A morte de Lara

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  Como eu disse, Lara sobreviveu mais um mês.
   Magra, quase cadavérica, cheia de olheiras e sua voz, era praticamente um sopro.
   Lara passou seus últimos dias no hospital, eu os passei com ela. Estava sempre tentando fazê-la esquecer do câncer.
   No seu último dia de vida (parece que todos pressentiam isso), ela pediu para que eu, o pai e a mãe ficássemos ao seu lado. E ela disse:
  -Preciso dizer-lhes algumas coisas: Mãe quero que pare de fumar- devo dizer que havia uma força surpreendente na sua voz- faça algo útil, lute pela vida, seja feliz...
  “Pai...dê apoio a minha mãe, ajude-a, seja forte.
  Lisa, minha querida irmã, seja forte, lute pelo que ama, grite ao mundo o que sente, faça novos amigos, Eu te amo irmã de alma...”
  Dormimos todos juntos a ela, esperando ela acordar para agradecer por mais um dia, abraça-la e dizer o quanto era forte e vitoriosa.
  Mas ela não acordou.
  Morreu dormindo, com um sorriso de ternura nos lábios.
  Seu último sorriso, seu último adeus.
 
   O enterro foi de poucas pessoas, somente aquelas que sabiam o quanto ela era fantástica e especial.
    Minha irma  de alma... A única pessoa nessa vida que sabia de mim ate o que nem eu mesma sabia. Ela não levou um pedaço meu, ela levou minha essência.
    Fiquei, durante todo o enterro, perplexa, transpassada de dor, com um buraco enorme no meu peito, pronto para explodir em choro.
    Mas não chorei.
    Não ali.

A Menina Do CoqueOnde histórias criam vida. Descubra agora