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Não lembrava de como Isaac e Stiles me colocaram no carro. Não sei nem em qual carro fui. Não lembro do trajeto e nem quanto tempo demoramos para chegar ao hospital. Simplesmente não havia prestado atenção. O tempo pareceu estar correndo enquanto eu me movia em câmera lenta, meu cérebro desligado do corpo. Mas assim que Isaac encostou o carro no meio-fio em frente ao Hospital de Beacon Hills, eu saltei para fora e corri para dentro. Acho que um dos dois garotos me chamou, mas não me dei ao trabalho de olhar para trás.

Já na recepção fui barrada por uma enfermeira. Seu cabelo cacheado e moreno estava preso e seu rosto se mostrou preocupado ao ver meu estado.

"Calma ai, mocinha!" Seus olhos castanhos buscaram os meus, seus traços não me pareciam estranhos, mas naquele momento eu não consegui a ligar a ninguém "Está procurando algum parente ou amigo?"

"Meu pai," Ela concordou e foi até atrás de um balcão onde havia um computador "Elliot Avery."

Ela digitou algo rápido no teclado, seu rosto iluminado pela tela do monitor. Meu pé batia ritmicamente no chão, abria e fechava os punhos nervosamente, tudo para evitar as lágrimas que queimavam em meus olhos.

Não pode ser verdade. É tudo um engano. Ele está bem.

Repetia esse mantra em minha cabeça desde que havia entrado ali. Stiles só podia ter se enganado. Meu pai era forte. Já eu, não sabia se seria forte sem ele. Já estava considerando simplesmente procurar eu mesma pelo quarto de meu pai quando a enfermeira - Melissa McCall era o que dizia no crachá de seu uniforme - levantou o rosto do monitor. Um pesar disfarçado estava estampado em seu semblante.

"Ala 4, quarto B15" Assenti com a cabeça e me apressei até o elevador.

Apertei o botão seguidas vezes até ver o painel indicar o meu andar. Entrei e as portas se fecharam. As luzes dos botões mudavam a cada andar subido, mas pareceu uma eternidade até chegar no meu. Enquanto isso, a ideia de que meu pai realmente estava morto me assolou, mas a guardei fundo em minha mente a todo custo. As portas se abriram, meu coração batia tão rápido que meu peito doía. Me sentia enjoada enquanto dobrava de corredor em corredor em busca do maldito quarto. Eu desviava de pacientes e enfermeiros na ultima hora, uma vertigem momentânea me fez dar um passo em falso.

Um estrondo alto veio do corredor a esquerda. Alguns curiosos seguiram para lá, decidi que poderia tentar a sorte. Sorte era o que eu estava longe de ter naquele momento. Lukas estava com a cabeça abaixada em direção ao peito, as mãos tão enfiadas entre os fios negros e desgrenhados que podia jura que ele acabaria os arrancando. Seu corpo tremia como uma folha no vento. Reconheci os cabelos longos e ondulados de minha mãe, parada a sua frente e parecendo tentar acalma-lo. Queria forçar meus pés a seguir em frente, mas não conseguia. Quando foi que o corredor ficou tão pequeno e estreito?

Em algum momento, a cabeça de minha mãe se virou para mim. Alguém soluçava alto. Não notei na hora que era eu. Ela pôs suas mãos sobre meus ombros. Pelos seus olhos e ponta do nariz vermelhos, presumi que ela também tivesse chorado.

"É verdade?" Minha voz saiu mais baixa que um sussurro.

"Sim, querida. Ele se foi."

Aquelas palavras caíram como pedras em meu estômago. Ele se foi. Ele realmente havia partido. Senti meu peito se apertar.

"Não...não" Eu afundei minhas mãos nos cabelos, os puxei, mas não senti dor alguma. Estava tudo dormente, formigando. Ela segurou meus pulsos, me fazendo olhar para ela. Naquela hora eu já não controlava mais meu choro que era grande, fazendo minha cabeça latejar. O rosto de Anne era condoído, arrasado pela dor que a embargava.

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