Capítulo Nove.

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Isabella narrando:

Estou mais um dia na mansão Guimarães, as crianças estão pra escola e pelo meu relógio que marca quinze pras doze elas já estão chegando. Me prontifico na porta para recepciona-las, olho em meu relógio de pulso e quando dá exatamente meio dia e doze o carro blindado adentra os portões enormes da mansão.

Clarisse e Christian são os primeiros que disparam em minha direção quase me derrubando, e por último é Clara, a vejo dentro de suas roupas do balé e só então me recordo que hoje era sua apresentação de balé na escola, ela estava tão animada nos últimos dias e até feliz, se é que posso dizer isso, treinava e se empenhava todos os dias, eu queria poder vê-la dançar, tenho certeza que se saiu perfeitamente.

Mas diferente dos outros dias, ela não me dirigiu nenhuma palavra ao passar cabisbaixa por mim, encarava o chão arrastando sua mochila no chão, seu rosto estava avermelhado assim como seus olhos, ela estava chorando. 

Não a intervir, apenas peguei sua mochila e a observei subir os degraus desanimada, com toda certeza entristecida e eu mais ou menos sabia o motivo disso tudo. Não demorou muito para TJ surgir coçando sua cabeça e suspirando. O encaro, ele também está com um olhar entristecido, Clara é a única que nos trata com um brilho, mas hoje, esse brilho parecia ter se apagado.

─ O que houve? ─ pergunto preocupada, estranhava esse comportamento da parte dela.

─ Hoje foi a apresentação de balé dela, o senhor Guimarães não pôde comparecer... e parece que isso era tudo na qual ela queria, a presença do pai ─ ele diz baixinho e se retira.

Naquele instante sinto meu coração em pedaços. Clara sempre esteve querendo conquistar a atenção de seu pai, isso era notável, mas infelizmente ele não se importava com a filha, ela era apenas uma criança, tinha sentimentos, ela só queria ele ali, a assistindo, a encorajando. 

Que diabo de homem mais idiota! 

Bufo indignada e subo as escadas em direção ao quarto das meninas. Quando abro a porta sou surpreendida por Clarisse que saí quase me empurrando de dentro do quarto. 

Encaro a imagem de Clara, sentada em sua cama, encarando o chão. Em imediato me aproximo dela, puxo o puf e me sento de frente pra ela, tiro sua sapatilha e a coloco de lado. Abro meu melhor sorriso e toco suas mãos.

─ E então? Dançou bem? ─ pergunto animada, ela me olha, bufa triste e olha pro lado disfarçando as lágrimas que se formavam nos seus olhinhos azuis e brilhantes.

─ Dancei... mas... ninguém estava lá, nem você, Bella ─ diz deixando suas lágrimas escaparem. ─ Eu só queria o papai lá... mas ele não foi.

Ela me encara, seu olhar puro e inocente faz meus olhos se inundarem de forma crítica, sinto meu coração em pó. Me sento em seu lado na cama e abro meus braços a convidado pro famoso ''abaço de urso mamãe'' como diz Lucas. Ela hesita, mas logo me abraça forte chorando em meu peito, abraço seu corpo frágil também deixando uma lágrima escapar.

─ Me desculpe por não ir, Clarinha ─ peço baixinha. ─ Tenho certeza que dançou muito bem.

─ Eu dei o convite duas vezes pra ele... ─ ela sussurra contra meu peito, abafando o choro. ─ Esperei dois domingos pra entregar os dois convites e ele disse que ia.

─ Está tudo bem, meu amor... ─ acaricio seus cabelos lisos e loiros de forma materna.

Como ele pôde fazer isso? Logo com a filha dele? Que homem é esse? São apenas crianças desprovidas de amor tanto materno como paterno, ele trata as crianças como fantoches, como e fossem seus inimigos mortais. Mas eram apenas trigêmeos, eles precisavam de amor e atenção.

Meritíssimo [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora