Capítulo 6- Ele podia ver.

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E lá estava eu, no meio do parque segurando uma cesta, esperando que por um milagre eu estivesse pelo menos "apresentável". Eram três horas da tarde de um sábado e eu estava lá, esperando pra ter um encontro, que por sinal eu não tinha ideia de como seria, com a garota mais linda que eu já vira.

Eu olhava no relógio a cada dois segundos, com medo de que ela não aparecesse e eu fizesse papel de idiota, parado sozinho no parque com uma cesta. Se alguma coisa desse errado eu pelo menos teria sanduíches. Eu estava olhando envolta quando meu celular tocou:

- Alô?

- ELA JÁ CHEGOU? COMO TÁ INDO?

- MEU DEUS, ISAQUE! – Eu falei mais alto do que gostaria então abaixei a voz e disse olhando para os lados pra me certificar que ela não estaria ouvindo aquilo- Ainda não! E eu te disse pra não ligar, credo parece minha tia.

- EU TO CURIOSO, CARA! AINDA NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VAI TER UM ENCONTRO! QUE FOFO ELE, GENTE.

- Olha, eu juro por Deus... –quando disse isso vi que ela finalmente tinha aparecido. Com as mesmas botas, e por mais quente que tivesse, usando calça e blusa de mangas compridas, estava linda.- Eu tenho que ir, não me liga de novo, eu estou falando sério.

- NÃO, CALMA EU TENH...

O telefone cortou a voz dele, não acreditei que ele tinha me ligado. Mas eu já tinha esquecido a babaquice do Isaque, e tinha uma coisa muito mais importante para me concentrar, e ela estava vindo na minha direção.

- OI! –Ela sorriu e veio me abraçar.

- E aí?! – Retribuí, juro que foi o abraço mais desconfortável da minha vida.

- Cesta? Nossa vai ter coisa de comer, adorei.

Sorri. "Claro, como eu iria te chamar para sair sem ter coisa pra comer? Hãmmm... vamos sentar."

Ela me ajudou a estender a toalha embaixo de uma árvore muito bonita lá. Ela não queria ficar no sol. Acho que explicava por que ela era tão branca. Só usava roupas com mangas compridas e ficava fora do sol o tempo inteiro, diferente.

- Desculpa o meu atraso – Ela disse, enquanto eu tirava os sanduíches da cesta e colocava na toalha. - Meus amigos tiveram um... Problema e eu tive que ajudar.

- Ah sim, tudo bem. Eu só não consegui ficar na cafeteria, aquelas mulheres me expulsaram de lá porque eu não comprei nada.

- Nossa elas são muito antipáticas, eu sempre vou lá e elas ficam me olhando estranho.

- Sim! "Olha, acho bom você comprar alguma coisa, comer e dar o fora daqui, porque aqui não é bar pra ficar sentado sem comprar nada não hein, garoto".

Ela riu da minha imitação ridícula, fiquei lisonjeado.

- NOSSA FICOU IDÊNTICO – Ela disse ainda rindo, mesmo eu sabendo que foi muito ruim, ela parecia não ligar- Pode me passar o suco?

Eu sorri, passei o suco pra ela e dei o sanduíche. Me senti bem e animado, parecia o começo de uma coisa boa. Parei e fiquei olhando pra ela.

- Que foi? Tá fazendo o quê?

- Memorizando isso.

Eu voltei pra casa aquele dia cantarolando, passando pelas ruas escuras sem medo e sem nenhuma paranoia que me assombrava durante as ultimas semanas. Ela me deixava tranquilo, queria congelar aquela tarde e viver nela pra sempre.

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