||12||

1.6K 144 119
                                    

Acordei com a sensação de estar morrendo, ou com taquicardia, o que era praticamente a mesma sensação. Meu coração parecia prestes a explodir e saltar para fora de minha caixa torácica, meus pulmões absorviam golfadas de ar sem conseguir se insuflar completamente e o suor escorria pelas minhas têmporas. Sabia que o culpado daquilo eram os sonhos.

A cada noite ia apenas piorando, ficando mais vividos, como se eu passasse de ser apenas uma telespectadora e me tornasse parte dele, como se realmente tivesse estado lá. Mas ainda que tivesse acordado naquele estado, eu não conseguia me lembrar precisamente de todo ele, como acontecia com a maioria de meus sonhos. Os rostos se tornavam borrados dentro de alguns minutos e a linha cronológica de acontecimentos parecia se embaralhar. A única coisa que reconheci foi nomes, os nomes dos meus pais.

Já estava na hora de ir para a escola, e enquanto me arrumava, fiquei tão centrada em tentar lembrar do sonho que não percebi o quanto estava atrasada até o momento que minha mãe bateu na porta de meu quarto.

"Amy, seu despertador não tocou?" Ela me perguntou assim que entrou no quarto.

"Não, na verdade eu acordei antes de ele tocar." Expliquei enquanto tentava amarrar os tênis e colocar a mochila sobre os ombros ao mesmo tempo. Minha mãe me olhou, claramente confusa por meu atraso, lançando-me em seguida um de seus olhares ao qual todas as mães eram treinadas para dar aos seus filhos. 

"Está tudo bem, filha? Você está com umas olheiras..."

Passou na minha cabeça a ideia de perguntar a minha mãe sobre o sonho que tive, provavelmente ela pensaria que sua filha devia estar mentalmente instável, mas a impressão de que minha mãe estava estranha ultimamente ainda apertava em meu peito. Ela sabia de algo. Mas seja o que fosse, não era uma boa hora para pergunta-la.

"Eu estou bem, mãe." Lhe assegurei, ainda que depois do que aconteceu na floresta de noite tivesse me garantido uma prolongada e chata dor de cabeça "O pai ainda está em casa? precisava que ele me desse carona até a escola."

"Luke saiu a pouco de casa, disse que tinha uma prova importante para fazer, e seu pai teve de sair mais cedo para resolver algumas coisas." Informou ela. Amaldiçoando mentalmente, me peguei estranhando a falta de Elliot em casa ultimamente.

"O pai está ficando tão pouco em casa." Comentei.

"Seu pai apenas está muito ocupado com o trabalho de ajudar o xerife a resolver os casos, aparentemente mais um pobre adolescente foi achado morto por um animal perto da reserva de Beacon Hills." Ao falar isso, minha mãe parecia nervosa. Não nervosa do tipo quando se informa a morte de um desconhecido, nervosa do tipo que fazia suas mãos se retorcerem, escondidas atrás do corpo. Eu a conhecia o bastante para dizer que algo estava a incomodando, mas resolvi não questiona-la enquanto ela tinha uma boa desculpa para acabar com aquela conversa - eu estava mortalmente atrasada para a aula. 

^^^^^^^^^^^^^^^^^^•^^^^^^^^^^^^^^^^^^

A porta dianteira da casa se abriu algumas horas depois de Amy ter ido embora. Anne estava na cozinha quando viu seu marido chegar em casa, ela teve de mentir a Amy sobre onde ele andava. Ela tinha que esconder muitas coisas, mas tinha um mantra ao qual sempre mantinha em sua mente: é para o próprio bem dela e Luke.

"Elliot, você passou a noite inteira fora, eu me preocupei que pudesse ter acontecido alguma coisa com você." Ela sussurrou ao abraçar o marido, que como resposta apenas a abraçou de volta. Levantando seu rosto para olhar para ele, Anne deixou um suspiro incrédulo lhe escapar.

" O que aconteceu com você? Eu disse que não deveria ter ido investigar aquilo sozinho." Ela o repreendeu, indo buscar o kit de primeiros socorros no armário da sala.

Dark Blood ||TW||Onde histórias criam vida. Descubra agora