Poço

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Narrado por Alice.

Saímos da barraca e fomos até a porta que ficava ao lado doa banheiros e levava ao terreno vazio, José pulou a porta de grade amarelo.
- Marcos ajuda elas a subir que eu pego elas daqui - Disse o José.
- Quem vai agora? - Disse o Marcos.
- Eu - Respondeu a Bianca.
Ela colocou as mãos na grade e Marcos ajudou ela no impulso, ela passou uma perna para o lado de lá e depois a outra, José ajudou ela a descer.
- Eu não quero ir - Disse a Thais.
- Por que? - Eu perguntei.
- Eu tenho medo - Ela respondeu -Tenho muito medo.
- Todos nós estamos com medo Thais - Disse o José do outro lado - mas a única forma de superar o medo é enfrentando, se não o enfrentamos vamos viver chorando e se lamentando por não ter tido coragem.
Ela colocou a mão na grade e subiu da mesma forma da Bianca, logo em seguida Marcos me ajudou e por último ele passou.
- Quem trouxe lanterna? - Eu perguntei.
- Eu - Respondeu José e a Bianca ao mesmo tempo.
Os dois acenderam a lanterna e seguimos em frente sem fazer barulho, o poço ficava quase no fundo do terreno, seguimos em fila encostados na parede para o caso de alguém nas salas acordar, não conseguir nos ver.
Pisei em um galho quebrado e fiz muito barulho, todos nós paramos e eles olharam para mim, a luz de uma sala acendeu e o José e a Bianca desligaram a lanterna rapidamente.
Uma sombra apareceu diante da luz da lanterna, ficou parada por alguns segundos que pareceram horas.
- Deve ter sido algum animal - Disse uma voz masculina e apagaram a luz.
- A próxima vez eu te mato - Sussurrou a Bianca na minha frente e voltou ligar a lanterna.
Mais alguns passos cautelosos chegamos ao poço cheio de palha de arroz. Fizemos um círculo envolta do poço.
- Querem mesmo fazer isso? - Pergunta o José.
- Se isso for nos ajudar a acabar com esses espíritos eu quero - Disse o Marcos do meu lado.
- Marcos - Eu o chamei e ele olhou para mim.
Abracei ele e o beijei ele segurou minha cintura e retribuiu o beijo, tinha medo de que algo acontecesse e queria aproveitar o máximo.
- Para no caso de algo acontecer - Eu disse.
- Voltando ao assunto casal de pombinhos - Disse o José - vamos tirar essa palha.
Todos nós enfiamos a mão para tirar as palhas, esbarrei minha mão em algo duro, segurei e comecei a puxar era um pouco pesado, Marcos começou a me ajudar e conseguimos tirar o que tinha dentro.
Reprimir um grito e segurei o vômito, era um osso, não sabia se era de gente ou de animal, larguei o osso no chão virei as costas e comecei a vomitar.
- Calma amor - Disse o Marcos com a mão nas minhas costas.
- É... É um... - Vomitei novamente o resto da comida da festa - é um osso.
- Só resta saber se é de gente ou de animal - Disse a Bianca.
- Vamos ver se tem mais aqui dentro e vamos juntar - Disse o José.
- Você é louco - Disse a Thais - são ossos.
-No fim das contas nós cinco somos loucos - Ele respondeu - nós vemos espíritos e por algum motivo desconhecido nós cinco temos que resolver algo quem nem sabemos o que é para que essa droga acabe, então é melhor pegar em ossos do que ir para um hospício.
- José vamos procurar só eu e você - Disse o Marcos.
- Eu também procuro - Disse a Bianca - já vi coisas piores do que ossos.
Eu sentei em cima de uma pedra e a Thais sentou do meu lado, ficamos em silêncio observando eles tirarem os ossos do poço, meia hora depois eles terminaram.
- O que acha que é essa coisa? -pergunto me levantando.
- É de gente - Responde o José - olha o tamanho do fêmur.
- Quem foi enterrado aqui? - Perguntou a Thais.
- Talvez a Marina - Responde o José - ou o Rodrigo, ou talvez o Fernando, ou o homem de olhos hipnotizantes vocês viram, ou alguém do primeiro cinco clube dos cinco, quer mais opções?
- As vezes você é muito ignorante - Eu disse.
- As vezes vocês fazem perguntas idiotas demais - José responde.
- Sinto muito mais não é todo mundo que é tão Otelo gente como você - Eu disse.
- Vamos colocar esses ossos no lugar e sair daqui por favor - Marcos nos interrompeu.
Eles colocaram os ossos no lugar e saímos de fininho de novo até a porta, José passou primeiro, e novamente o Marcos foi o último a passar.
- O que vocês estão fazendo aqui? -Perguntou uma voz masculina atrás de nós.

Série Cemitério: Cemitério Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora