O Filho Do Meu Padrasto

Capítulo 83

   Me levantei e encarei o homem baixo que olhava para nós por cima dos óculos imensos que ocupavam 70% da sua cara pálida:

Lyssa: Pode falar logo?

Doutor: Sim, espere um segundo.

  Revirei os olhos enquanto ele ia até uma enfermeira que parecia atriz pornô, ela ficou olhando para Mattheus e enrolando uma mecha de cabelo.

   Abaixei ficando da altura do meu pai que estava sentado com o rosto apoiado entre as mãos, eu ouvia o choro abafado e isso acabava comigo:

Lyssa: Se acalma, ela vai ficar bem.

Carlos: Eu queria me acalmar, eu queria ter essa certeza, mas tem alguma coisa aqui dentro falando que isso não vai acontecer, que minha vida vai virar de cabeça pra baixo e vão acontecer coisas que vão mudar tudo daqui em diante.

Lyssa: Eu sei que é difícil, eu sei o quanto é horrível ficar esperando em uma recepção de hospital enquanto você não sabe se quem você ama está bem, se essa pessoa está viva, mas por favor, você precisa ser forte, independente do que aquele homem careca ali falar, você tem que me prometer que vai ser forte o suficiente pra aceitar qualquer coisa que ele disser, por favor, me promete isso e me dê a certeza de que você não vai desistir à essa altura do campeonato.

  Segurei as mãos dele e olhei no fundo de seus olhos:

Carlos: Não posso te prometer uma coisa que eu não tenho certeza que vou cumprir.

  Suspirei, o médico tocou minhas costas, levantei e olhei pra ele:

Doutor: Desculpem minha demora.

  Assenti:

Doutor: A paciente teve uma parada  respiratória como eu já tinha lhe dito.

  Olhou pro meu pai que assentiu:

Doutor: Nós conseguimos reanimá-lá, ela ficou consciente por alguns minutos, aplicamos a anestesia e fizemos o parto, Ellyse acordou alguns minutos depois, pegou a criança no colo por alguns segundos..

  Respirou fundo:

Doutor: Depois ela simplesmente sorriu, falou algo que as enfermeiras não ouviram, repousou a cabeça no travesseiro, tombou a cabeça pro lado e...

  Senti um aperto no coração:

Doutor: Ela morreu, sinto muito.

  Abracei meu pai que começou a chorar, eu não sabia o quê dizer, até poucas horas atrás ele estava bem, ela estava bem, tudo estava bem, e agora, de uma hora pra outra descobrimos que ela está morta?Não, não é fácil, apesar de ter sofrido tanto nas mãos daquela mulher, eu aprendi a gostar dela, aprendi a conviver com ela, que era uma ótima pessoa com um coração imenso, sei que eles se amavam de maneira inexplicável, e agora?

Só o tempo vai dizer.

   Voltei meu olhar ao médico:

Doutor: A criança está bem.

Lyssa: Posso ir vê-la?

Doutor: Claro.

Lyssa: Já volto.

  Olhei pro meu pai que estava sentado no sofá da recepção com os olhos vermelhos e inchados, sua expressão era de surpresa, como se a ficha ainda não tivesse caído.

  Segui o doutor por aqueles corredores brancos do hospital, paramos em frente à uma porta branca, ele girou a maçaneta e eu vi vários bebês deitados em uma espécie de mini-berços: