Capítulo 5 -- Descobertas.

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- Mestre, nós estamos quase conseguindo, em pouco tempo o senhor poderá renascer e acabar com aquele que o exilou. - A voz era de um tom agudo e irritante, pertencia a uma espécie de goblin que falava sozinho olhando uma enorme bola de escuridão a sua frente.

Eu estava em uma sala completamente fechada, o teto era arredondado e repleto de marcações com símbolos que eu já havia visto antes nas paredes da enfermaria. Eu não tinha um corpo físico naquele local, era como se apenas minha alma vagasse por ali, a minha esquerda, inúmeras estantes de livro estavam bagunçadas e derrubadas em um entulho de conhecimento. Quem em sã consciência trata livros assim?

As paredes da sala eram de pedra pura, assim como o chão, no centro do local estava uma mesa com frascos coloridos e muitas ferramentas estranhas. Trabalhando na bancada havia um ser pequeno, de pele esverdeada e orelhas pontudas, trajava apenas alguns trapos de roupas e tinha suas mãos concentradas no que fazia enquanto, aparentemente, falava com a bola de matéria escura que flutuava a seu redor. O goblin tinha mais ou menos 50 cm e a esfera era aproximadamente 5 vezes maior que ele.

A cada palavra proferida pelo goblin a esfera soltava vibrações e ia de um lado a outro sem parar, como.... Como se compreendesse.

- O caos retornará em breve, chefe. Estamos quase lá, só precisamos do garoto e da garota. - Ao ouvir isso me desespero. O caos.. Voltar? Isso não pode ser verdade, mas parece tão real. E quem seria esse garoto e garota?

Eu juro que teria soltado um grito constrangedor, mas nada sai de minha boca imaginária. Ainda assim foi o suficiente para o goblin se virar em minha direção como se me visse e correr até mim. Em um instante minha alma é levada a um lugar completamente escuro, como se vagasse por aí. Uma voz grossa, calma e melodiosa invade minha mente, como se muitas pessoas falassem ao mesmo tempo em uníssono.

- O que você acabou de ver não é mentira. O caos está retornando e com ele vem a destruição. Não escolhi você atoa, junte todos contra o mal. Me traga de volta.

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Acordo com um sobressalto. Meu corpo estava encharcado de suor, sentia como se minha cabeça tivesse sido jogada em um liquidificador ligado na última potência, tudo parecia girar. Olho ao redor e ainda estava no quarto que havia me estabelecido noite passada, apesar de achar que todos eram iguais, minhas adagas repousavam ao meu lado.

Ao olhar para as lâminas penso na voz que invadira minha mente na noite passada pouco antes de me ver apagando. Eu podia jurar que o som havia vindo das adagas, mas seria loucura de mais, até para mim.

Decido ignorar o fato - mais um para a pequena lista de coisas que ando ignorando, sabe, para não sair seminu gritando por aí - e me levantar da cama, as faixas e curativos pelo meu corpo estavam incrivelmente secas, o que me faz questionar se elas teriam a capacidade de se molhar.

Caminho pelo quarto observando cada detalhe, os livros, a luminária, a mesinha. Por sorte havia um banheiro mais ao fundo no quarto que eu não havia reparado anteriormente. Tomo um banho demorado assim que retiro as faixas. Meus ferimentos estavam todos curados e não havia nem sinal de cicatriz. Ao sair do quarto distraído começo a andar pelos corredores idênticos, me arrependendo logo depois, pois me encontrava completamente perdido naquele labirinto.

Começo a andar aleatoriamente tentando abrir algumas portas, algumas estavam trancadas, outras davam acesso a salas que eu desconhecia, algumas à alguns quartos vazios.

Depois de cerca de meia hora caminhando dou de cara com Umaru ao virar um corredor. Ela estava com os cabelos presos em um coque desajeitado e uma expressão cansada, que some assim que ela me vê, tendo no rosto um sorriso sarcástico, ela me analisa e depois de alguns segundos, que parecem uma eternidade, ela abre a boca e diz:

Souldrak's: A Sociedade PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora