de Jhon estavam jogados na lixeira no canto do beco cobertos de sujeira e coisas que prefiro não saber. Jhon se encontra no meio do beco, ofegante e pingando suor. Uma de suas mãos cobria um corte na região das costelas. A sua frente encontra-se o garoto que vi correr, ele estava perfeitamente bem, seus olhos possuíam uma íris em tom avermelhado impressionante, seu cabelo desajeitado davam um ar jovial e belo, aparentemente era alguns centímetros mais alto que eu e estava em uma posição de luta.

- É isso que você tem? isso não é nada pode vir com tudo, eu aguento - Jhonny diz com seu sorriso provocante de sempre no rosto olhando o garoto de cima a baixo.

- Já chega, eu não tenho tempo pra isso, preciso partir log... - Antes que terminasse a frase Jhonny o ataca com a mão que estava livre lançando seu corpo para frente. O olhar do garoto misterioso não vacila em nenhum momento, sua boca se move de forma que não consigo entender, ele se desvia com enorme velocidade do golpe de Jhon, a palma de sua mão parece entrar em combustão e se choca com força no peito do valentãozinho o jogando para trás desacordado.Neste momento meu corpo se move quase sozinho, saindo de onde eu estava me escondendo, minha expressão deveria ser uma mistura horrível de surpresa e incredulidade, pois o garoto levanta o olhar para mim, não identifico sua expressão mas havia um sorriso notável em seu rosto

- Hey, o que você.. como você fez isso.. - Começo a dizer com uma súbita demonstração de coragem. Porém, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa o garoto se vira e corre em direção a parede se jogando contra a mesma e desaparecendo no mesmo instante. Como um passe de mágica, em um momento o garoto estava ali e no outro simplesmente não havia mais nada.

Corro pelo beco em direção a parede e ao passar pelo corpo de Jhonny um cheiro de carne queimada invade meu nariz me fazendo ter náuseas, ao chegar ao local onde o garoto desapareceu, observo a parede e ela parecia ter uma ondulação estranha, como se fosse liquida e eu pudesse atravessa-la. Ao cogitar a hipótese muita coisa me vem a mente.. Penso em minha mãe, meu pai, Érick.. ÉRICK, é claro. Assim que olho para a entrada do beco não vejo mais o carro escuro no qual ele havia entrado, olho novamente para a parede, sinto que essa decisão irá mudar minha vida para sempre.

Suspiro pesadamente e finalmente me decido...

***Espero que gostem, nao esqueçam da estrelinha <3****