Meus amigos apostaram cinquenta reais para que eu entrasse naquela casa. Ela era misteriosa e sombria. Cabia nela milhares de histórias assombrosas e assustadoras de até tremer a espinha. Muitos dos que entraram nela, saíram aos prantos para o conforto de seus pais. Mas eu estava confiante! Me sentindo quase heróico. Estava determinado de ser o primeiro homo sapiens a pisar naquela casa e sair de lá psicologicamente bem.
Parei frente à porta e certifiquei-me de que meus amigos não iam fazer nenhuma gracinha, como me assustar ou me empurrar de cabeça pela entrada.
Ao adentrar nas lendas, me deparei com cacos de vidro espalhados por toda a parte próximo às janelas. O chão, velho e empoeirado, tinha as madeiras colocadas não uniforme, havia buracos entre as tábuas que possibilitam ver o porão em escuridão abaixo de meus pés. Deu uma certa vertigem ao analisar isso.
Ao pé da escada algumas dessas tábuas se sobressaltavam de forma quadrangular, cheguei mais perto e vi que era um alçapão, abri-o e senti o cheiro de morte subindo e correndo por minhas narinas direto para os meus pulmões queimando o meu sistema respiratório. Tapei o nariz com a mão e comecei a respirar pela boca, comecei a sentir o gosto daquilo. Era terrível. Olhei para as escadas de aço que ali me esperavam e desci. Rangiam e batia um eco ensurdecedor pelas paredes do andar de baixo.
Encostei meus pés no chão aparentemente úmido e viscoso, vi um corredor de pedra, parecia intacto em relação à casa, pois essa havia passado por um incêndio uns meses atrás. Me embrenhei naquilo e analisava com terror a cada passo dado.
Não gostaria de narrar essas palavras, porém vi que havia pegadas... Entrando cada vez mais nas trevas daquele lugar. Calafrios...
Peguei meu celular no bolso de trás, acendi a lanterna e ao começar a caminhar na mesma direção do rastro de pés. Me percebi numa pequena saleta obscura e fétida. Apontei meu celular para todos os lados e vi ao fundo algo no chão. Deitado. Imóvel. Mal cheiroso. Terrivelmente amedrontador.
Me aproximei e vi que era um homem. Coloquei meus dedos no pescoço do indivíduo e nada. Aquele corpo estava desprovido de alma. Estava frio. Triste. Úmido. Nojento. Muitas características para descrever toda aquela situação.
Suas roupas rasgadas me fizeram pensar que fora atacado por algo não humano: havia cortes em formato de arranhões enormes... Tinha também muito sangue na região posterior da cabeça o que me fazia acreditar que algo o tinha acertado com extrema força. Os arrepios pioraram.
Levantei tremendo, me afastando devagar daquele cadáver. Meu passo afundou. Virei-me. Um corpo pulou em minha cara. Soltei tudo.Os olhos... aqueles olhos sombrios... olhos sem olhos... A boca sem dentes... os braços estendidos para baixo. Paralisei. Olhei para aquele corpo bizarro. Gritei! Gritei mais do que os meus pulmões poderiam suportar! Corri mais que minhas pernas. Subi escorregando as escadas. Sai a plenos pulmões pela porta e só parei com aquele susto ao chegar em casa.
Meus amigos me perguntaram sobre o que eu havia visto, porém eles não iriam acreditar em minhas palavras.
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Contos - em Revisão e melhoramentos
Ficción GeneralCada conto uma ideia nova. Um sonho diferente. Um pensar variado. Uma história fechada. Gostos? Quem ousaria criar um livro de prosa com tantos temas e viagens diversificadas? Eu mesma! Sinto que as situações mais inusitadas serão postadas aqui. As...