Capítulo 3

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*Na mídia, a mulher do quadro*

~❤~

  — O quê?! — Praticamente pulei do sofá. — Maldição? Profecia? Escolhida? — Repeti as palavras absurdas que Max havia dito.

— Eu sei que é muito para digerir de uma vez só. — Max chegou perto de mim colocou uma mão em meu ombro, tentando me acalmar. — Mas não há outra forma de fazê-la entender. Você não deve acreditar só no que seu olho pode ver, há uma imensidão de magia que você ainda não compreende.

— OK... — Me esquivei do Max andando um pouco para perto da porta. — Vocês são loucos. — Me virei pronta para correr porta afora. — Eu preciso ir embo... — Não consegui terminar minha frase, meus olhos se prenderam em um quadro que eu não havia notado.

Havia uma bela mulher estampada no mesmo. Seus cabelos eram longos e de um castanho mel, em suas costas pendiam grandes asas brancas brilhantes como de anjos, seus olhos de um castanho quase pretos, transmitiam esperança. E aqueles olhos me eram familiar.

Acordei do meu transe quando senti a mão de alguém em meu ombro. Eu tinha andado até o quadro e nem tinha percebido.

— Bonita, não? — Max perguntou com a mão ainda no meu ombro.

— Sim. — respondi hesitando, meus olhos ainda presos no quadro.

— Ah, essa é a Estela. Deusa das estrelas. Ela trazia luz ao nosso Reino, mas... — Chloe foi interrompida por Max que logo se desculpou.

— Me desculpe, Emma. Você deve estar bem confusa com tudo o que está acontecendo.

— Hmm, só um pouco. — Respondi irônica.

— Primeiramente, bem-vinda à Magic City. — disse Max com um sorriso nos lábios abrindo os braços como em um gesto de saudações de boas vindas. — Bem, como o nome já diz, aqui é um lugar mágico, onde só quem tem permissão de entrar são seres mágicos como nós. Mas infelizmente, estamos sendo extintos com a maldição que recaiu sobre o nosso Reino. Estela, Deusa das Estrelas e a mesma deste quadro, era quem trazia Luz ao nosso Reino. Mas um dia, ela foi a causa de toda nossa perdição. Ela foi morta, mas de acordo, com os pergaminhos antigos: Estela não morrera antes de ter sua filha, de alguma forma, ela conseguiu colocar a Princesa para o mundo Humano. Mas a Escolhida para acabar com a maldição retornaria e quebraria não só nosso destino cruel como o do mundo exterior, o mundo humano, que também corre perigo... — Quando Max notou minha expressão de "queria estar morta" ele parou a explicação. — Ah, eu sei que você não deve acreditar, você cresceu no mundo humano. Mas eu posso provar, pelo menos, parte do que eu disse, ok? — perguntou pausadamente, como se eu fosse um bichinho acuado.

— Ah, hmm... Bom, sabe o que é? Eu não vim aqui para saber do seu mundinho sobrenatural de contos de fadas. — dei ênfase à palavra "mundinho" com um sorriso de sarcasmo e continuei. — Eu só preciso voltar para a minha cidade, sabe? Lá em São Paulo. Então, se você me ajudar a sair daqui eu já agradeceria imensamente.

— Mas você não entende? Você não pode sair, você tem que nos ajudar. — Chloe parecia prestes a chorar.

Levantei as sobrancelhas surpresa, mas logo soltei um riso de deboche.

— Chloe, olha fico feliz que ainda acredite em fadas e em Deuses de não sei da onde, mas você não pode fazer com que as pessoas acreditem nessas loucuras. Eu tenho mais coisas com que me preocupar, sabe? — Falei secamente, como se não estivesse assustada com tudo isso.

— Eu vou provar para você. Só fique quieta, sim? — Disse Max em uma pergunta retórica, ríspido.

Eu fiquei quieta não porque realmente achava que aquilo fosse verdade. Mas porque estava com um pouco de medo do olhar ameaçador que o Max trazia em seu rosto, mesmo aparentando ter uns cinquenta anos.

O mesmo pegou uma faca grande em uma gaveta na sua mesa, e eu dei um passo para trás. Por que ele guardava uma faca na gaveta do "escritório"? Boa coisa não podia ser.

Ele apontou a faca para o próprio pulso e eu engoli em seco. Uma grande ferida já se abria no mesmo, e ele não parava rasgando o pulso de fora a fora.

— Pare, por favor, o que você está fazendo? — perguntei gaguejando, com a voz transparecendo medo de repente.

Ele tirou a faca do pulso que pingava sangue, embaixo de seu braço já se via uma poça do líquido vermelho. Max com toda a calma do mundo chamou por Chloe.

Chloe parecendo nem um pouco assustada com toda a cena, andou em direção a Max e envolveu os braços dele em suas pequenas mãos.

Tudo ficou em silêncio durante alguns segundos, até que da mão da Chloe — Acredite se quiser — saiu uma luz branca envolvendo a ferida exposta de Max. Chloe tinha os olhos fechados e um pequeno sorriso nos lábios, parecendo que fez aquilo a vida inteira.

Ela parou abruptamente e deu um passo para trás.

Aquilo era impossível!

Max estendeu seu braço e nele já se via sua pele lisa como se nada tivesse acontecido. A única prova de que ele realmente havia se ferido, era o sangue derramado no chão.

Meus olhos estavam arregalados e minha boca aberta em completo sinal de incredulidade. Eles estavam mesmo falando a verdade ou eu também havia ficado maluca?

— Vê, Emma? Não tem com o que se preocupar. É tudo verdade. A Chloe é uma ninfa com poder de cura e outras coisas. — Falou Max calmamente.

Me joguei em uma poltrona que estava atrás de mim. Eu estava completamente confusa. Mas parando para pensar em tudo que havia acontecido hoje: O suicídio da menina, o homem sugando sua vida, os elásticos nas pessoas, as luzes, essa Cidade que parecia ter surgido do nada e, por fim, isso.

— Hmm, eu acho que preciso de um tempo para raciocinar tudo isso. — Eu murmurei me encolhendo na poltrona. — Mas me diga uma coisa, por favor? Quem é mesmo aquela mulher no quadro?

Repousei meus olhos novamente na mulher, me passava muita calma. Como se os olhos dela estivessem me hipnotizando.

— A Deusa das Estrelas, Estela. Sem ela nosso mundo é sem vida, por isso, nosso mundo foi amaldiçoado, está tudo caindo aos pedaços, muita gente está morrendo, não temos mais suprimentos e nem mesmo podemos sair daqui. — Chloe estava cabisbaixa.

— Como eu entrei, então? — perguntei.

— Como eu disse, Estela mandou sua única filha para o mundo humano. Os pergaminhos dizem que só a Escolhida, filha da Rainha, poderia trazer luz ao nosso Reino novamente e enfrentar nosso inimigo: Grangover. — Max explicou.

— Você ainda não respondeu minha pergunta. — Eu disse.

— Você é a escolhida, Emma. Filha de Estela, Deusa das Estrelas, a Rainha. — Disse-me Max calmamente.

~~to be continued

No abismo da loucura (Reescrevendo)Onde histórias criam vida. Descubra agora