Milagre(A história da Vívy)

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Depois da loja, Vívy e José encontraram-se no Bar.
-Puto!
-Você é louca PAH! O que vai ser?
-Para mim, uma 2M...
-Essa é a minha brada! Chefe, uma 2M e uma Manica, please. Antes que me esqueça, estás gata.
-Nada de "Manhicadas" hehehe.
-Nada disso! Como está meu afilhado?
-Crescendo! Sabes, Manhique mandou uma mensagem! Leia.
"Olha! Lembre do nosso acordo, vê se não andas por ai a falar de qualquer maneira! E evita conversar sobre isso com aquele teu capanga do José. Amanhã estás de folga, vai deixar o miúdo naquela tua amiga, e me encontre no lugar de sempre"
-Capanga! Eu? Ele não perde por esperar.
-Deixa aquele trouxa! Vamos beber.
-Melhor! Mas diz-me, vais lá ter?
-Não tenho escolhas, enquanto não me aparecer outra coisa.
-Como conheceste aquele banana?
-Tens certeza?
-Fale.
-Conheci o Manhique em Matutuine, onde nasci. Ele tem umas quintas por lá. Convenceu minha avó que cá na cidade eu teria mais possibilidades! Ele pagaria por minha escola e eu trabalharia para ela.
-Seus pais?
-Minha mãe morreu.....  Eu tinha apenas 3 anos, nunca soube do meu pai.
-Sinto muito!
-Faz muito tempo. Quando cheguei aqui, ele alugou a casa onde estou e apresentou-me a esposa como filha de um falecido amigo. Nos primeiros meses foi uma maravilha, um verdadeiro conto de fadas. Matriculou-me numa escola privada, e terminei a Décima segunda classe.
-Pelo menos isso!
-Calma! Numa noite dessas, ficamos a trabalhar juntos, e inventou de levar-me para casa. Parou num Bar e convidou-me a beber qualquer coisa, voltamos para o carro e começou com muita conversa! Eu era grata a ele, e naquela noite, fez-me várias promessas... Dentre elas, a chance de fazer uma faculdade, mesmo que fosse privada. No calor do álcool e das promessas, quando dei por mim, tudo tinha acontecido naquele carro. Sai com a calcinha na mão e corri para casa.
-Vívy...
-Não me julgues, irmão!
-Claro que não.
-No dia seguinte, não fui trabalhar, ele mandou-me mensagem cobrando meu silêncio. Fiquei desesperada, irmão. Meses depois fiquei sabendo que estava grávida! Procurei fazer aborto com ajuda de um enfermeiro, amigo do Manhique, mas...  Ele descobriu que era muito arriscado para mim, poderia morrer! Informou ao Manhique, ele mandou fazer e pediu que o Enfermeiro não me informasse do risco. Não sei! Acho que Deus tomou dianteira, no dia que devia fazer aquilo, na casa do enfermeiro, a esposa do Manhique passou mal e tive que ir sozinha. Quando lá cheguei, o Enfermeiro olhou para mim, e revelou-me o que se passava. Saí dalí e  fui a Matutuine para conversar com a minha avó, mas quando lá cheguei.... (ela chora) fiquei sabendo que minha avó tinha morrido há dois meses, e que tentaram localizar-me, sem sucesso.
-Mas, tu não ías lá regulamente?
-Não! Como faria, com o nosso trabalho? E na altura estava sô.
-E depois, o que aconteceu?
-O que deves estar a imaginar, regressei a cidade, tentei seguir. Mas passado algum tempo, Manhique começou a fazer de mim sua segunda esposa, tentei recusar, mas dependia muito dele, e tinha uma faculdade para pagar e um filho que vinha. O salário é insuficiente, tive que ceder! Depois de tentar arranjar outro emprego, sem sucesso.
-Sinto muito!
-Também sinto!
-Sei que os patrões são HIV positivo...
-Graças a Deus, eu e meu filho somos negativos.
-Que bom!
-Tudo que quero, é conseguir um emprego, e livrar-me daquele monstro.
-Ufff, chega de lágrimas, por hoje! Vamos dançar.
-Você manda.

O Preco dos SegredosOnde histórias criam vida. Descubra agora