Diário de um garoto solitário

03. superando

Insisto em dizer que estou bem, mesmo sem quase nunca estar. Digo pra evitar perguntas à respeito de coisas que nem eu mesmo sei explicar. Nem sempre existe um motivo aparente, uma razão coerente, quase sempre é um nada. Acontece que existem dias em que a tristeza chega, e se acomoda; falar sobre não adianta absolutamente de nada, e acaba na verdade piorando completamente tudo. E pra evitar alguém cavando no profundo do meu eu, respondo automaticamente “estou bem”, e finjo que realmente tudo está certo e que nada está fora do lugar. Ninguém entenderia a completa bagunça que existe em mim. E pra ser sincero, nem eu mesmo entendo.

......................

Eu sou assim. Eu guardo pra mim e não digo nada. Eu ponho um sorriso no rosto e finjo que não doí, que eu não ligo e que não me atinge. Já perdi as contas de quantas vezes impedi uma lágrima de rolar pelo meu rosto. Mais pode ter certeza que quando eu desabar vai ser feio. Quando eu me permitir chorar vai ser o choro mais triste do mundo.

É por isso que eu me mantive firme e não deixei que ela me matasse ainda mais, que destruisse a minha vida que já era sem sentido antes mesmo dela chegar.

Depois de quase três meses e meio de dor, eu resolvi que era hora de dar a volta por cima, e Rafael também quis me ajudar.
Ele e Tori tentaram me animar de várias maneiras, e ate me levaram em alguns encontros duplos.

Foi um fracasso, mas até que eu me diverti bastante.

.....

Na sexta depois do expediente, Tori, Rafael e eu saímos para comer num sush bar perto de casa.
Era bem famoso, e nós três costumávamos ir lá sempre.
A única diferença dessa noite, é que eles levaram com eles uma nova acompanhante.

— eu nunca comi num sushi bar, como é?- a minha companhia pergunta animada.

Lindsey era linda, e bastante engraçada, mas não era o tipo de garota que prende a minha atenção por mais de 30 minutos .
Eu fui educado e permaneci sorrindo por fora o tempo todo, mas por dentro eu não via a hora daquilo acabar.

— é bem legal, você vai ver.- Rafael responde.

Nós andamos até chegar no lugar, e depois de pedir uma mesa, Lind sentou ao meu lado.
A empolgação dela com o lugar até que era legal, era só uma pena que não fosse contagiante.

Rafael me olhava volta e meia, e me dava aquele sermão de desfaz essa cara com os olhos.
Eu tentei, juro que tentei, mas aquilo estava um tédio horrível e eu não consegui disfarçar.

Lind se levantou e foi ao banheiro sozinha, Tori se aproximou de mim na mesa e falou.

— oque foi? Não gostou dela?