Capítulo 1 - The only one I wish I could forget

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Três meses depois

O relógio marcava seis e meia da tarde quando eu tranquei a porta da loja para ir embora, a luz do dia estava começando a ser substituída pelos focos luminosos dos postes de luz da rua e o céu estava levemente escuro, criando aquele cenário típico de "fim de tarde". O transito estava uma loucura e em meio a buzinas e barulhos de carros, podíamos escutar como musica de fundo "Jingle Bells" e o barulho de sinos tocando, mesmo que já estivéssemos no dia 26 de dezembro. Eu, particularmente, adorava aquela estação, adorava o frio e tudo o que ele trazia consigo, mas naquele ano eu não estava para o clima natalino, na verdade, se não fosse pela neve e todo o agito do Natal eu nem teria percebido essa data chegar. O restante das lojas já estavam se fechando também, mas o movimento na rua pareceu ter se intensificado devido ao horário e eu agradeci mentalmente por não precisar de nenhum meio de transporte para ir para casa.

- Tchau Anahí, até amanha...

- Tchau Cassie, bom descanso.

Respondi educadamente sorrindo em resposta. Cassie era uma nova funcionaria que Cristina havia contratado para me ajudar, ela tinha apenas dezoito anos mas era uma garota decidida e muito responsável apesar de ser um tanto dispersa, eu me divertia bastante com ela e em pouco tempo tínhamos virado boas amigas. Ela lembrava-me um pouco de Rebekah, tinha uma historia e uma personalidade muito parecida com a dela então provavelmente deveria ser por isso que nós nos enturmamos tão rápido.

Cassie seguiu o seu caminho e eu fiz o mesmo enquanto pensava o quanto era estranho pensar em Rebekah e nas circunstancias em que nos conhecemos. Aquela parte de meu passado me parecia tão distante, eu havia me desprendido de tudo que lembrava-me daquilo, era como se tudo o que havia acontecido comigo nos últimos sete anos tivessem sido apagados de minha mente e eram apenas uma lembrança adormecida, que eu tomava o máximo de cuidado para não desperta-la. Podia-se dizer que eu estava em uma espécie de negação, mas aquela fora a única maneira que eu encontrara para conseguir superar pelo menos a metade de tudo o que havia me acontecido há três meses; sem pensamentos, sem lembranças, sem dor, sem lágrimas. E por incrível que pareça, eu tinha sido bem sucedida nisso.

Todos os dias de manha e antes de dormir por pouco mais de um mês, eu prometi a mim mesma que não iria pensar na pessoa cujo nome começava com a letra "A" por pelo menos um dia e me esforçava ao máximo para que não acontecesse, conforme o tempo foi passando aquilo já tinha se tornado automático e quando percebi, em uma bela manhã acordei mais forte, mais decidida e sequer precisei policiar meus pensamentos. Confesso que não foi nada fácil chegar aquele ponto, que a decisão de não pensar nele veio após muitas noites não dormidas e muitas lágrimas derramadas, mas finalmente aquilo teve um fim, ou pelo menos uma pausa. Eu ainda o amava, o amava com todas as minhas forças e sabia que iria continuar assim por muito tempo, mas naquele momento ele era algo guardado e trancado no fundo de uma gaveta em minha mente.

A única coisa que ainda me incomodava e ainda doía insuportavelmente era a perda de meu bebê, às vezes, quando me dava conta, estava sentada em minha cama encarando os scans de minha ecografia junto com a roupinha que Ele havia comprado para o bebê e imaginando como estaria o meu filho se ele ainda estivesse vivo... Isso era algo extremamente doloroso ainda, mas Marcos e Dulce estavam me ajudando o máximo que conseguiam e eu dava o meu melhor para superar esse assunto... Não seria fácil, mas eu iria conseguir, já tinha meio caminho andado e com passos de criança eu iria chegar lá.

Guardei as chaves da loja em minha bolsa e caminhei lentamente em meio ao aglomerado de pessoas na calçada, para minha sorte e alivio, o apartamento de Marcos não ficava longe de onde trabalhava e com mais ou menos quinze minutos de caminhada por sete quarteirões, eu poderia chegar ao aconchego de minha atual residência, tomar um banho quente e descansar para mais um dia longo de trabalho. Estávamos na época de festas de finais de ano e levando em consideração o fato de a loja ter crescido absurdamente nos últimos meses, Cristina decidiu aumentar nosso expediente em duas horas e sem sombra de duvidas fora a melhor coisa a se fazer, mesmo que estivesse trabalhando quase o dobro do que o normal, meu salário havia ganho um aumento considerável que fazia todo o esforço valer a pena, sem falar que minha mente se mantinha ocupada com algo útil por muito tempo no dia.

New Life (Soho Dolls Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora