— Então, é isso: Usem a mentira de pânico social até pensarmos em algo melhor como desculpa para o portal ter aberto. — Max disse encerrando nossa reunião.
Nós — Chloe, Charlotte, Max e eu. — sabíamos que essa desculpa não ia colar por muito tempo, mas estávamos pensando em uma ideia para dizer que o portal havia aberto sem revelar que eu era a escolhida. Não me expor muito fazia parte da ideia, mas...
— Então, a Emma pode ir com a gente para o treinamento? — Perguntou Chloe com um sorriso de orelha a orelha.
Mas Chloe queria me arrastar para cada canto da cidade.
—Bem, acho que não haverá problema, desde que ela não chame atenção. — Max respondeu.
Chloe concordou.
— Ainda acho que não é uma boa ideia. — Charlotte foi contra.
— Para de ser tão pessimista, Char. — Chloe rebateu.
— Vamos, está na hora do treino. — Charlotte saiu pela porta com uma cara contrariada.
Chloe foi atrás dela e eu supus que eu deveria ir também.
Parei na porta me virando.
— Tchau, Max. Obrigada por tudo. — Sem esperar uma resposta corri para alcançar Charlotte e Chloe.
Enquanto elas conversavam, submergi nos pensamentos.
Analisei tudo que havia acontecido e as pessoas que eu conheci.
Eu com certeza não teria muito sossego perto da Chloe, mas eu até que estava gostando. Ela é espontânea e parece ser alegre o tempo inteiro. Um pouco de felicidade não faria mal, não é?
Charlotte, por outro lado, parecia mais calculista — Pronta para qualquer coisa que acontecesse. Parecia ser o tipo de amiga que daria a vida para ver a mesma feliz, isso estava óbvio pelo modo como isso parecia irradiar dos seus olhos.
Max era meio na dele, mas parecia ajudar todos por ali. Parecia ser uma grande figura paterna.
E Noah — O garoto que salvara, provavelmente, minha vida duas vezes seguida. — Eu não tinha muito que pensar sobre ele, nós mal trocamos algumas palavras, mas, mesmo assim, uma curiosidade dentro de mim me perguntava se eu ia o ver de novo.
Escutei uns murmurinhos e algo me balançando olhei para o lado piscando pelo pequeno transe que eu tinha entrado, encontrando uma Chloe com uma cara não muito boa ao meu lado.
— Me diz uma coisa, você costuma sempre ficar perdida assim? Eu tô te chamando há umas três horas. — A mesma falou batendo seus pequenos pés no chão em sinal de irritação.
— Não exagera, Chloe. Você só a chamou umas três vezes... — Charlotte defendeu. Se eu gostava dela antes, agora gosto ainda mais.
Chloe revirou os olhos ainda esperando minha resposta.
— Hm, desculpe, sou meio noiada. — Respondi.
Elas me olharam com uma careta.
— Noiada? — Chloe perguntou.
— Bem, é uma pessoa com paranoias, que se perde em pensamentos, algo assim. — Respondi dando de ombros. — Mas o que você estava falando?
— Ah, sim. — Ela abriu um sorriso na mesma hora, parecendo mudar da água pro vinho, essa menina era bipolar. — Agora que você está aqui, em breve iremos para o mundo humano, como é tudo lá? — Perguntou curiosa. Charlotte ficou atenta, querendo ouvir minha resposta também.
— Bem... — Arrastei a palavra pensando no que eu ia dizer. Será que eu deveria falar sobre a alta taxa de criminalidade? Da alta poluição? — Já foi melhor. Hoje em dia, muitas coisas mudaram, as pessoas estão mais gananciosas, sabe? O mundo está sujo. — Dei de ombros fazendo uma careta.
Elas me olharam com um muxoxo. Me senti culpada por estragar a idealização do mundo humano na cabeça delas.
— Mas também, têm muitas coisas boas. Coisas que ainda me fazem ter esperança na humanidade. — Tentei pensar em um exemplo para dar, mas não me lembrava da última pessoa que tinha feito algo bom para o mundo. — Quando vocês forem pra lá, vocês verão por si mesmas. Não quero estragar a surpresa. — Dei um sorriso amarelo. — Mas, então, como funciona o treino? Vocês usam magia e tal?
— Não, usamos armas corpo a corpo. — Charlotte começou explicando. — De alguma forma, Grangover, pegou todos os livros de magia. Nem todos os seres tem magia de ataque e não podemos fazer magias grandes sem os livros de feitiço. E, além do mais, Grangover é poderoso, ele pode fazer um feitiço e tirar nossa magia, se isso acontecer estaremos prontos. — Disse com um sorriso, enquanto girava sua katana na ponta do dedo.
— Então, cada um tem um "dom"? — Fiz aspas com os dedos.
— Meio que sim. — Chloe respondeu. — Tem poderes semelhantes, mas todos tem alguma coisa única.
— Qual é o de vocês? — Perguntei.
— Eu sou uma fada protetora. — Pela voz da Charlotte ela não gostava muito do seu dom. — Minha magia só é ativada quando alguém que amo está em perigo.
— Eu consigo fazer pequenos feitiços específicos, eu poderia expandi-los se tivéssemos os livros. — Chloe deu de ombros.
— Cada ser só tem um dom? — Questionei curiosa enquanto caminhávamos.
— As fadas, sim. Os anjos podem ter até três. — Charlotte respondeu.
— Eu posso saber os meus? — Questionei novamente.
— Bem, talvez eles demorem um pouco para vir à tona. Mas pelo que você nos contou que aconteceu no mundo humano, acho que você já apresentou dois. — Chloe respondeu.
Na reunião com Max, eu havia contado em mínimos detalhes o que havia acontecido antes de eu vim parar aqui.
— Mas também é difícil dizer se eles não são intercalados, como dissemos, cada ser tem dom único, que pode muitas vezes ser semelhantes com o de outros ou muito diferente. Então, não sei dizer ao certo. — Charlotte continuou explicando. Concordei com a cabeça.
— Você saber lutar, Em? — Chloe perguntou. Fiz uma careta com o apelido que elas haviam me dado há alguns minutos.
— Não sei não, eu nunca lutei. — Dei de ombros. Em Bauru tudo era tão monótono, é claro que eu sabia alguns golpes de autodefesa, afinal, morava no Brasil. Mas nunca tinha lutado realmente.
— Mas você é a escolhida, lutar não deveria estar no seu sangue ou algo assim? — Chloe perguntou.
Eu dei uma risadinha em resposta.
— O máximo que eu mato são baratas e até das voadoras eu tenho medo. — Respondi. — Quem sabe outro dia? Hoje eu vejo vocês lutando para ver se aprendo alguma coisa.
— Tudo bem. — Responderam em uníssono.
~~to be continued
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No abismo da loucura (Reescrevendo)
FantasyEmma acorda em mais um dia monótono de sua tediosa vida. No entanto, depois de presenciar um suicídio ela descobre que não vive em um mundo normal e que seu passado lhe esconde muita coisa. Só ela é capaz de quebrar a maldição deixada por um inimigo...