Capítulo 80

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   Já se aproximavam das 00h, eu continuava sentada no sofá, com aquela xícara de chá nas duas mãos, olhando pros inúmeros quadros espalhados pela parede:

Lolla: Mellyssa?

  Voltei a atenção para a mesma, que me olhava mechendo os dedos:

Lyssa: Oi?

Lolla: Você..hm..quero te mostrar uma coisa.

  Levantei e coloquei a xícara na mesa, passei a mão no nariz, espirrei e assenti:

Lolla: Vai pegar um resfriado.

Lyssa: Provavelmente sim.

  Subimos as escadas de madeira rústica, passamos pelos corredores, paramos em frente ao antigo quarto de Gus:

Lolla: Nós não mechemos em nada, está do mesmo jeito que à 2 anos atrás.

  Meu coração saltitou:

Lyssa: Tudo..tudo do mesmo jeito?

  A voz saiu falha :

Lolla: Sim.

  Colocou a mão na maçaneta e eu olhei:

Lolla: Pode ficar à vontade.

  Me deu passagem para abrir a porta e saiu.

  Minhas mãos estavam trêmulas e o simples ato de abrir uma porta, se tornou algo difícil, meu cérebro imaginava mil coisas e ao mesmo tempo reproduzia um filme de tudo que já passamos juntos, já estava ali à alguns minutos, só imaginando coisas.

  Depois de um tempo criei coragem e girei a maçaneta, estava tudo como antes, o cheiro dele invadiu minhas narinas, me fazendo voltar ao passado.

  Até mesmo a cama estava bagunçada, os livros espalhados na mesa de estudos e algumas roupas penduradas na porta do guarda roupas, meus passos ficaram lentos e eu não conseguia parar de pensar nele

Como seria se nada disso tivesse acontecido?

  Era a pergunta que martelava sem parar, eu sentia, sentia que ele estava aqui, mesmo sem poder vê-lo, eu sentia sua presença, era como se algo invisível estivesse ao meu lado à cada movimento, só observando tudo que eu fazia.

  Fiquei no quarto por mais ou menos uma hora, depois de ver tudo, ouvi a voz do meu pai no andar de baixo, abri uma gaveta e vi um caderno de capa vinho, alguns desenhos em dourado e um pequeno cadeado.

  Soprei a poeira que se acumulava sobre ele, a porta foi aberta:

Lolla: Seu pai está aqui...

  Olhou para as minhas mãos:

Lyssa: Me desculpe...

  Entreguei o caderno pra ela:

Lolla: Isso pertence à você.

Lyssa: Mas..

Lolla: Era um diário que o Gus tinha, não contava pra ninguém sobre esse objeto, depois do assassinato, enquanto eu pegava algumas coisas, achei ele trancado no criado mudo.

Lyssa: Diário?

Lolla: Sim.

  Descemos pro andar de baixo:

Carlos: Como você está?

  Dei de ombros:

Lolla: Aqui está a chave.

Lyssa: Obrigada Lolla.

Lolla: Eu que tenho que agradecer por tudo que você fez para o meu filho, sou muito grata à você Mellyssa.

  Sorri fraco:

Carlos: Vamos?

Lyssa: Tchau Hugo.

Hugo: Volte mais vezes.

Lyssa: Volto sim.

  Entrei no carro, o percurso foi de silêncio até meu pai resolver ligar o rádio, pra deixar o clima mais animado ainda

Olá ironia :)

Olá Cons ♡

  Estava tocando When I Was Your Man - Bruno Mars, sério isso?Mas que diabos tem que tocar músicas tristes em momentos tristes?

  Alguém me balançou, abri os olhos e vi que estava em casa, abracei o diário e entrei.

  Estava tudo silencioso, apenas subi pro quarto, coloquei o caderno na cama e me deitei.

O dia tinha sido cansativo..

E triste..

Como sempre..

O Filho Do Meu PadrastoOnde histórias criam vida. Descubra agora