Prólogo

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Eu nunca fui à garota mais segura do mundo, e nem a mais insegura, sempre caminhei naquele meio termo. Minha indecisão falava mais alto, e eu vivia numa eterna ilusão que nunca virava realidade.

Por que justo eu acharia que as coisas dariam certo para mim? Mergulhada em milhares de histórias que eu lia por aí, e a minha melhor amiga sempre dizia pra eu focar um pouco mais na vida real, e não nos meus próprios personagens, mas o que as pessoas não sabem é que eu sou feita de diversos personagens, como evitar?

Eu vivo perdida em meu próprio destino, as coisas começam a acontecer e eu travo completamente. O que fazer? O que dizer? Pra onde ir? Intensa demais. Quer demais. Sente demais. E sempre acaba sofrendo demais. A única certeza que eu tenho é que eu não sou a única que deve sofrer isso.

Mas por alguma razão o amor chegou para mim sem ao menos bater na porta, aquele namoro adolescente sem nenhuma seriedade, que apenas foi se intensificando conforme ao tempo, e resultou em sete anos de namoro. SETE ANOS que de repente foram jogados fora, que ficaram no passado, mas não por minha escolha.

Meu namorado era aquele tipo de garoto "perfeito". Era lindo em sua medida, com seus olhos verdes que a meu ver tinham um brilho inconfundível, e seu cabelo preto cheiroso, o corpo com um porte legal e magro. Gostava de escrever, e era inteligente, levava seus estudos a sério, tinha ideais e princípios maravilhosos, gosto musical incrível, o que é raro hoje em dia. Gostava das mesmas coisas que eu, e ao mesmo tempo em que havia pensamentos parecidos, havia uma discordância perfeita entre nós dois, eu diria que era até minha alma gêmea. E não menos importante ele sabia escrever "De repente" corretamente, me diz se não é pra casar com um ser desses?

Tínhamos tudo para dar certo, tínhamos mesmo! Os deuses estavam conspirando a favor, a astrologia dizia que ele era o meu par perfeito, o destino ajudava, Deus estava escrevendo o nosso romance, até o karma não apareceu pra atrapalhar. Mas parece que apenas ele não estava de acordo com essa ideia.

Ele não me amava mais, nem sei se um dia me amou. Ele acabou com tudo, e tirou meu chão. A única certeza que eu tiro dessa história é que o ser humano é completamente egoísta, ele não estava mais satisfeito, ele queria ser feliz de novo, não sei, mas o único problema é que eu ainda o amava, eu ainda sentia, mas ele não iria ficar só pra me poupar de todo meu sofrimento.

Quando todos nós começamos um relacionamento a dois temos o costume de pensar ser um só, mas quando o barco afunda pra um, ele caí fora, e você que fique a deriva em suas lágrimas. Não nos tornamos um só, sempre continuamos duas pessoas que estão à procura de contato físico e viver aquela paixão temporária. Não é um egoísmo péssimo, às vezes é necessário, quando não estamos completos com algo, acabamos piorando a situação, não poupamos nenhum sofrimento, e sim causamos mais.

Mas claro que quem foi abandonado não vai pensar isso de primeira. Todo aquele sentimento negativo que você já teve por aquela pessoa, todos os defeitos, tudo irá vir à tona, e aquele rancor irá florescer.

Mas não existe só danças a dois, já pensou naquela balada com os amigos que você perdeu por ficar assistindo filmes com o "amor da sua vida"? Agora você pode dançar, mas não só, e sim em sua própria companhia. Precisamos aprender a sermos felizes com nós mesmos, e eu digo isso por experiência própria.

Quando eu decidi ficar com ele, eu me entreguei completamente, não fiz questão de molhar os pés, mergulhei de cabeça, o que resultou um traumatismo craniano terrível. Olha dizem que quem ama é cego, isso pode ser um exagero, mas que tem um alto grau de miopia, e um probleminha no ouvido, é verdade mesmo. Mas eu sempre fui assim, guardei meus sentimentos na cabeça, e meus pensamentos no coração, essa fórmula deve ter dado errado, e olha que eu achei que poderia dar certo, mas eu nem ao menos refleti, só quis contrariar.

Mas eu comecei a me dedicar demais, quis demais, fiz demais, pra não receber nada em troca no final, apenas um belo término e uns quilinhos a mais pela comida que eu ataquei na minha fase "depressiva". Quando eu terminei eu tive aquela sensação da tampa sem sua panela, do Romeu sem sua Julieta, do chinelo sem seu prego, da chave sem sua fechadura e todas essas comparações que fazem. Parecia que eu estava totalmente sozinha, sem ninguém, sem um rumo qualquer, eu nem sabia em que direção ir. Minha vida virou uma bagunça, mas quem mandou se entregar demais? Dizem que viver sem limites é incrível, mas ás vezes um limitezinho é necessário. A sensação de se viver sem limites é muito boa, mas a sua cara quebrada no final dói demais!

Quando dizem que você precisa ser feliz consigo mesmo, é verdade. Pra você ser completamente feliz, você precisa se achar antes de achar seu parceiro. E isso não é nenhuma mentira, é a dura realidade que temos que conviver, essa sensação que você tem ao ler isso é medo, medo por saber que é a realidade, mas ignora. Mas quem nunca decidiu ignorar alguma regrinha da vida? Pra ela vir e te dar um tapa na cara por você ser muito trouxa. Prazer, meu signo é de trouxas, ascendente em otárias e lua em dramáticas. Pois é, não está fácil pra ninguém, mas a gente culpa a crise, é o jeito.

Quando namorávamos nunca pensei em um fim, nunca nem passou pela minha cabeça nós acabarmos assim, ele inteiro e eu só o pó, e por tempos eu martelei em minha cabeça o que eu tinha feito de errado pra ele não me amar mais, eu fiz tudo pra ser melhor, por ele eu iria até o fim, eu seria o que ele queria, mas pra ele não foi o suficiente. Talvez ela tenha sido melhor que eu.

Será que o fim é sempre necessário? Por que aquilo que você mais desejou acaba de repente? Você nem vê, nem sente, nem percebe e tudo acaba em um só segundo. Quando ele me apareceu e colocou um ponto final de repente em tudo sem ao menos uma explicação eu me perdi no tempo, eu voltei todos os míseros segundos pra tentar achar alguma falha, mas eu não vi nada.

Alguns Tipos de DesamoresOnde histórias criam vida. Descubra agora