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Uma semana se passara desde que o bilhete misterioso parou nas mãos de Coline. Agora ela sabia que estava completamente envolvida com o caso. Estava sentada na sala de sua casa fingido estar lendo um livro. Embora fosse sábado, há poucos minutos Ralph recebera uma ligação pedindo que ele comparecesse à delegacia. Coline sentia-se completamente desprotegida, mas isso não a assustava.

Não soube o que fazer desde que abriu aquele envelope. Pensara naquilo durante a semana toda, mas não sabia como agir. De repente deixou o livro de lado e subiu ao sótão. Eles haviam se mudado há pouco tempo, mas era impressionante como o lugar já estava tão cheio de entulhos. Dezenas de caixas amontoavam-se umas sobre as outras. Ela não se lembrava de todas aquelas coisas. Ficou tentada a abrir as caixas, mas não poderia perder tempo agora, não era aquilo que estava procurando.

Mesmo durante o dia, o lugar transmitia um ar de mistério sob a penumbra. Algumas caixas tapavam uma pequena vidraça por onde deveria passar a luz. "De onde surgiu tudo aquilo?" Coline vasculhou por entre algumas revistas velhas, mas não conseguia enxergar direito. Ela se aproximou da janela para afastar os caixotes. Não eram pesados, mais uma vez pensou em os abrir, abaixava-se para descobrir o que havia ali dentro, mas notou algo estranho pelo canto do olho. Virou-se para a janela, mas não viu nada diferente, aguardou alguns minutos até que seus olhos focalizaram alguém no seu quintal. Pelos longos cabelos loiros parecia ser uma mulher, mas o corpo demonstrava o contrário, de onde estava não era possível identificar a pessoa. Coline fitou-a, estava olhando para cima, estava olhando para a janela. Coline sabia que do meio do quintal era possível ver além daquela vidraça. Era provável que a pessoa estivesse olhando para ela.

Ela pensou se deveria descer e ver quem era, mas quem quer que fosse continuava parado no mesmo lugar, não fazia menção de ir à porta. Depois de mais alguns minutos paralisada, Coline lembrou-se que estava ali para procurar os jornais antigos que falavam dos desaparecimentos de cinco anos atrás, voltou-se para o sótão, agora já conseguia vê-los entre as revistas que remexera há alguns minutos. Voltou a olhar pela janela, mas a pessoa havia sumido.

Ela desceu as escadas o mais rápido que podia. Abriu a porta. Estava atônita. Percorreu todo o jardim em volta de sua casa, mas ninguém estava ali, tudo permanecia como sempre foi. Enquanto descia as escadas, pensou ter ouvido a descarga de uma motocicleta, mas a rua estava deserta.

Como uma pessoa poderia ter "fugido" tão rápido?

Coline entrou na casa novamente, decepcionada por não ter descido antes. Sentando no sofá, pegou a bolsa que sempre leva para o trabalho, sabia que Ralph não mexeria nela. Ali estava o envelope já todo amassado. Logo voltaria ao sótão para analisar novamente aqueles jornais velhos, mas sentia a necessidade de reler aquela carta.

Tirou o papel de dentro do envelope. O bilhete resumia-se em uma única linha.

"Eu sabia que você entraria no jogo, esperta!"

Antes Que Seja TardeOnde histórias criam vida. Descubra agora