Capítulo 7

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Estava largada no chão com o notebook em cima da mesinha, e uma taça de vinho ao lado, mexendo aleatoriamente na internet, e de repente me assustei com Mai saindo do corredor.

-Que susto! –Coloquei a mão no peito. –Não tem como aparecer mais sutilmente não?

-Que frescura! Minhas aparições são normais. –Ela se aproximou sentando ao meu lado.

-Não é você que se assusta. –Revirei os olhos.

-Quanto mimimi! Mas então eu soube pelos deuses que sua amiga estava querendo te apresentar pra alguém... –Olhei-a e percebi que a mesma estava tentando me arrancar detalhes.

-Esses deuses são fofoqueiros hein! –Comentei rindo.

-Não fala assim, eles são seus! – Ela dizia indignada como se fosse uma ofensa enorme. –Eles estão magoados com você, você tem sorte que mesmo assim eles estão te ajudando.

-E você por acaso conhece eles? Como eles são fisicamente?

-Eu não sei sobre isso. –Ela fez uma careta.

-Como não? Você que tem contato mais direto com eles, eles te contam tudo. –Questionei afinal a mesma sempre falava que eles contavam o que acontecia.

-Mas eles não têm sexo, e não tem nome, você sabe disso melhor que eu. –Como eu não saberia? Eu que inventei essas regrinhas. –E nem adianta achar que é mentira, pois eles que te passavam essas exigências.

-Entendi, mas como você conversa com eles então?

-Algum dia eu te conto! Eu só não sei por que você começou a desacreditar neles.

-Por que eles não faziam mais sentido pra mim, houve algumas coisas e eu perdi a minha fé neles, e com o passar dos anos eu fui me desconectando dessas minhas ideias piradas.

Com o passar dos anos a realidade bate na porta, eu sempre vivi no mundo da lua, sempre adorei o diferente, nunca fui muito normal, naturalmente eu fui adquirindo essa característica, mas naturalmente também eu fui perdendo-a.

-Mas Marina eles sempre te ajudaram, só que você sempre fez os pedidos errados!

-Como assim pedidos errados? –Perguntei confusa.

-No desespero você sempre pedia o que queria, mas quando acontecia você logo se arrependia e os julgava como se eles quisessem o seu mal, mas não, eles apenas faziam a sua vontade.

Confesso que isso foi um banho de água fria, eu nunca pensei por esse lado, sabe quando você nem presta atenção nos detalhes? É isso que me acontece, eu sempre fui muito alheia a tudo.

-Vamos mudar de assunto vai.

-Ué, acabou de repente a curiosidade? Só porque eu estou falando a verdade na sua cara? Sinto em lhe dizer Marina, mas a realidade é dura de ouvir, se você não começar a prestar atenção no seu caminho você se perde, e eu sei que não é isso que nós queremos.

Uou, essa doeu no fundo do coração, eu sei que a realidade é dura de ouvir, e eu sempre tive um ódiozinho dela, que me despertou de diversos sonhos que pra mim eram reais sim.

-Nossa não precisa de tudo isso. –Peguei minha taça de vinho e tomei um longo gole.

-Eu estou aqui pra te ajudar Marina, preciso ser sincera e dizer tudo. –Ela dizia séria, sem qualquer resquício de sua loucura de sempre, e eu a entendi quase que instantaneamente, afinal nós somos a mesma pessoa, e ela não faria nenhum mal para mim, ela apenas está dizendo as palavras certas.

-Ok então, bom mudando de assunto, nós podíamos ir atrás do blog né? –Mudei de assunto tirando a tensão que no ar estava.

-Sim! Que dia é hoje mesmo? –A mesma perguntou curiosa tentando ver pelo meu computador que estava em cima da mesinha.

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