Capítulo Três.

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Isabella narrando:

─ Mamãe, quero brinquedo do carrinho ─ Lucas me olha com seus olhos castanhos e brilhantes, ele mostra na televisão um comercial de carrinhos de corrida, não era a primeira vez que me pedia.

─ A mamãe vai comprar...

─ Já é a terceira vez que você diz ─ ele abaixa a cabeça e olha para os próprios pés, o pego no colo e beijo seu rosto, meu coração acelera.

─ Desculpa a mamãe, mas não temos dinheiro, você entende? A mamãe precisa comprar comida com o que resta, quando a mamãe trabalhar ela compra os carrinhos pra você.

Ele assente ainda de cabeça baixa e o aperto em meus braços.

Já havia se passado uma semana, eles ainda não haviam me retornado, como imaginava eu não havia passado no teste, estava me odiando, eu podia ter me saído melhor mas fiquei nervosa.

Todos os dias checava meu e-mail, mas estava difícil, nada de empregos, ninguém abria as portas para mim, já estava louca e às vezes pensava até mesmo na hipótese de fazer o que mais temia... sexo. Sexo por dinheiro.

Quando se é estuprada, quando se passa por um trauma, você acaba criando medo e meu medo era de fazer sexo de novo, nem gostava de pensar, sexo e policiais militares eram com certeza um medo que levaria pro resto da vida.

Não digo que não superei, eu superei, mas estará sempre marcado em mim.

Estava fazendo o almoço quando Jéssica entra pela porta toda louca e vem me abraçar.

─ Você passou pra segunda etapa! ─ ela diz gritando e pulando. Fico sem entender.

─ Como assim, louca? ─ arqueei a sobrancelha.

Jéssica havia achado algo normal ter isso tudo em uma entrevista de emprego para ser babá, ela disse que ele era muito poderoso e que os filhos eram algo especiais para ele e que não queria ninguém que não fosse adequado cuidando deles.

─ Me ligaram hoje pela manhã, disseram que não conseguiram falar com você, sua entrevista é depois de amanhã e será com o Sebastian Guimarães.

Meu coração gela só de escutar esse nome, fico nervosa e sinto um frio na barriga. Só de pensar que iria encarar ele.

─ Ah... se fui mal com a secretária dele, imagina só com ele.

─ É só manter a fé e confiança, confie em você mesma e nada de se mostrar insegura.

─ Ele sabe intimidar as pessoas.

─ Não só sabe intimidar, ele sabe ler as pessoas, sabe quando mentem, quando falam a verdade, amiga ele é juiz, quer o quê? ─ ela diz revirando os olhos.

─ Devemos pensar em uma segunda opção caso eu não passe... não quero te dar prejuízos.

─ Você não dá e nunca deu, eu amo o Luquinhas e você, não me importo, minha vida não é a mesma sem vocês dois.

Ela me abraça e beija minha cabeça.

─ Vai dar certo, você vai conseguir um emprego.

Será? Não sei se era capaz e até mesmo porque estava tudo difícil.

***

Na quinta fora minha entrevista com Sebastian e eu estava dentro de um vestido que batia acima dos joelhos, ele era liso e de cor preta, ficava um pouco marcado em minha cintura e quadril, mas não era vulgar, era um dos vestidos de Jéssica, o salto era o mesmo, baixinho e preto. Meus cabelos estavam soltos dessa vez e em sua forma natural: ondulados. Tentava ser o mais formal e simples possível. Jéssica disse que eu estava bem e bonita, confiei nela.

Meritíssimo [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora