Capítulo 16

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Quando desço do carro de Afonso, Marlene me espera. Atrás dela está Cátia com uma expressão de compaixão e solidariedade. Essa menina prevê sempre que algo está errado. Antes que possa dar mais do que dois passos, Afonso me chama de dentro do carro.

- Siena, faças o que fizeres, não saias de casa, não passes a tua localização para ninguém e fica longe de problemas.

- Não vou ficar aqui como uma prisioneira! – Declaro repentinamente.

Nem pensar que eu passaria a viver na sombra novamente. Já o fizera por quatro anos. Quatro anos que vivera na sombra de alguém que um dia fora.

- Não foi uma opção. Foi uma ordem – Seu tom foi frio.

Bufo e vou de encontro às meninas sem me dignar a responder-lhe. Não precisava de outra pessoa a ditar a minha vida. Já tinha Ricardo para isso e ao que parece, Leonardo também. Como alguém que nós amamos é capaz de nos deixar, sem olhar para trás e ainda nos olhar de maneira tão fria e indiferente? Ele ao menos se importa com o que eu passei com a sua ausência? Ou com a morte da nossa mãe. Ele seria tão impiedoso a ponto de não sentir a perda? Eu gostava de pensar que ele se importa, talvez de uma maneira contida, mas se importa.

Ouço o carro arrancar e quando olho ele não está mais lá.

As meninas me conduzem para dentro da casa de Mar com tanto cuidado que quem passasse nesse momento acharia que eu estava a ponto de quebrar. Marlene vive numa das casas vitorianas em linha aqui da cidade. Modernas mas com um toque rústico. Todas são similares, com alguns ajustes que seus proprietários fizeram em cada uma. Eram brancas com telhado esverdeado, com uma janela no sótão. As casas tinham dois andares. Quando entramos pude logo notar o hall de entrada. Suas paredes eram revestidas por vidro vermelho que espelhava ligeiramente o espaço. No lado esquerdo estavam duas cadeiras de estampa xadrez e o chão com detalhe pistache. Do lado contrário estava um aparador em preto metálico com uma jarra de gardénias. No fim do hall, a separar o mesmo com a sala de estar estava uma divisória, uma parede de vidro e água que realmente me fez abrir a boca. Sentia na pele os reflexos que os dois elementos combinados faziam, como um aquário enorme.

Mar me levou escadas acima, passando reto pela sala e abriu a primeira porta à esquerda. As paredes eram num tom de castanho pálido. Com filas de fotografias espalhadas na lateral. Do teto saiam luminárias chinesas em tom de rosa. Sua cama e mesa-de-cabeceira eram um só, tendo a cabeceira cobrindo todo o lado direito da cama. O edredão era com as laterais azuis e às bolinhas brancas e cor-de-rosa. Suas almofadas, algumas iguais ao edredão, outras cor-de rosa velho. Em frente à janela estava uma secretária acrílica e uma cadeira plástica transparente. Em cima da secretária, livros organizados, um porta-lápis, uma necessaire de maquilhagem e um portátil Fúchsia. No canto afastado do quarto, uma estante branca e um puf azul bebé se localizavam. Na penteadeira em frente à cama estava um espelho de estilo vitoriano, todo trabalhado, em prata. Achei o espaço divino.

"Ascendência Dos Olhos Negros" Indomáveis 1Onde histórias criam vida. Descubra agora