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"Estava difícil respirar. Meus pulmões pareciam arder sempre que os insuflava de ar. Galhos rasgavam minha roupa e faziam cortes em minha pele, mas eu não parava de correr. Sabia que se parasse ele me pegaria, e eu seria morta.

As folhas secas da reserva de Beacon Hills faziam barulho quando pisava nelas em passos rápidos e pesados. A lua cheia banhava de prata a copa das arvores e entrava por entre a fresta de suas folhas, deixando uma escuridão se estabelecer por meu redor.

A floresta estava em um silencio mortal, se não por dois barulhos; o de meus passos, e a respiração acelerada de meu perseguidor. Nenhum outro animal ousava se manifestar, quão a veracidade do predador.

Não sabia mais onde estava. Queria saber o quanto estava de distancia do predador, por isso virei a cabeça, tentando olhar para trás. A visão fez meu sangue gelar. O lobo corpulento de pelagem negra estava mais perto do que imaginava, podia ver a comissura que se formava em seu focinho a cada vez que ele arreganhava mais as presas enormes e sujas de sangue. Seus olhos eram de um azul frio e cintilante, e as patas deixavam um talho na terra a cada vez que ele pisava. Tive um pensamento mórbido quando me questionei o quanto aquelas garras poderiam fazer um estrago em mim.

Quando estava para voltar minha atenção para o caminho em minha frente, a minha sentença de morte é assinada. Meu pé fica preso a uma raiz de arvore me fazendo tropeçar e amaldiçoar a gravidade que apenas fez seu papel: me levar ao chão.

Caio de lado e sinto quase de imediato a dor lancinante em meu tornozelo junto com um grito de dor sufocado. Acho que o quebrei, mas a adrenalina rugindo em meus ouvidos era tamanha que nem sentia direito a dor, apenas o medo e pavor assim que o monstruoso lobo que habitava meus pesadelos, rugiu com toda a sua força de modo aterrorizante.

Foi quando ele apareceu. Senti que estava a ponto de desmaiar quando pontos negros apareciam em minha visão. Sinto braços fortes a me segurarem e meu corpo é suspendido do chão. O calor de seu peito quase me fez sentir em casa e a dor em meu tornozelo ia diminuindo aos poucos.

"Peguei você, Amy" Olhos incrivelmente verdes brilhavam mesmo por entre o escuro, como se ele tivesse a luz cálida da lua preso em suas íris "Peguei você."

"Isaac" A borda de minha visão começa a esmaecer e tudo fica escuro."

"Isaac!" Acordo em um pulo, o suor formado em gotas por minha testa e escorrendo em minhas costas. Minha respiração estava acelerada, achei que teria um ataque cardíaco ali mesmo. Levei minha mão até o peito, tentando evitar que meu coração pulasse pela boca.

Olhei ao redor, meu quarto banhado pela escuridão e sombra. As janelas tinham as persianas baixas, deixando apenas um pouco da luz lunar entrar pelas frestas em seu tom pálido. Os numeros vermelhos e digitais do despertador estavam a marcar precisamente 04:00 da manhã. Teria de levantar daqui três horas.

Afastei as mechas de meu cabelo escuro de minha testa úmida. Levei as pernas junto ao peito e apoiei o queixo em um dos joelhos. As imagens de meu sonho rondavam minha mente. O lobo não havia sido o mesmo do quintal. Além de ter olhos diferentes, era maior — quase o dobro do tamanho — , mais forte e era tão aterrorizante que apenas de me lembrar do sangue manchado em suas presas, tinha náuseas e arrepios ao mesmo tempo. Aquilo havia sido muito vívido, parecia até que sentia a dor em meu tornozelo, mas sabia que era apenas meu subconsciente imaginando a dor fantasma.

Com a respiração mais controlada amarrei o cabelo em um coque frouxo no topo da cabeça e optei por tomar um banho. Para além de me ajudar a pensar, sabia que não conseguiria dormir mais depois daquilo. Porém, assim que pisei para fora do colchão, guinchei de dor. Levei a mão ao tornozelo e senti-o inchado.

Dark Blood ||TW||Onde histórias criam vida. Descubra agora