Demons Inside Me

Capítulo 7- Olhos Negros

- ISAQUE!

Eu gritei muito alto assim que vi o título daquela postagem.

- AIMEUPAIDOCEU! –Ele disse pulando da cama- O que houve?

-Acharam a garota! A Luciana!

- MENTIRA! Lê a noticia!

-Claro! –Disse já clicando no link- Isaque, nem acredito! Agora tem mais uma pessoa que passou pelo o que eu passei, alguém que eu possa conversar e entender o que esta acontecen...

Antes que eu terminasse a frase, o link carregou e li a primeira frase, junto com Isaque, que já estava parado ao meu lado. "Corpo de jovem estudante moradora de Tempe é encontrado próximo a cidade, perto do acostamento. Atualizaremos as noticias diante de novas informações."

- Parece que não. –Disse Isaque se afastando e sentando na cama com o olhar assustado. Nunca tinha o visto sem palavras.

Logo depois da noticia da noite nenhum de nós conseguiu se concentrar. Isaque decidiu que era hora de ir para a casa, e eu concordei. Eu precisava ficar sozinho pra surtar um pouco. Assim que ele foi não quis conversar com mais ninguém, peguei as sobras do bolo e subi, entrei no site para reler a noticia e conferir se não tinham atualizado com mais informações. E tinham.

"O corpo da Jovem, Luciana Vasconcelos, foi encontrado ao lado de um acostamento próximo a cidade de Tempe. O corpo foi mandado para a autopsia, os legistas têm como principal suspeita ataque animal, já que a garota estava com dilacerações de mais de trinta centímetros em seu abdômen, costas, pescoço e peito [...] A seguir anexamos algumas fotos, já alertamos de antemão que os mais sensíveis devem se preparar, pois as imagens são fortes."

Então eu desci a página e lá estava, o corpo da garota jogado na estrada, muito mais torcido na região do abdômen do que um corpo humano é capaz, com seu quadril para um lado e o tronco direcionado para o lado oposto, os cortes eram tão profundos e largos, deviam ter quarenta centímetros cada, que fizeram todo o seu pequeno corpo perder o formato e ficar totalmente contorcido, como a foto mostrava claramente. Ele estava desfigurado, e se não fosse pelas suas roupas e pelo conhecimento familiar eu duvido que alguém a identificaria apenas pelo seu rosto, pois estava machucado e afundado em algumas regiões. Tinha hematomas como se estivesse sido submetida a brigas e agressões constantes, a cabeça estava mais para trás do que deveria por conta das dilacerações em seu pescoço. Mas apesar do sangue e do formato perturbador de seu corpo, ainda era possível identificar que sua blusa era de um programa famoso, "Bazinga" estava escrito em um formato cartunesco. Suas calças eram jeans rasgadas e usava um Vans branco, agora rosa devido ao sangue. Só era uma adolescente comum, saindo pra mais um dia normal.

Eu não conseguia mais respirar, meu coração estava batendo forte, rolei a página pra cima rápido, sendo incapaz de ver mais fotos, incapaz de ver aquele corpo contorcido de maneiras que nem sabia que eram possíveis. Cheguei para trás encostando na cadeira com os olhos fixos na tela, quando encostei respirei fundo, fechei os olhos e sussurrei:

- Merda.

Eu e Chloe estávamos passeando juntos no centro da cidade naquela tarde, tomando milk-shakes. Ela estava me contando entusiasmada sobre suas experiências infantis e eu era todo ouvidos. Quando vi duas pessoas saindo de uma loja com um banner e amarrando-o na grade ali perto, e nele se lia: "Memorial para Luciana Vasconcelos. Convidamos todos os amigos e familiares para uma última homenagem a jovem. No Sábado, no parque da cidade, inicio às 18h".