Parte 2, capítulo 1: Borboleta Azul

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Eu saí da casa correndo, de mãos vazias. Quem ele achava que era? Me chamava para um lugar vazio e me dava uma missão, assim do nada. Minha vida não é um filme, série ou jogo para acontecerem coisas assim. Continuo correndo até me cansar. Caio em algum lugar e a minha última lembrança é de estar no hospital. Minha mãe do meu lado, dormindo enquanto segura minha mão.

Me levanto num sobressalto e a chamo diversas vezes... mas não sei quanto tempo ela ficou acordada por mim, então é melhor deixá-la como está. Talvez... talvez ela esteja cansada demais.

Meu celular está logo ao lado, então o pego para ver a data e a hora... ok, eu fiquei desacordado por cinco dias. Já não é demais? E não só isso... estou com fome. Poderia chamar uma enfermeira... mas elas são chatas. É fugir de fininho e comprar algo decente para comer.

Peguei um pouco de dinheiro na bolsa da minha mãe e segui algumas indicações apagadas que diziam onde era o restaurante do hospital. As pessoas pareciam não ligar para mim, apesar de ser um paciente perambulando por aí. De qualquer forma, cheguei em paz ao local sagrado. Por que sagrado? Óbvio: contém comida.

Eu pego coisas que considero leve e levo para a mesa. Observo o movimento de pessoas, que é parecido com a época de exames finais no colégio: muita gente chorando, cansada e muita gente alheia ao que está acontecendo à sua volta também. Um homem se senta na mesma mesa que eu mas não se deu ao respeito nem de falar comigo. Achei rude, mas resolvi não comentar, apenas terminei de comer e me dirigi ao caixa para pagar pelo que comi.

Chegando no caixa, eu entrego o dinheiro a moça... ou ao menos tento. Ela continua conversando com o homem ao seu lado. Tento chamar sua atenção inúmeras vezes, e quando penso que me notou, ela apenas atendeu uma senhora que chegou para pagar o chá que tomou.

A senhora não notou que eu estava na sua frente? Aliás... ninguém notou...

Começo a gritar em meio ao hospital, chamo atenção. Mas para quem? Ninguém parece me ver ali, é como se eu fosse invisível.

É aí que tudo fica cinza. E a única cor que vejo é o azul de uma borboleta. Aquela borboleta. A borboleta do jardim. Eu a sigo, pois é a única pista que tenho nessa minha experiência extra corporal.


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⏰ Última atualização: May 01, 2017 ⏰

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