Capítulo 1

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Estava jogada no chão assistindo um filme qualquer na televisão, a campainha tocou e o porteiro não havia anunciado, eu já sabia quem era. Abri a porta e meus pensamentos se confirmaram, era Leonardo. Eu tentei o abraçar, mas ele desviou, ele estava estranho.

Não é de hoje que Leonardo está assim, ultimamente ele anda longe, alheio, perdido. Não o sentia mais, e eu sabia que ele tentava me evitar por tudo. Mas o porquê disso? Eu não consigo entender, repasso todos os acontecimentos detalhadamente e não vejo nenhuma falha minha, e nenhum acontecimento tão grave assim pra deixa-lo tão perturbado. Mas eu fiz de tudo para tentar ignorar, seria pior se eu o questionasse, talvez ele fosse se sentir muito pressionado não sei, mas eu confio nele, talvez seja uma fase, todos nós precisamos de espaço, todo nós precisamos nos encontrar cada dia um pouquinho mais.

Eu sinto tanta falta dele, ultimamente ele está longe de mim, mas eu tento ver o lado dele, tento entender, eu sempre o coloquei a cima de meus primórdios, o meu amor por ele sempre foi intenso. No dia a dia tentava fazê-lo se sentir vivo, a amar e venerar seus defeitos e suas qualidades, eu iria até o fim. Mas ultimamente eu sentia que estava fazendo demais, e não recebendo nada em troca, tem uma hora que a gente cansa, e acaba se tornando desgastante, um relacionamento se faz a dois, e só um tentar manter em pé é difícil. Porém eu continuaria tentando, eu continuaria ali do lado dele, só Deus sabe o quanto eu queria poder o ajudar com qualquer que fosse a confusão que ele estava enfrentando em seus próprios pensamentos.

-Oi amor, aconteceu alguma coisa? –Dei espaço para ele entrar, e fechei a porta o seguindo até a sala, e o observei sentando em meu sofá.

-Marina nós precisamos conversar.

"Marina nós precisamos conversar"

"Marina nós precisamos conversar"

"Marina nós precisamos conversar"

Essa frase rondava em minha cabeça, todos sabem que esse "Nós precisamos conversar" é problema! Nunca é coisa boa, essa frase é o meu pesadelo, e o que piora é a expressão dele, no fundo eu sentia o que era, mas eu não queria admitir para mim mesma. Cadê o controle da vida? Cadê aquele botão de pausa? Isso não pode estar acontecendo justo comigo, eu que sempre tentei fazer tudo certo, me dedicando sempre, eu não consigo entender.

E naquele momento eu sabia, e aquela certeza surgiu em minha cabeça:

Ele iria terminar.

Aquela sensação de frio na barriga, o mundo em minhas mãos, beijos cinematográficos, planos malucos e impossíveis, banho de chuva, brincadeiras de Romeu de Julieta, fazer amor de repente, adivinhar nossas manias, mergulharmos um no outro, nossos sonhos, e o nosso amor, estava chegando o momento em deixarmos todas essas lembranças no passado.

-Marina? - Despertei-me de meus pensamentos, e vi que Leonardo estava me chamando, havia algo errado nisso, o tom de voz estava completamente diferente.

-Oi? -Respondi curiosa, e ao mesmo tempo aflita.

-Lembra quando você me fez prometer que quando nosso amor acabasse você seria a primeira, a saber?- Era como se eu tivesse adivinhado, sentei no sofá ao lado dele olhando fixamente na parede.

Quatro anos atrás...

Estávamos deitados no sofá, e a chuva caia lá fora, um dia qualquer, em um lugar qualquer, o que importava era eu e ele, o amor me atingiu em cheio. Eu tinha uma dúvida sobre o amor, mas aí ele apareceu e agora eu tenho varias.

Eu e ele fazíamos das duas epidermes, apenas uma, nos completávamos era incrível, e eu tinha um grande fascínio por isso.

Eu sabia, tinha certeza absoluta, que o para sempre, sempre acaba, mas naquele momento eu queria que fosse eterno, que não houvesse um fim, queria congelar o tempo, queria fazer o mundo parar e só nós dois no meio daquela loucura toda nos amando sem se preocupar com o amanhã, e aquela terrível questão surgiu em minha cabeça:

Alguns Tipos de DesamoresOnde histórias criam vida. Descubra agora