O começo de uma amizade

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  Chega dia 20 de julho. Dia do amigo.
  Todos eufóricos, declarando seu amor em todas as redes sociais, escrevendo etc.
  E eu, rezando para que o dia terminasse, e com ele ir junto a tristeza de mil motivos para eu ficar triste por não ter amigos. Eu só tinha colegas.
   Uma rápida explicação:
   Sou totalmente antissocial. Fora a menina do coque (Lara), jamais me atrevi a puxar conversa com ninguém. E, sinceramente, eu não tenho amigos, porque levo o conceito de amizade muito a sério. Amigo pra mim, é aquela pessoa incondicional, está contigo para o que der e vier, compartilha os segredos (até os mais profundos), e sabe tanto de mim quanto eu mesma, e é claro ter comigo uma sintonia tão forte que só com um olhar uma já saiba o que a outra quer dizer.
Mas, voltando ao dia 20 de julho, minha professora de redação entrou na sala com uma ideia no mínimo absurda:
  -Vocês vão escrever uma carta para uma pessoa com quem vocês querem fazer amizade.
  -Mas professora que ideia absurda! Você não tem nada melhor pra fazer da vida não?!- Pensei em dizer, mas isso quebraria totalmente a imagem de aluna exemplar e obediente. Então preferi focar na minha tortura.
  Como já se pode deduzir, escrevi minha carta para a menina do coque. Ficou assim:
   “Lara,
     Me chamo Elisa e gostaria muito de ser sua amiga.
     Gostaria também de lhe fazer algumas perguntas:
  •Porque você usa esse coque todos os dias?
  •Qual é o mistério que te envolve?
  •Qual é o seu segredo?
  •Você sente cócegas?
   Eu sei que são perguntas idiotas mas gostaria de fazê-Las mesmo assim.
   Queria muito conversar com você e fazer essas perguntas pessoalmente, me tornar sua amiga, participante dos seus mistérios, mas sou muito tímida.
   Há! Eu tomei a liberdade de te apelida de ‘A menina do coque’ (por causa do seu penteado).
                             
                     Ass.: Elisa (ou Lisa se preferir)
P.S.: Também gostaria de saber seus filmes, livros, músicas e seriados preferidos”

   Mas, é logico, não entreguei a carta. A minha timidez não permitiu. E, para minha sorte, entregar a carta ao destinatário não era obrigatório.
  Fiz um envelope e escrevi na frente:
“Para Lara”
  E o guardei em meu caderno.
  Na hora da saída pus meu caderno rapidamente na mochila, e não percebi na hora que o envelopinho caiu.
  Ninguém percebeu.
  Exceto uma pessoa:
  Lara.
  O porquê de ela não ter devolvido imediatamente a carta, eu só soube muito tempo depois.

A Menina Do CoqueOnde histórias criam vida. Descubra agora