Rey havia dormido muito bem em comparação com as noites anteriores onde o barulho da mata e o saco de dormir no chão o fizeram passar por desconforto. Na taverna alugou o melhor quarto para si e para Brannford, e desfrutara o tempo em uma cama macia como jamais experimentara antes. Pôde comer à vontade e sem restrições ao olhar arrogante do taverneiro que antes o havia esnobado, todo prazer por apenas dois tibares de ouro. Havia um gosto diferente naquilo tudo. Era sua primeira noite como um rei (ou o que ele pensava de um rei). Já o bárbaro não se acostumara muito com a cama. Aquele lugar era muito diferente do que considerava um "quarto", porém ao mesmo tempo que se sentia desconfortável e deslocado, observava e aprendia com o Povo-Do-Vilarejo como agir entre eles. Usar roupas em todo corpo, cumprimentar com mesuras: bajulação; eram conceitos novos para ele.
Com uma roupa nova completamente limpa, Rey, após tomar um delicioso banho, vestia um novo par de botas negras e lustrosas, uma camisa de linho, branca e macia, e uma calça de algodão. Levou sua antiga calça rasgada até sua bolsa e arregalou os olhos, surpreso, com o que vira dentro dela. Embolotado e sujo de terra estava ali seu sobretudo vermelho, o sobretudo de Vectorius. Retirou-o com avidez, os rasgos nas extremidades e mangas de uma fuga desesperada pela liberdade, dias atrás. Não sabia como ele havia parado ali, mas seu instinto o fez olhar para Brannford e sorriu, se o bárbaro havia descido até a cratera para resgatar seu sobretudo sentia-se na obrigação de retribuir o favor.
Assim pegou o saco de tibares ganhos pela sua primeira missão e dividiu-os em partes iguais, mesmo que Brannford não visse muita utilidade para tal. Também comprou-lhe calças novas, mas descobriria mais tarde naquela manhã que o bárbaro não se sentiria a vontade com elas, rasgando-as e criando um saiote que caia-lhe até os joelhos em trapos das cores roxo e laranja.
Pela tarde as barracas de comércio foram montadas mais uma vez e os produtos começaram a ser expostos. Gente de todo o reino e até alguns aventureiros de outros distantes se aglomeravam gastando seu ouro com suvenires, bebida, comida e jogos. O grupo de bardos contratados começou a tocar músicas animadas que embalavam os corações e as mentes na bebedeira e na grande farra que ali se tinha início. Os clérigos de Marah eram os mais alegres e incentivavam o consumo de hidromel, a dança e a alegria, porque, para eles, o mundo perfeito era um mundo assim, onde as pessoas não precisavam se preocupar com os problemas e com os conflitos que cerceavam cada esfera daquele mundo.
Ao ver Rey e Brannford bebendo perto do chafariz, Allen se aproximou, amistoso. Eles não viam o clérigo desde o dia anterior quando ficou no templo dos deuses junto com seus irmãos e irmãs de fé.
– Começaram cedo, não? - Brincou, chegando com um sorriso jocoso.
– Nunca é cedo! - Brannford disse erguendo o caneco vazio, já podia-se notar a alteração em sua voz, por causa da bebida.
– Vejo que finalmente encontrou roupas mais condizentes com a vida na cidade – Disse sentando-se no chafariz – E Rey, belo sobretudo.
– Brannford ganhou do amigo Rey! - Ele, surpreendendo o garoto de olhos vermelhos, avançou envolvendo-o em um abraço de força desmedida.
– Ok... Brann... - Disso o outro mal conseguindo respirar.
O bárbaro soltou-o e olhou para Allen que respondeu com um gesto nervoso.
– Você quer um abraço também amigo Allen?
– Sai fora, cara – Disse enquanto abanava as mãos em um gesto de negação.
– Ei, Brann, quem sabe você não vai pegar mais bebida? - Sugeriu Rey.
– Brannford vai! - Disse indo em direção a tenda que as vendia.
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O Anel do Imperador
AdventureCo-autor: Yukida (https://www.wattpad.com/user/yukidashi) Arton, o ano é 1389. Rey Blackstar sempre acreditou que estava destinado à grandeza, mas que nunca conseguiria atingir este objetivo morando nos confins de Sambúrdia e ainda de casamento marc...