Isabella narrando:
Observo cada detalhe da sala de jantar, o banquete sobre a mesa, o desjejum das crianças... Ovos, bacon, sanduíche natural, suco natural sem muito açúcar, frutas, salada de frutas e panquecas. Ok, pra quem está acostumada com pão, manteiga e café isso é realmente um exagero.
Eu estou sentada, ansiosa, estava aguardando as crianças que se preparavam pra escola. Enquanto isso sentia minhas mãos trêmulas, elas suavam mesmo com o ambiente climatizado, apesar das janelas não estarem abertas deixando o vento forte adentrar as janelas e portas, o sol permeia as cortinas fechadas e o ar deixa tudo bem geladinho. Batia o pé meio nervosa a reação das crianças, mas não devia ser tão difícil.
Meu coração bate forte enquanto analiso cada minúcia da mansão, cada detalhe bem feito, olho tudo de boca aberta de certa forma, bem, nem a mansão que trabalhava antes era tão enorme quanto a mansão dos Guimarães. Devia dar muito trabalho para limpar ali, mas pelas minhas contas, havia mais de cinco empregados ali, até onde eu tinha visto, é óbvio.
Ouço vozes finas se aproximando e nesse momento meu coração bate mais e mais forte, sinto o suor se criando em minha testa, Deus, era só três crianças.
Eles chegam na sala de jantar acompanhada de Luisa e mais uma mulher de aparência cansada. Eram crianças lindas e aparentemente bem cuidadas, alvas, de olhos azuis e cabelos loiros, esbanjavam sua elegância no ar, de certa forma, um poder também cujo haviam herdado do pai.
Eles passam por mim como se eu não existisse, me ignoram praticamente ali sentada e nervosa. Cada qual ocupa seu lugar, na verdade, os dois. Me peguei mais nervosa ainda por não saber identificar qual das meninas era Clara e Clarisse. A menina e o menino se sentaram e logo depois veio uma das meninas com um urso na mão, ela tinha um jeitinho mais meigo enquanto a outra estava com uma carranca de poucos amigos. Ela se sentou do lado da irmã e a outra bateu no ursinho de pelúcia da mais meiga fazendo-o cair no chão.
─ Vai chorar, bebezona chorona? ─ falou com um ar de deboche pra garotinha meiga que revirou os olhos e se levantou.
─ Você é desprezível, Clarisse ─ diz a meiga se levantando e vindo sentar perto de mim. Pego a pelúcia no chão e entrego pra mesma. ─ Obrigada.
Essa devia ser a Clara, como está na apostila, a mais educada e na dela. Ela parecia uma boneca de tão linda que era e o uniforme escolar lhe deixava ainda mais parecida como uma. Eles estudavam numa escola do Canadá bem cara aqui do Rio, só a prestação era coisa de dois mil reais, mas o pai deles podia, não é mesmo? Ela tinha cabelos até o meio das costas, eram lisos e loiros, a pele branquinha pela privação de sol, creio eu, e nenhum deles eram magrelos, ao contrário, pareciam bonecos de tão perfeitos que eram. Parei para analisar a Clara e reparei uma diferença que não havia nos outros: um dos olhos dela não era azul, era mais escuro, um verde, um castanho-esverdeado e isso só fez dela ser mais linda ainda.
Eles comem em silêncio. A Clarisse e Christian brincam com a comida enquanto a Clara come em silêncio e de forma educada sabendo escolher cada talher, ela segura seu urso no colo e parece meio triste.
─ Clarisse... ─ Luisa começa, ─ devia tirar isso do cabelo, sabe que se seu pai olhar ele irá castigar você.
Reparo na Clarisse e vejo uma mecha do seu cabelo pintado de roxo, creio que por hidrocor.
─ Ele não vai olhar. E sabe por que ele não vai olhar? Porque ele nunca está em casa, ele nunca tem tempo pra gente, então ele não está nem aí pra nós três ─ ela fala de forma protestante.
─ Isso não é verdade ─ Clara murmura e olha pra irmã. ─ O papai ajuda as pessoas, por isso ele não tem tempo.
─ Clara, cala a boca e para de defender ele, sabe que é a verdade ─ dessa vez o garoto fala do lado da irmã mais velha.
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Meritíssimo [DEGUSTAÇÃO]
RomanceIsabella Araújo só queria arranjar um emprego para que pudesse sustentar seu filho Lucas e, esquecer seu passado seguindo em frente. Mas seu novo emprego lhe trará um juiz e seus filhos pequenos sem uma mãe presente que serão realmente uma missão di...